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O desafio da informação

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Comunicar: uma palavra que parece tão simples, mas que pode ser tão complexa… sobretudo na prática. E que o diga a própria comunicação social: no seu todo, mas em particular aquela dirigida à comunidade portuguesa. Verdadeiros elos entre os portugueses – e/ou lusodescentes – e o seu país de origem e resto do mundo, os mais variados órgãos de divulgação de informação – sejam eles a televisão, rádio, jornal ou TV – vêm registando um notável e importante desenvolvimento, sinal claro não só do já conhecido dinamismo da comunidade lusa, quer da importância e necessidade destes meios no dia a dia de todos, algo que inclui não só o processo de informação e esclarecimento, como a promoção da própria língua e cultura.

Mas pelo caminho, até chegarem onde se encontram no presente, os media não encontraram apenas rosas – a estrada era (e continua a ser) recheada de curvas e contracurvas, que faz dela um trajeto sinuoso e desafiante.
Às dificuldades económicas que foram atravessando ao longo dos tempos junta-se o pouco (ou inexistente) apoio e reconhecimento político e de outras instituições: a sobrevivência destes meios acontece, não raras vezes, em grande parte graças à teimosia daqueles que os criaram ou que os têm vindo a desenvolver.

A juntar a isso existe ainda a questão das novas tecnologias, que retiraram de baixo do braço de tantos e tantos o jornal que os acompanhava a cada manhã: hoje em dia, a procura de informação é rápida e praticamente instantânea, bastando apenas alguns toques no telemóvel para chegarmos à resposta que procuramos.
Junto de Jorge Neves, jornalista e diretor de programação da CIRV Radio, viajámos pelos avanços, recuos e desafios que os media de base portuguesa em território canadiano enfrentaram – e continuam a enfrentar – ao longo destes 70 anos.

jorgeneves-2 - MILENIO STADIUMMilénio Stadium: 70 anos de imigração portuguesa no Canadá são sinónimo também de muito progresso e a comunicação social construída pela comunidade e dirigida à mesma teve, obviamente, um grande desenvolvimento. Como é que olha para essa evolução?
Jorge Neves: A comunicação social nos seus mais variados ramos (imprensa, tv e rádio) sempre foi fundamental no seio da comunidade portuguesa. Quer seja através da divulgação de informações importantes, quer seja pelo elo de ligação que permite manter viva a língua, cultura e tradições portuguesas. O ponto alto foi alcançado nos anos 90 e início de 2000. Desde então a comunidade mudou, as novas gerações não se interessam ou não valorizam e reconhecem o trabalho realizado e a comunicação social ressente-se. Angariar publicidade é cada vez mais difícil e a solução acaba por ser, muitas vezes, terminar com os vários projetos existentes. Manter um órgão de comunicação social no ativo exige atualmente um reforço de meios humanos e técnicos que por vezes se torna quase incomportável. Apesar de, em alguns casos, o produto apresentado ao público ser de qualidade e bastante profissional, a tendência é que com o passar dos anos a comunidade vá perdendo cada vez mais os seus jornais, rádios e programas de televisão.

MS: Que importância e que propósito, no seu entender, servem hoje em dia os diversos meios de comunicação dirigidos à comunidade portuguesa?
JN: O objetivo inicial continua ainda a ser o mesmo. Formar e informar. Os meios de comunicação continuam a dar voz à comunidade, a mostrar, a divulgar e a promover tudo o que acontece com os portugueses radicados no Canadá. Em alguns casos é também uma possibilidade de trazer os assuntos e as temáticas que marcam a nossa terra natal até ao outro lado do Atlântico. Para os que não dominam tão fluentemente o inglês, são também importantes para explicar o que se passa na sociedade canadiana em geral. Fundamentalmente os meios de comunicação são uma forma de manter vivas as tradições, a cultura e a língua portuguesa no Canadá.

MS: Considera que os media portugueses têm ganho, ao longo do tempo, cada vez mais a confiança de leitores, telespectadores e ouvintes? Como vê o futuro dos mesmos?
JN: Hoje em dia as publicações, programas de TV ou estações de rádio já não são tão influentes na comunidade. As pessoas recorrem muitos às redes sociais para se informar, para se manterem atualizados, correndo o risco de obterem informações incorretas, sem a devida confirmação das fontes com se deve fazer no bom jornalismo. Perante estes cenários também os media portugueses vêm apostando em novos conteúdos, através das redes sociais, acabando muitas vezes por perder a sua identidade e responsabilidade social e comunitária. O futuro passará sempre por uma gestão de conteúdos equilibrada, aliando a credibilidade, profissionalismo com os novos conteúdos, redes sociais e as exigências do público.

MS: Na sua opinião, o que deve ainda ser melhorado?
JN: A grande melhoria terá de ser sempre a aposta no profissionalismo. A qualidade tem um preço e é necessário investir financeiramente para ser atingir um resultado de excelência. A aposta em jornalistas e técnicos com formação profissional e se possível já com experiência na área, é a única solução. Só desta forma os conteúdos e notícias terão qualidade e serão apresentados corretamente. Em seguida, dar ferramentas adequadas e atuais que permitam aos profissionais do setor desenvolver o seu trabalho na máxima potencialidade. Quem beneficiará será sempre o público e a comunidade em geral que terão disponíveis rádios, imprensa e programas de televisão com conteúdos e apresentação ao nível de qualquer outro meio de comunicação social existente no Canadá e no mundo.

MS: Que tipo de divulgação tem sido feita em relação às celebrações que acontecerão nos dias 13 e 14 de maio?
JN: A CIRV RÁDIO é a “Voz da Comunidade” e por isso apoia todos os grandes projetos e festividades que se realizam no Canadá, envolvendo os portugueses aqui radicados. As comemorações dos 70 Anos de Imigração Portuguesa no Canadá têm sido alvo de divulgação constante e especial na nossa programação diária. Para além de anúncios, realização de entrevistas e promoção dos artistas que vão participar na iniciativa vamos também marcar presença, e dar cobertura jornalística, a todas as cerimónias programadas, para que os nossos ouvintes, onde quer que se encontrem, estejam sempre informados sobre tudo aquilo que acontece na comunidade.

Inês Barbosa/MS

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