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Protesto ou invasão de propriedade?

 

O acampamento no campus da Universidade de Toronto faz parte de uma onda de acampamentos de protesto de estudantes canadianos e americanos que se manifestam contra a guerra de Israel contra o Hamas em Gaza, na sequência dos ataques de 7 de outubro em Israel. No Canadá existem mais de 10 outros campus e nos Estados Unidos da América pelo menos 120 ou mais, depois de em abril o protesto ter arrancado em Nova Iorque, na Universidade de Columbia.

As exigências do acampamento Occupy UofT for Palestine são que a Universidade de Toronto revele os seus investimentos públicos e se desfaça daqueles que, segundo os estudantes, apoiam os militares israelitas ou os colonatos na Cisjordânia. Os manifestantes querem também que a UofT crie e permita a sua participação num grupo de trabalho, que analise os seus investimentos privados, e por fim, querem que a universidade corte os laços com algumas universidades israelitas, o que a UofT tem rejeitado até agora.

Os manifestantes reafirmaram esta semana o seu empenhamento no acampamento, numa altura em que a universidade procura agilizar a marcação de audiências para o seu pedido de providência cautelar. Efetivamente, a Universidade de Toronto apresentou uma petição em tribunal com o objetivo de pôr termo à manifestação, afirmando que o acampamento está a causar danos irreparáveis à instituição e está a pedir aos tribunais que autorizem a ação da polícia para retirar os manifestantes que recusem ordens para abandonar o acampamento, que foi montado no campus no início deste mês.

Pelo seu lado, os manifestantes afirmaram estar preparados para ripostar com a sua própria equipa jurídica e recusaram-se a abandonar o local.

Segundo Richard Moon, professor de direito da Universidade de Windsor, cujas áreas de especialização incluem a liberdade de expressão, os pedidos de injunção apresentados aos tribunais têm de ser decididos “numa espécie de equilíbrio de probabilidades”, tendo em conta os interesses e os direitos de ambas as partes. E esse ponto de equilíbrio parece estar muito difícil de alcançar.

Em sua defesa, a universidade afirmou no seu processo judicial que recebeu “muitos relatórios preocupantes” sobre violência, danos materiais e discurso discriminatório “dentro e à volta da área do acampamento”. Segundo a universidade, as áreas em redor do acampamento foram alvo de relatos de confrontos entre manifestantes e contra-manifestantes, bem como de insultos anti-semitas, entre outras coisas.

Ainda não há indicação de uma data para o Tribunal se pronunciar sobre o pedido da Universidade de Toronto e, entretanto, a cidade de Toronto junta a todas as tendas da desgraça humana, as tendas do protesto político. Bem vistas as coisas, quer umas, quer outras têm na sua génese a política – quer seja pela sua ineficácia em resolver os problemas de seres humanos, quer seja pela revolta que podem gerar determinados posicionamentos e ações.
MB/MS

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