“Grande parte dos benefícios” do aumento das descargas em lota “não entra na economia açoriana”
O deputado social-democrata Jaime Vieira alertou para o discurso “demagógico e abusivo” do Governo regional sempre que fala do aumento, este ano, do valor da descarga de pescado em lota. O deputado do PSD/Açores explica que esse discurso “omite, por exemplo, que a captura de atum não reverte na totalidade para os pescadores açorianos”.
“O PSD/Açores congratula-se com o aumento, até agora verificado, da descarga de pescado em lota, mas para sermos sérios não podemos omitir, como faz o Governo e o PS, o facto de grande parte dos benefícios deste aumento não ficar com os pescadores açorianos nem entrar na economia açoriana”, declara.
O deputado refere que, das duas dezenas e meia de atuneiros com mais de 15 metros que pescam atum nas águas dos Açores e da Madeira, mais de duas dezenas são propriedade ou tripuladas por mestres e campanhas madeirenses, “o que leva a que os benefícios para os nossos pescadores sejam reduzidos”. O social-democrata condena, por isso, a “tentativa do secretário regional das Pescas e da maioria socialista que apoia o executivo de se embandeirarem com o aumento da descarga em lota, como vimos recentemente no parlamento, procurando passar a ideia de que o aumento resulta das políticas do Governo”.
“O Governo procura não só criar a ideia de que todos os pescadores, de todas as artes, aumentaram o seu rendimento em 2018, como resultado das políticas do Governo, o que é falso, como revela dois pesos e duas medidas, já que se desresponsabiliza quando não há peixe e chama agora até si a responsabilidade pelo facto de existir mais peixe no mar dos Açores, nomeadamente atum, cujas espécies são altamente migratórias, o que constitui um abuso”, sustenta.
Jaime Vieira clarifica que o aumento, até agora, segundo o Governo regional, de 40% da venda de pescado em lota face a período homólogo de 2017, “está a ter precisamente como referência um dos piores anos de sempre”. “Em 2017, nas espécies de atum Patudo, Voador, Rabilo e Bonito, a captura, durante o ano todo, foi pouco superior às 2 mil toneladas (2.009.287 kg), quando uma captura razoável deste conjunto de espécies deveria ser de 10 mil toneladas, uma captura que não se atinge desde o ano de 2010”, argumenta.
O deputado do PSD/Açores alerta ainda para a possibilidade de este ano não ser melhor do que o de 2016 e de 2017, “se excluirmos o atum e considerarmos apenas as espécies capturadas pela pesca regional: espécies demersais e de águas profundas, crustáceos e pequenos pelágicos”.
A isto, acrescenta Jaime Vieira, acresce o aumento em 50%, nestes últimos dois anos, do preço do combustível, o que se traduz “num custo que afoga a pesca”.
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