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“Os sem-abrigo são um problema de saúde pública significativo em Toronto” – Dane Griffiths

 

Os acampamentos de sem-abrigo são, como sabemos, uma resposta complexa e previsível à distribuição inadequada e desigual de habitação a preços acessíveis, abrigo, saúde, assistência jurídica, rendimento e apoios sociais. No amontoado de tendas, sentimos que a doença anda no ar – a doença mental, seguramente, mas também toda uma panóplia de doenças que atingem aqueles corpos fragilizados pela dureza da vida, de quem tem como casa a rua.

Os impactos na saúde associados aos acampamentos são complexos e variáveis. As taxas de doença e de mortalidade das pessoas cronicamente sem abrigo são significativamente superiores às das pessoas abrigadas em centros de acolhimento e das pessoas que vivem numa casa. Este facto sublinha a necessidade de apoios robustos nos acampamentos, incluindo o acesso a água, casas de banho, material de segurança contra incêndios e serviços de saúde e de redução de danos. No contexto de saúde, sabemos que a alimentação deficiente, as dependências, a falta de higiene entre outras situações, como por exemplo o frio no inverno e o calor extremo no verão, ajudam a fazer circular a doença, principalmente se se trata de doença contagiosa. É vulgar que sejam detetados surtos tanto em abrigos como em acampamentos.

Dane Griffiths é Media Relations Advisor da Toronto Public Health e acedeu responder-nos a algumas perguntas, para tentarmos perceber que tipo de trabalho está a ser desenvolvido por esta entidade máxima de saúde pública da cidade de Toronto.

Milénio Stadium: Os acampamentos ilegais na cidade continuam e o seu número quase duplicou em relação ao ano anterior. Podemos dizer que os acampamentos representam um perigo para a saúde pública?
Dane Griffiths: A compreensão dos determinantes sociais da saúde está na base dos nossos esforços no Toronto Public Health. Estes são componentes não médicos da sociedade que, coletivamente, apoiam a saúde e o bem-estar e protegem contra a doença. A habitação é um determinante social da saúde e os sem-abrigo são um problema de saúde pública significativo em Toronto, com impacto na saúde e no tempo de vida das pessoas que os vivem. Concentrar-se em aumentar o acesso aos determinantes sociais da saúde é essencial para reduzir os danos relacionados com a habitação e o consumo de substâncias e promover a saúde mental.

MS: Sabemos que a questão da falta de habitação a preços acessíveis não pode ser resolvida de um dia para o outro, por isso, que solução mais imediata pode e deve ser implementada para resolver este problema?
DG: A habitação é a solução para os sem-abrigo, razão pela qual o Município continua a defender um maior apoio por parte dos governos provincial e federal. Isto inclui a necessidade de ter certezas quanto à atribuição a Toronto do Subsídio de Habitação do Canadá-Ontário, um centro de receção regional para coordenar a chegada dos requerentes de asilo e aumentos noutros fundos de assistência social e de habitação de apoio.

MS: Considera que, apesar de tudo, a Câmara Municipal, em coordenação com outras entidades, está a fazer tudo o que pode ser feito numa situação como esta?
DG: A Toronto Public Health, a cidade de Toronto e os parceiros comunitários continuam a desenvolver o trabalho em curso para resolver o problema de saúde pública dos sem-abrigo, melhorando o acesso a programas e serviços de redução de danos, apoios à saúde mental e habitação a preços acessíveis. É necessário mais apoio dos governos provincial e federal para resolver esta crise de saúde pública.

MS: Sabemos que entre aqueles que se encontram a viver na rua, mais do que uma necessidade por não poderem pagar outro tipo de abrigo, muitas pessoas precisam de tratamento e apoio médico. Como pessoa envolvida no sector da saúde, que solução vê para estas pessoas?
DG: Desde 2017, a cidade de Toronto e os seus parceiros têm implementado várias iniciativas para abordar questões relacionadas com os sem-abrigo, lançando mais recentemente uma estratégia atualizada de acampamento e medidas para apoiar as pessoas que vivem em situação de sem-abrigo.
Outras ações incluíram:
– Expansão dos programas de redução de danos: Serviços de consumo supervisionado, controlo de drogas e programas de tratamento com agonistas opiáceos (por exemplo, iOAT, The Works, iPHARE).
– Reforço da resposta dos abrigos: Aumento dos apoios e serviços de redução de danos nos abrigos.
– Apoio a programas de fornecimento mais seguro: Proporcionar alternativas ao fornecimento de drogas tóxicas e melhorar os resultados em termos de saúde.
– Estratégia de saúde mental e de consumo de substâncias: Desenvolvimento de um plano à escala da cidade para abordar estas questões através da estratégia “A nossa saúde, a nossa cidade”.
– Iniciativas no domínio da habitação: aprovação de novas unidades de habitação acessíveis e de apoio (por exemplo, Plano de Ação HousingTO 2020-2030).
MB/MS

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