Milhares de pessoas recebem Papa Francisco nos Jerónimos
Depois de ter aterrado de manhã em Lisboa, para participar até domingo na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), na qual são esperadas mais de um milhão de pessoas, o Papa Francisco encontra-se, esta tarde, com António Costa e Augusto Santos Silva.
“O Papa Francisco chegou a Portugal para assistir à Jornada Mundial da Juventude com um escândalo de pedofilia como pano de fundo”, titula o diário “El Clarín”, da Argentina, a pátria do jesuíta Jorge Mario Bergoglio, 86 anos, antigo arcebispo de Buenos Aires, eleito chefe da Igreja Católica há uma década – em 13 de março de 2013.
Na sua edição em linha, o jornal destaca que o Papa “pediu políticas que ajudem a proteger o meio ambiente e a garantir o futuro aos jovens, acossados pela falta de trabalho e pelo aumento do custo de vida”.
“Há muitos fatores que os desanimam, como a falta de trabalho, os ritmos frenéticos em que estão imersos, o aumento do custo de vida, a dificuldade em concontrar habitação e, o que é mais preocupante, o medo de formar uma família e trazer filhos ao mundo”, salienta.
O jornal dá destaque à expectativa de que o Papa “se reúna em privado com sobreviventes de abusos” sexuais e recorda que “os bispos portugueses foram amplamente criticados pela sua resposta inicial às descobertas de uma comissão independente, que informou em fevereiro que pelo menos 4 815 meninos e meninas foram abusados no país desde 1950”.
O diário francês “Le Monde” também destaca o assunto da pedofilia, notando que “Francisco poderá aproveitar para abordar a delicada questão da pedrocriminalidade na Igreja, seis meses depois da publicação de um relatório choque” da referida comissão, que descreve os “atos dissimulados pela hierarquia da Igreja de forma ‘sistemática’”, e recordando que o Papa deve encontrar-se em privado com vítimas de agressões sexuais.
O jornal “arranca” a sua narração dos primeiros momentos de Francisco em Lisboa com o apelo à Europa para que “construa pontes” para a paz na Ucrânia, interpelando mesmo a vocação de navegadores como a dos portugueses com a pergunta: “para onde navegas tu, se não propões itinerários de paz, vias criativas para pôr fim à guerra na Ucrânia?”.
O diário italiano “La Reppublica” insiste na ideia, salientando, na abertura da sua reportagem, que o Francisco “exorta a Europa a encontrar uma via criativa para por fim à guerra na Ucrânia” e que, “desde ‘a capital mais a Oeste da Europa continental’, auspicia ‘um multilateralismo mais amplo do que apenas o contexto ocidental’”.
O quotidiano do Vaticano “L’Osservatore Romano” sintetiza, no título principal, a ideia de um papa “peregrino da esperança em Lisboa, cidade do encontro”, como o próprio escreveu no livro de honra da Presidência portuguesa, enfatizando também o sonho de uma Europa “que inclua populações e pessoas” e a “via criativa para a paz”.
Já o espanhol “El País” destaca como “chaves” da visita o “gesto para com as vítimas dos abusos e a fuga ao eurocentrismo”, lembrando que, como Papa, o arcebispo Bergoglio assumiu claramente as diferenças com o seu predecessor, Bento XVI (Joseph Ratzinger), com críticas ao neoliberalismo económico, a defesa do clima e pela “transformação mais radical que está a impulsionar dentro da própria Igreja”.
Mais conservador, o também espanhol “El Mundo” espera que a guerra na Ucrânia, a ecologia e a justiça social, assim como “o delicado tema da pedofilia na Igreja” sejam desenvolvidos por Bergloglio, “cujo estilo direto e espontâneo é muito popular entre os jovens”.
“Regressarei rejuvenescido”, titula o diário católico francês “La Croix”, citando o Papa, na reportagem da 42.ª viagem de Francisco, que surgiu perante os jornalistas, no avião entre Roma e Lisboa, “sorridente e fatigado”.
JN/MS
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