Guia de Vinhos 2019 da revista Visão com 2 licorosos do Pico
O “Guia de Vinhos 2019”, da revista Visão, acaba de elaborar a lista dos 105 melhores vinhos de 2019. A selecção inclui cinco tipos de vinhos: brancos, tintos, rosés, espumantes e generosos. Dois vinhos licorosos produzidos na ilha do Pico estão incluidos na famosa lista: o Czar 2011, produzido por Fortunato Garcia, e o Licoroso dez anos , produzido pela Cooperativa Vitivinícola da Ilha do Pico. O Diário dos Açores falou com Fortunato Garcia, que nos garantiu que vai lançar o melhor Czar desde o início do século XXI.
O Czar de 2011 acaba de ser galardoado pelo Guia Visão como um dos vinhos do ano. Que significado é que tem para si?
É um orgulho e uma honra ser distinguido assim. Julgo, também, ser um reconhecimento do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido sem nunca se baixar a qualidade e a divulgação do mesmo, pois até há pouco tempo o Czar era um vinho desconhecido e assim nunca poderia receber nenhum reconhecimento, embora a qualidade sempre foi o factor presente e obrigatório no nosso vinho.
O Czar 2011 esgotou devido à sua qualidade. Virá outro com qualidade semelhante?
A resposta quase foi retratada anteriormente. A qualidade do Czar, acho eu, em nenhuma colheita foi posta em causa, embora sejam sempre diferentes. O que julgo ter acontecido foi começar a haver muito mais gente a ouvir falar no Czar.
Irei lançar o 2013 para Abril de 2020, que, na minha opinião, é superior ao 2011, talvez o melhor Czar até agora desde o início do século XXI.
Como tem sido a cultura da vinha nestes últimos anos no Pico? Fala- se muito em vinho que não é nosso como se fosse. Como vê toda esta situação?
A cultura da vinha tem crescido exponencialmente, o que é bom, não só para o Pico mas para os Açores em geral.
É uma mais valia directa e indirectamente, pois ajuda noutros campos, como por exemplo o Turismo.
Quanto a vender gato por lebre, é mesmo ao jeito do Latino. Não consigo ver com bons olhos esta situação. O consumidor de hoje é mais exigente e muito mais informado, e, principalmente, não gosta de ser enganado.
É pisar em terreno de areias movediças e o pior é que, além de se enterrarem, correm o risco de levarem alguém juntamente.
Pode-se facilmente dizer: “Ah, o vinho dos Açores afinal vem é do Continente”, e aí levamos todos por tabela.
Posso garantir que não existe uma gota de Czar que não venha das minhas vinhas, na Criação Velha, mas também corro o risco de ser arrastado.
É lembrar a essa gente que cair demora um segundo e levantar pode de morar décadas. Enfim, coisas do ser humano.
Que futuro é que prevê para a cultura da vinha no Pico?
Se todos trabalhassem em prol da qualidade, pois somos demasiado pequenos para pensar em quantidade, e seriamente, sem querer enganar o consumidor, quem sabe se os nossos filhos não teriam a possibilidade de ver o Pico como uma das famosas zonas do mundo dos vinhos.
A história deveria servir para aprendermos com os erros e com as conquistas dos outros.
Verificamos que devido à protecção da sua zona, nome e uvas, por exemplo um quilo de uvas em Champanhe, França, custa à volta de 17 euros e um hectare de vinha 3 milhões de euros. Devia dar que pensar.
Diário dos Açores
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