TDSB homenageou Isabel Bermonte
Maria Isabel Bermonte, nasceu a 27 de abril de 1930, na ilha de São Miguel, Açores. O seu pai morreu quando ela tinha 14 anos o que criou enormes dificuldades para a sua família, que já era pobre. Isabel aprendeu rapidamente que teria que ser determinada para prosseguir os seus sonhos. Disse à mãe que seria professora e a mãe achou que Isabel não estava bem da cabeça. Como poderia ela cumprir esse sonho se, muitas vezes, nem sequer havia pão para comer?
Desafiando as probabilidades das suas circunstâncias, Isabel continuou a estudar. Ao dar explicações a outros alunos, ganhou dinheiro para continuar os estudos, acabou por ganhar uma bolsa e tornou-se professora.
Já em Toronto para onde emigrou em 1968, fez de tudo um pouco para ajudar a sustentar a família, até chegar a associate social worker no Toronto District School Board. Uma caminhada feita ao lado de Carlos Bermonte, o seu marido há mais de 63 anos – “bom, para mim este dia é de muita alegria, ter a família toda reunida e os nossos amigos que conquistámos durante toda a nossa vida. Nós estamos aqui no Canadá há 58 anos, viemos de São Miguel, eu vim uns meses antes da Isabel, porque ela estava grávida da Eduarda (de sete meses) e tínhamos já duas crianças. Eu tenho muito orgulho na Isabel porque ela conseguiu sempre fazer tudo e mais alguma coisa. Ela trouxe no avião três bebés, um ao colo e dois pela mão. Não sei como ela conseguiu fazer isso num avião que levava 7 horas da Terceira até Montreal, onde o avião era reabastecido e depois é que vinha para Toronto. E depois não tínhamos dinheiro. O que tínhamos foi para as passagens e pagar algumas coisas que devíamos. E quando a Isabel chegou, ela trazia 300 dólares. Era só o que nós tínhamos”
Mas força e determinação nunca faltaram a Isabel e Carlos não podia estar mais orgulhoso da sua companheira de vida – apenas a doença de Alzheimer e a necessidade de cuidados especiais os separou – “estou muito orgulhoso dela. Ela trabalhou muito, nunca faltou com nada. A Isabel era daquelas pessoas que fazia três coisas ao mesmo tempo. Mas pronto esta é uma doença que não tem cura e está muito debilitada. Ela não se recorda absolutamente de nada. A gente fala com ela, três minutos depois ela já não se lembra.”
O TDSB promoveu recentemente uma celebração do percurso profissional de Isabel e da sua dedicação à educação de muitos alunos de língua portuguesa sensibilizando as suas famílias, e os próprios alunos, para a necessidade de prosseguirem os estudos. Norbert Costa, Centrally Assigned Principal do TDSB, mostrou a sua satisfação por ter a oportunidade de a homenagear – “é verdadeiramente um prazer representar o TDSB e a comunidade portuguesa neste reconhecimento do sucesso de Isabel Bermonte, a sua dedicação ao TDSB e ao antigo Toronto Board of Education como associate social worker. É um prazer e demonstra a força e compromisso da comunidade portuguesa em reconhecer a importância de Isabel para as várias gerações de estudantes que ela apoiou”.
Norbert Costa entregou algumas lembranças simbólicas a Isabel numa celebração que contou com vários momentos emotivos, graças à participação de familiares e ex-colegas que recordaram a importância de Isabel na vida de tantos jovens portugueses.
A família mais chegada de Isabel, netos e filhos, estiveram também presentes, cheios de orgulho e satisfação pela justa homenagem feita à avó, mãe e profissional Isabel.
Uma das filhas de Isabel, Anne Bermonte, teve a oportunidade de agradecer ao TDSB, na pessoa de Norbert Costa, a homenagem feita à mãe, sem esquecer o longo caminho que a comunidade portuguesa tem feito, sublinhando que nesses tempos recuados o trabalho tornava-se ainda mais fundamental porque não havia os “role models” que hoje a comunidade já tem e que fazem os mais novos acreditar que a educação é uma ferramenta importante. Eduarda Bermonte Hodgins lembrou que a mãe sempre defendeu que tudo é possível, desde que se queira e trabalhe para isso.
Madalena Balça/Francisco Pegado/MS
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