Schitt’s Creek e a mensagem de esperança num ano pandémico
A expressão canadiana que deu nome à série aclamada pela crítica significa estar em muito maus lençóis, numa tradução livre. Mas a situação difícil que a principal família da série atravessa é talvez parecida com a de muitas famílias canadianas cujas empresas ou empregos não conseguiram sobreviver à crise de saúde que atingiu o mundo em 2020.
A série de humor canadiana foi uma das grandes vencedoras da 72.ª edição dos Emmy e arrecadou os nove prémios para os quais tinha sido nomeada, incluindo o de melhor série de comédia. A produção também recebeu o prémio de melhor guião e direção, Catherine O’Hara e Eugene Levy venceram na categoria de melhor ator e atriz em comédia e Daniel Levy e Annie Murphy venceram o prémio de melhores atores secundários em comédia.
Schitt’s Creek bateu o recorde da série de comédia com mais vitórias numa única temporada. Sem querer contar a história para quem ainda não teve a oportunidade de ver, a família protagonista de Schitt’s Creek perde a sua fortuna e o seu estatuto social e é obrigada a começar do zero num lugar desconhecido.
A série junta Eugene Levy com os dois filhos – Daniel e Sarah Levy. Eugene é natural de Hamilton e os dois filhos nasceram em Toronto. Grande parte da série foi gravada em Uxbridge, uma pequena cidade que fica localizada a norte de Toronto com pouco mais de 20.000 habitantes segundo os Census de 2016.
Em declarações a uma revista conceituada, o autor do guião disse que o grande objetivo final da série era que a família percebesse o valor do amor. “O dinheiro pode resolver várias coisas, mas não consegue comprar o amor”, terá dito Daniel Levy. Questionado se pretendia escrever mais episódios, Levy disse que não queria comprometer a qualidade da história e que por isso não valia a pena correr riscos.
O Natal é a época do ano em que celebramos o amor e em que passamos tempo com os nossos. Este ano o Papa Francisco disse que o Natal deve ser um sinal de esperança e pediu a todos para se imaginarem na pele das personagens do presépio- “pequenos, pobres e humildes”. A mensagem pode ser difícil de entender ou de aceitar para quem não pode estar com a sua família por causa do risco de contrair e/ou transmitir o novo vírus, mas como tudo na vida, o que não nos mata torna-nos mais fortes.
Esperemos que o Pai Natal traga uma vacina para todos, pobres e ricos, idosos e jovens, e que com ela venha a esperança de que o melhor ainda está para vir. Neste Natal, se puder, apoie o comércio tradicional, faça uma doação para um banco alimentar ou envie um postal a um idoso que vive num lar.
Recentemente um lar de idosos do Quebec foi surpreendido com mais de 10.000 postais que chegaram de todo o mundo. A mensagem, que foi publicada nas redes socias, tornou-se viral e foi partilhada mais de 50.000 vezes. Para além dos postais algumas pessoas enviaram CD’s, bijuteria artesanal, sabonetes e chocolates. Todos os postais foram desinfetados antes de serem entregues aos utentes do lar Château Symmes.
A notícia é curiosa num ano em que as redes sociais ajudaram a criar e a espalhar o medo e a desinformação sobre o novo vírus e mais tarde sobre a vacina contra a COVID-9. Em 2021 vamos voltar mais fortes, mas até lá temos que permanecer juntos e cada um deve fazer a sua parte.
Depois da Pfizer tudo leva a crer que a segunda vacina contra a COVID-19 a ser aprovada no Canadá vai ser a da Moderna. Uma vacina mais fácil de transportar e por isso possível de distribuir mais facilmente pelo país.
No final de “Schitt’s Creek” a família protagonista da série percebe que nunca foi tão feliz na vida como quando perdeu a fortuna e teve de recomeçar do zero. O Natal pode ser uma excelente altura para constatar, para aqueles que ainda não descobriram, que a verdadeira essência da vida está nas coisas mais simples. Este ano não vai ser possível estar com os nossos, mas em 2021 a vida vai voltar a ser normal.
Joana Leal/MS
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