Comunidade

Gala de Fado de Homenagem a Amália no PCCM: Foi em silêncio que se cantou o fado

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O silêncio que marcou o espetáculo da Gala de Fado de homenagem a Amália Rodrigues, no Centro Cultural Português de Mississauga, sublinhou o respeito e admiração que os guitarristas e os fadistas mereceram por parte de todos os presentes. De tal modo foi impressionante que o jovem, mas já tão experiente Ângelo Freire, a dada altura afirmou: “é preciso vir ao Canadá para se ouvir cantar Fado”.

A verdade é que todo o público estava rendido à qualidade extrema dos instrumentistas e dos fadistas, que trouxeram a Mississauga um repertório muito assente no fado mais tradicional e que fez jus à homenagem a Amália, com inúmeros fados da diva interpretados ao longo da noite.

Ainda antes do espetáculo, Jorge Mouselo era um presidente confiante de que a escolha dos fadistas e dos apresentadores iria proporcionar uma noite à altura da diva. “Fez agora 24 anos que Amália Rodrigues faleceu. A melhor maneira de a homenagear é trazer estas grandes vozes de Portugal, que bem merecem um palco como este, merecem uma casa destas. Este ano, não apresentamos só duas grandes vozes de fado, mas também temos duas grandes pessoas, da maneira que eu vejo, da nossa comunidade, aqui a abrir este espetáculo – temos a Lídia Ferreira e vamos ter aqui também o Anastácio Rosa. Tudo isto só quer dizer que trazemos para esta noite quatro pessoas que, de uma maneira de outra, estão ligadas ao fado e também à nossa comunidade. O Ângelo Freire já cá teve várias vezes, mas a Diana Vilarinho está pela primeira vez no Canadá e aqui no clube, mas é também uma voz fantástica, uma voz que merece bem este palco, bem merece o calor desta comunidade”.

A sala do clube de Mississauga estava composta, mas não tão cheia como em edições anteriores e Mouselo, confessou a sua tristeza por haver na comunidade quem não respeite uma Gala que tem já tanta tradição, marcando um evento de grande dimensão exatamente para a mesma noite. “Muito desapontado, muito, muito desapontado porque é uma gala que não vem de há um ano ou dois. É uma gala que já vem de muitos anos e já muita gente organizou e fez parte desta gala e parece que se esquecem um pouco, parece que chegam ao ponto de esquecer. Eu às vezes devia dizer mais que aquilo que falo, mas até me custa comentar. Mas pronto, nós temos que fazer com os nossos, temos de contar com aquilo que temos cá em nossa casa. Eu tenho um defeito, quando faço certos eventos tento evitar certas datas que sei que alguém tenha um evento especial naquele dia. Infelizmente isso não acontece com outros. Acho que a nossa comunidade devia ser um bocado mais unida nesse aspeto, porque nós aqui neste clube, abrimos a porta à comunidade inteira, seja ela de Toronto, seja de onde ela for, e estamos sempre prontos para trabalhar com a comunidade. Por isso… é feio, é feio para a comunidade, torna-se bastante feio”.

Ângelo Freire voltou a Mississauga e, de novo, encantou, com a sua mestria como guitarrista e extraordinário fadista e sentiu-se em casa. “Vir ao Canadá é muito especial e ainda é mais especial vir ao Canadá e sentir-me em casa, ser acarinhado pelos portugueses, por uma comunidade tão grande. E vermos pessoas que se esforçam todos os dias para manter viva a cultura portuguesa além-fronteiras, num país tão distante… pessoas que se orgulham em ser portugueses e lutam pela nossa nação fora do país. É muito especial. A ligação que se estabelece aqui é a mesma ligação que nós estabelecemos em casa, com a nossa família. Portanto, vir aqui é estar em casa.”

Diana Vilarinho é uma jovem fadista e na sua atuação cantou inúmeros fados celebrizados por Amália, assumindo a influência que a grande senhora do fado exerce sobre a sua forma de cantar – “é impossível não ser influenciada por Amália, para mim ou para qualquer outro fadista, porque é impossível dissociar o fado da Amália e a Amália do fado. Foi efetivamente um ser iluminado que veio ao mundo e que felizmente deixou esta obra tão grande. Acho que é nossa obrigação, das gerações mais novas, preservar e ir beber àquela fonte. Portanto, é isso que eu tenho que fazer e também foi a Amália que fez apaixonar por este estilo musical quando eu era tão pequenina, por isso farei sempre tudo o que estiver ao meu alcance para respeitar e preservar o que ela tão bem deixou cá”.

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Para o ano haverá mais uma Gala de Fado em homenagem a Amália Rodrigues e Jorge Mouselo explicou-nos que já está a pensar no evento que ainda por cima junta duas datas importantes – “para o ano fazemos 50 anos de casa e também faz 25 anos que Amália faleceu. São duas datas que tem que ser inesquecíveis. Eu ainda não sei quem vou trazer. Ideias não faltam, mas nós aqui para fazermos isto a nós próprios, todos os anos tentamos fazer melhor, um pouco diferente. E é isso que quero, é fazer um pouco diferente para o ano. Não sei. Ideias não faltam… mas, como vocês sabem, um fadista bem conhecido em Portugal, não é barato. Ideias não faltam. Vamos lá ver o resto”.

O presidente do Centro Cultural Português de Mississauga, Jorge Mouselo, aproveitou a noite para anunciar publicamente as personalidades que receberão o Community Spirit Award deste ano. Mouselo explicou que é tempo de enaltecer o trabalho e dedicação à comunidade por parte de pessoas, que por vezes não são devidamente reconhecidas.

Assim, na noite de 4 de novembro, o Centro Cultural Português de Mississauga honrará o passado e o presente, dando o devido destaque ao espírito de verdadeira entrega ao clube e à comunidade em geral do malogrado ex-presidente do Clube de Mississauga – Tony de Sousa e de Angie Câmara, secretária da direção do PCCM.

Madalena Balça/MS

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