Vítor M. Silva

Festa?

 

Todos percebemos que Vladimir Zelensky não veio à festa da Taça no Jamor, parece que todos não, o candidato da Aliança Democrática, Sebastião Bugalho, não só não percebeu, como disse mesmo, qual imaturo, que a vinda deste Chefe de Estado era um dia de festa. Como pode alguém com as responsabilidades de ser candidato número um ao Parlamento Europeu pela Aliança Democrática ter uma afirmação carregada de tanta ligeireza? Estas afirmações aconteceram durante um debate na RTP entre todos os candidatos.

Infelizmente, a guerra continua e há ataques diários na Ucrânia, todas as palavras podem ser empregues, mas festejar não, claro que não. A polis portuguesa fica mais pobre quando temos aspirantes políticos a terem frases infelizes como esta. Portugal e os seus políticos não deveriam pensar em festas, mas sim preocuparem-se com as intenções russas, por exemplo em relação aos países africanos de língua portuguesa. Um Putin imperialista e neocolonialista procura expandir a esfera de influência do Kremlin, fomentando confrontos por procuração com as Nações Aliadas em quadrantes geopolíticos distantes, designadamente no continente africano.

Os recentes acordos de cooperação militar entre a Rússia, São Tomé e Príncipe e a Guiné-Bissau, apanharam todos, inclusive o Governo português, de surpresa, e constituem uma preocupante notícia para a União Europeia e as demais democracias ocidentais.

Replica-se a tendência deletéria já antes ensaiada por Moscovo na República Centro-Africana, no Mali, no Burkina Faso, no Níger, países que a falência dos esforços internacionais de estabilização deixou vulneráveis à sedutora ingerência russa.

Por isso, este conflito entre Rússia e Ucrânia é muito para ser levado a sério e não com Festas, celebrações e comemorações, como lhe queiram chamar.

Como percebeu (Sebastião Bugalho) que estas palavras que proferiu não tinham desculpas, veio compará-las com as afirmações de Pedro Nuno Santos. Sim, é verdade que o secretário-geral do Partido Socialista afirmou que um dia, e repito, um dia, se a Ucrânia vencesse a guerra deveríamos comemorar. Sim claro, mas quando será esse dia?

Mas vá…se isto fosse apenas feito de palavras, o aspirante político ainda podia tentar celebrar, solenizar, homenagear, honrar, prestar tributo, obsequiar, mas o problema é que isto não vai lá com palavras, mas sim com iniciativas diplomáticas sustentáveis que ajudem a pôr fim a este conflito sangrento que se vive entre Rússia e Ucrânia e agora parece já ganhar outros tentáculos bem preocupantes. O leão e a raposa de que nos falava Maquiavel não estão a reconhecer as armadilhas e defesas, respetivamente. O mundo precisa urgentemente de estadistas, verdadeiros políticos e não aspirantes que nunca o chegarão a ser. A idade não importa, claro que não, mas a coerência e os princípios humanistas importam e muito, cada vez mais. Vamos para a Festa?

“Teremos do país a consideração que soubermos merecer pelo que aqui for dito, pelo que aqui realizarmos. Usamos adjetivos a mais. O que, aliás, talvez sirva para encobrir a nossa incapacidade de conseguirmos fazer as coisas.” – Francisco Sá Carneiro

Vítor M. Silva/MS

Redes Sociais - Comentários

Artigos relacionados

Não perca também
Close
Back to top button

 

O Facebook/Instagram bloqueou os orgão de comunicação social no Canadá.

Quer receber a edição semanal e as newsletters editoriais no seu e-mail?

 

Mais próximo. Mais dinâmico. Mais atual.
www.mileniostadium.com
O mesmo de sempre, mas melhor!

 

SUBSCREVER