Investigadora de poesia portuguesa acredita que os 500 anos que nos separam de Camões “não são uma barreira, mas uma ponte”.
Para reaproximar Camões dos seus, acredita a investigadora italiana Maria Bochicchio, é preciso investir na descoberta da sua biografia, a par da divulgação das obras líricas e épicas, deixando para trás “a tortura estruturalista de sujeitos e predicados”, como escreveu Margarida Vale do Gato.
Como se transmite o encantamento e o fascínio de Camões a um leitor de hoje?
Os cinco séculos que nos separam de Camões não são uma barreira, mas uma ponte que nos aproxima deste ícone e da identidade e memória coletiva. Camões escreveu num contexto muito diferente do atual. Fornecer aos leitores um panorama histórico e cultural do século XVI, explicando o ambiente em que Camões viveu. Mostrar que Camões ultrapassa as fronteiras do mito, da épica e da lírica, para dialogar com a sua própria existência com as suas aspirações, contradições e fragilidades, criando uma escala de valores éticos, faz dele um autor de grande atualidade.
Isso, pode ajudar a aprofundar a compreensão e o apreço pelos seus textos.
Acha que o ensino tem tratado devidamente Camões?
Nos bancos das escolas, como afirmou Margarida Vale de Gato “mastigamos por demasiados séculos as orações dos Lusíadas, nessa tortura estruturalista de sujeitos e predicados”. A redescoberta da sua biografia e dos valores que as suas obras líricas e épicas ensinam são de grande atualidade. Camões ensina-nos, a brevidade do fulgor da vida, sem que essa brevidade represente um imperativo de abdicação ou desistência.
Camões, com suas interrogações sobre o amor, o poder das palavras e a natureza humana, permanece um tesouro da língua portuguesa e um ícone literário cuja obra é um testamento literário atemporal. Pode começar-se por aí.
JN/MS
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