Portugal

Milhares de pessoas encheram as ruas para celebrar São João

Foto:Maria João Gala / Global Imagens

 

O fogo de artifício das festas de São João, que esteve em risco de não acontecer devido às marés, teve início às meia-noite como previsto e, durante 16 minutos, iluminou a noite no Porto.

Devido às marés provenientes do oceano Atlântico, o espetáculo foi ligeiramente deslocado para a zona da Alfândega, onde foi possível fazer a ancoragem das plataformas de onde o fogo de artifício é lançado. Por norma, costuma ser junto à zona ribeirinha e ponte Luís I.

Entre quem vive no Porto, o São João faz-se na rua, com as mesas de jantar à porta, ou à varanda para assitir aos bailaricos. Certo é que a festa “enche de vida” artérias onde, com a saída de moradores, a tradição começou a perder-se, mas há quem lute para tentar mantê-la.

Com a festa a passar-lhe à porta, Álvaro Nascimento atira: “São João? Não gosto”. Solta uma gargalhada enquanto observa da varanda de casa a multidão que desce a rua com o nome do santo popular, e rápido explica: “Vou varrer as ruas da cidade do Porto amanhã de manhã [ontem]”. Vive naquela casa desde os oito anos, altura em que a família “assaltou” o apartamento no 25 de abril de 1974 e, apesar do barulho, é lá que quer continuar a morar. “Gosto disto. É a minha zona, a Ribeirinha. Custa-me porque não vou conseguir dormir. Espero estar de folga para o ano”, sorri de novo o portuense de 58 anos. Se assim for, será mais um a juntar-se à festa.

A tentar manter a tradição

Na estreita Rua da Vitória vive-se uma espécie de anarquia disfarçada. Todos sabem o seu lugar. Com uma fila “armada” de martelos de um lado e de outro, ninguém passa sem uma martelada. Mas o lugar mais importante está bem definido: é o do grelhador. Há sempre sardinha a sair. Até para oferecer a turistas.

“Pergunto o que eles querem e dou. Antes quero dar do que deitar fora”, admite Conceição Barros. Com a mesa à porta do prédio onde vive e onde sentou toda a família para jantar, diz que a noite de São João “é porreira”. É a única altura em que “a rua nunca está nua”, ao contrário do que acontece o resto do ano.

É por isso que Marcos Carvalho, 31 anos, tenta manter na Rua do Dr. Barbosa de Castro, paralela ao Passeio das Virtudes. Vive há sete anos em frente à Escola Artística e Profissional Árvore e, desde então, começou a assistir à saída gradual de moradores mais antigos. A rua “começou a perder muito do que a fazia especial”, diz. Tudo começou com uma pequena cascata. De ano para ano, a comunidade cresceu e agora, todas as noites de São João, aquela artéria “enche-se de vida”. “Estamos a tentar manter a tradição para que esta noite não se perca”, reconhece o DJ amador, com mais vizinhos internacionais.

Aproxima-se a meia-noite e as famílias posicionam-se nas varandas da frente de rio para assistir ao fogo. Vítor Alves, 58 anos é um dos privilegiados. À sua esquerda, tem a Ponte de Luís I e, mesmo em frente, o Douro.

“A casa é da minha companheira. Venho cá e usufruo desta vista”, reconhece, sem enfrentar o mesmo constrangimento de Álvaro. “Isto é para ser a noite toda. E como amanhã é feriado, não há problema”, reconhece. Admite que “o São João da varanda é bom”, mas para quem é mais novo, a noite passa-se “na rua, com o martelo, a beber umas cervejas aqui, a tropeçar ali, a levar com alhos-porros e a ouvir música popular portuguesa”.

As luzes da Ponte de Luís I apagam-se. O espetáculo vai começar. Mas, para desilusão de muitos que ali estavam há horas a guardar lugar, as marés arrastaram o fogo para junto do edifício da Alfândega, oferecendo um melhor espetáculo a quem estava na Casa do Roseiral, nos Jardins do Palácio do Cristal (lá, jantaram o presidente da Câmara do Porto Rui Moreira, o presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro Luís Montenegro e o presidente da Assembleia da República José Pedro Aguiar-Branco, entre outras personalidades). As palmas substituíram-se por assobios e o ponto alto de quem esteve na Ribeira foi mesmo a subida dos balões aos céus.

Pode ver o espetáculo aqui.

JN/MS

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