Trabalho infantil na colheita do açaí no Pará
Crianças se arriscam subindo e descendo dos açaizeiros para apanhar o fruto; exploração é crime.
O Pará é o maior produtor de açaí do mundo, mas essa história esconde uma triste realidade: o trabalho infantil. Crianças se arriscam subindo e descendo dos açaizeiros para apanhar o fruto. Qualquer erro pode significar uma queda que pode ser fatal. A pena para quem submete criança ou adolescente a trabalho perigoso ou insalubre pode chegar a quatro anos de prisão. O açaí entrou na lista do trabalho infantil do Departamento do Trabalho dos Estados Unidos.
Igarapé-Miri, município da Amazônia paraense considerado o maior produtor de açaí do mundo. Na primeira parte da cadeia produtiva do alimento que movimenta milhões de reais, famílias inteiras trabalham colhendo o açaí, o que inclui crianças. Elas escalam os troncos dos açaizais dezenas de vezes por dia, sem proteção e com um facão nas costas. Além disso, percorrem áreas alagadas repletas de cobras e escorpiões.
A escolha frequente por crianças para colher o açaí está relacionada ao fato de as crianças serem mais leves, o que diminui as chances de acidentes por quebra de galhos. As árvores chegam a mais de 20 metros de altura.
No momento do trabalho, as crianças levam apenas um facão e uma peconha – corda utilizada para apoiar os pés no ato de subir em árvores. Para não perderem tempo, muitos peconheiros pulam de uma palmeira para a outra para não precisarem ficar subindo de árvore em árvore.
Quanto mais rápido se colhe, maior é o lucro. Por cada cesto de 28 kg, os trabalhadores recebem entre CN$4 e CN$8 (em média). Dificilmente eles conseguem vender mais de 30 cestos por mês. Apesar da situação alarmante, não existem dados oficiais sobre o trabalho infantil na colheita de açaí no Brasil.
A fruta é exportada, principalmente, para Estados Unidos, Austrália, Japão e países da Europa. A edição de 2022 do ranking incluiu 158 produtos de 77 países.
Fonte: R7/Valor
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