Música

Luísa Sobral – Uma Rosa simples

Luísa Sobral é uma das artistas mais importantes da nova geração de músicos portugueses. Entre concertos e discos, foi mãe duas vezes. E foi durante esta segunda maternidade que surgiu “Rosa”, um disco que revela uma Luísa Sobral como ainda não tínhamos ouvido. Luísa Sobral, em “Rosa”, transporta-nos para o seu lado mais simples e orgânico da composição, onde as palavras têm mais importância que a melodia.

Milénio Stadium: “Disco Mãe Luísa e agora disco Rosa Filha” Concorda com esta afirmação?
Luísa Sobral: Sim, quer dizer, não sei bem. O outro disco chamou-se “Luísa” porque eu sentia que era um disco muito meu, quase como se fosse um primeiro disco. Este disco chama-se “Rosa” porque é um disco onde ela me condicionou muito, ou seja, eu fiquei um bocado rouca durante a gravidez, ela condicionou a maneira de eu escrever, escrevi tudo enquanto estava grávida também. Ela condicionou muito o meu disco e eu tive de lhe chamar “Rosa”. Mas sim, já era mãe também na altura por isso sim, é verdade, Mãe Luísa, Filha Rosa.

MS: A Luísa diz que houve uma imperfeição neste disco. A imperfeição de que fala tem a ver com o facto de ter sido gravado quase ao primeiro take, não se sente essa atmosfera do estúdio?
LS: Eu deixo muitas vezes as imperfeições nos meus discos porque eu gosto dessas imperfeições. Neste o que eu digo é que foi gravado muito como se fosse ao vivo, o take nós sentíamos os dois que era um take muito emocional então deixávamos, mesmo com as suas imperfeições porque, no fundo, se nos tinha emocionado, nós acreditávamos que ia emocionar outras pessoas.

MS: Este disco é muito intimista. Fazer um disco assim acaba por se tornar numa exposição muito pessoal?
LS: Eu não coloco muita intimidade no meu disco, quer dizer, coloco intimidade, mas não coloco muito a minha família. Tem o nome de “Rosa” mas isso é um nome e tem uma canção, essa sim, que eu escrevi para os meus filhos (“O melhor Presente”). Tudo o resto não é a minha intimidade, há uma “Carta para Rosa” mas nem é minha, é uma carta que eu gostava que um dia alguém lhe escrevesse, nem é uma carta minha para ela. Por isso, as pessoas não entram na minha vida, entram nas minhas emoções e sim eu quero que entrem, mas não exponho a minha vida pessoal.

MS: O CD abre com uma canção que fala do drama dos refugiados. Fale-nos um pouco acerca desse tema.
LS: Chama-se “Nádia” a canção, eu escrevi sobre uma refugiada. Foi depois de ver uma peça no telejornal sobre um campo de refugiados na Grécia e eu lembro-me que me tocou imenso essa reportagem. Então escrevi sobre a Nádia (Nádia que tem um nome que tanto pode ser português como podia ser duma pessoa síria) e eu achei muita piada ao nome por poder jogar um bocadinho com a Nádia – Nada e Nádia de Nadar e tudo mais e então brinquei um pouco com isso.

MS: Pode-nos contar a história ligada à ilustração do disco?
LS: A ilustradora é a Camila Beirão dos Reis que já é minha amiga há um tempo e eu sempre fui fã das ilustrações dela. Aliás, ela ilustrou também um pacote dos meus discos, porque eu lancei quatro discos dentro de um pacote há algum tempo – achei que era bom se as pessoas pudessem comprar os quatro discos de uma vez! Na altura pensei, “eu quero uma ilustração para a capa não quero uma fotografia”, então contactei a Camila, expliquei o que é que queria e disse-lhe “isto é o que eu vejo, eu quero que tu me envies aquilo que eu vejo, mas também quero que me envies aquilo que tu vês” E então a capa é aquilo que ela viu, não o que eu vi.

Paulo Perdiz

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