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Rússia suspende acordo de exportação de cereais pelo Mar Negro

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A Rússia suspendeu, esta segunda-feira, o acordo de exportação de cereais pelo Mar Negro a partir de portos ucranianos, argumentando que os compromissos assumidos em relação à parte russa não foram cumpridos.

“O acordo dos cereais está suspenso”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, durante a sua conferência de imprensa diária por telefone.

“Quando a parte do acordo do Mar Negro relacionada à Rússia for cumprida, a Rússia retornará imediatamente à implementação do acordo”, afirmou Peskov.
O porta-voz do Kremlin declarou que o ataque a uma ponte que liga a Crimeia ao continente russo não foi um fator para a decisão da suspensão do acordo.

“Não, estes desenvolvimentos não estão ligados”, frisou.

“Mesmo antes deste ataque terrorista, o Presidente [da Rússia, Vladimir] Putin tinha declarado a nossa posição” sobre esta questão dos cereais, sublinhou o porta-voz russo.
Acordo permitiu transporte de toneladas
O acordo inovador que as Nações Unidas e a Turquia negociaram no verão passado permitiu que toneladas de alimentos deixassem a região do Mar Negro, após a Rússia ter invadido a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022.

Um acordo separado facilitou a movimentação de alimentos e fertilizantes russos em meio às sanções dos países ocidentais.

A Rússia e a Ucrânia são grandes fornecedores globais de trigo, cevada, óleo de girassol e outros produtos alimentares.

Os russos queixaram-se que as restrições ao transporte marítimo e os seguros prejudicaram as exportações dos seus alimentos e fertilizantes, também essenciais para a cadeia alimentar global.

Analistas e dados de exportação mostram que a Rússia tem exportado quantidades recordes de trigo e que os seus fertilizantes também estão a ser exportados.

O acordo de exportação de cereais pelo Mar Negro foi renovado por 60 dias em maio, apesar da resistência de Moscovo. A quantidade de alimentos embarcados e o número de navios que partiam da Ucrânia tem caído nos últimos meses. A Rússia está a ser acusada de limitar a utilização de navios adicionais para a exportação de cereais.

Embora os analistas não esperem mais do que um aumento temporário nos preços dos produtos alimentares, porque países como Rússia e Brasil aumentaram as suas exportações de trigo e milho, a insegurança alimentar está a crescer.

Crise alimentar global
A guerra na Ucrânia elevou os preços dos produtos alimentares a recordes no ano passado e contribuiu para uma crise alimentar global também ligada a outros conflitos, aos efeitos prolongados da pandemia da covid-19, secas e outros fatores climáticos.

Os altos custos dos cereais necessários para alimentos básicos em lugares como Egito, Líbano e Nigéria exacerbaram os desafios económicos e ajudaram a empurrar milhões de pessoas para a pobreza ou insegurança alimentar. As pessoas nos países em desenvolvimento estão a gastar mais dinheiro para se conseguirem alimentar.

As nações mais pobres que dependem de alimentos importados com preços em dólares também estão a gastar mais à medida que as suas moedas enfraquecem e são forçadas também a importar mais devido a questões climáticas. Países como Somália, Quénia, Marrocos e Tunísia estão a lutar contra a seca.
Alemanha pede à Rússia que prolongue acordo
A Alemanha apelou à Rússia que estenda o acordo para a exportação de cereais ucranianos, segundo a porta-voz adjunta do Governo alemão, Christiane Hoffmann.-

A porta-voz adjunta do Governo alemão falava em conferência de imprensa e reagia às declarações do Kremlin sobre a suspensão do acordo para exportação de cereais pelo Mar Negro.

Christiane Hoffmann exortou à Rússia que “não faça as pessoas mais pobres do planeta arcarem com as consequências deste conflito”.

“Além disso, esperamos que, no futuro, este acordo de cereais não seja apenas por um prazo fixo ou por um curto período de tempo, mas que os cereais e os fertilizantes possam ser exportados da Ucrânia a longo prazo”, acrescentou.
UE condena “decisão cínica” do Kremlin
A presidente da Comissão Europeia condenou a “decisão cínica” da Rússia de suspender o acordo de exportação de cereais pelo Mar Negro e prometeu que a União Europeia (UE) vai continuar a transportar produtos agroalimentares.

“Condeno veementemente a decisão cínica da Rússia de acabar com a Iniciativa dos Cereais do Mar Nego, apesar dos esforços das Nações Unidas e da Turquia”, escreveu Ursula von der Leyen na rede social Twitter, pouco depois de o Kremlin anunciar a suspensão do acordo, que vigorou até domingo. “A UE está a trabalhar para assegurar a segurança alimentar para os mais vulneráveis no mundo e os corredores solidários europeus continuarão a levar produtos agroalimentares para fora da Ucrânia e para os mercados globais”, completou a presidente da Comissão.

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