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Mensagem de Natal

Aida Batista

Natal, derivado da palavra latina «natalis», significa nascer. É a celebração da Natividade, do nascimento de Cristo (para os que acreditam), e decoração para aqueles que, por força das circunstâncias e do ambiente festivo que se vive, aderiram a todos os enfeites, iconografia e estatuária representativa da quadra.
Por se tratar, de acordo com a tradição religiosa, do nascimento do Menino Jesus, muitos se indignam por o Pai Natal lhe ter roubado o papel de distribuidor de presentes, quando, no tempo deles, a primazia ia toda para o Deus Menino. Sem trenó, sem renas, nem ajudantes, descia sorrateiramente pela chaminé na calada da noite, para que, no dia seguinte, os meninos pudessem encontrar o seu presente junto ao sapatinho. Muitos daqueles que iam diariamente descalços para a escola, apesar do gelo e do frio, era o sapatinho domingueiro que, naquela encenação em que todos acreditavam, representava o papel principal. Daí a preocupação de os encerarem, puxarem o lustro, ou, no caso dos que viviam guardados para ocasiões especiais, simplesmente tirar-lhes o pó da longa clausura.
Tudo isto nada diz à grande maioria das crianças de hoje, felizmente, porque, para além do conforto diário, quase sempre veem todos os seus desejos satisfeitos. Há excessos? Há! Abusa-se do consumismo desenfreado? Sim! Mas, quer num caso, quer no outro, somos nós, os adultos, os primeiros responsáveis por esta situação. Cabe-nos, por isso, refrear a quantidade do que se compra, e fazer passar às crianças a mensagem de que, reciclando, se pode fazer renascer objetos ou, a partir do lixo, criar novos.
Agrada-me ver como as escolas estão a desenvolver esta vertente pedagógica, fazendo do imaginário de cada aluno uma fonte de criatividade. Tenho visto presépios a partir dos mais variados e inimagináveis materiais: alguns recolhidos diretamente da natureza, outros, do aproveitamento de desperdícios cujo destino seria o balde do lixo.
Na nossa família, em que somos sempre muitos na noite da Consoada, todos são convidados a elaborar uma peça (que faça parte das cenografia da quadra), utilizando, para o efeito, apenas material reciclado. Em anos anteriores já fizemos a árvore, a estrela, a vela, o anjo, a grinalda, calhando-nos, desta vez, a confeção de um sino. Como também é habitual escolhermos um tema para cada natal, quer dizer que os materiais a utilizar terão de se adequar ao deste ano – o mar!
Asseguro-vos que nenhum de nós é um Bordalo II, mas posso garantir-vos que temos obtido resultados muito interessantes, e consideramos ser esta a melhor forma de passarmos aos mais jovens a mensagem de que o lixo pode ser arte!
Já tenho o meu pronto, mas não o poderei divulgar porque a edição do jornal sai antes da noite da celebração, e qualquer um mais curioso sentiria vontade de espreitar a crónica, antecipando a minha surpresa.
À semelhança de um qualquer concurso de ideias, cada um terá de explicar a razão da escolha dos materiais utilizados e como procedeu à confeção do seu sino. Esta parte é bastante interessante e digna de análise, porque o que é usado tem a marca identitária de quem o idealizou. De forma inconsciente, guardamos memórias de infância e, normalmente, é a esse lixo mental que vamos buscar imagens dos materiais com que damos corpo à nossa criação. Já sei que estão todos muito curiosos e, por isso, prometo na próxima edição, que será apenas no próximo ano, deixar a fotografia do meu sino.
Muitos anos antes de conhecer a palavra reciclagem, já estudara a lei da Conservação das Massas de Lavoisier, cuja máxima nos diz “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”!

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