{"id":93487,"date":"2022-03-11T14:44:16","date_gmt":"2022-03-11T19:44:16","guid":{"rendered":"https:\/\/mileniostadium.com\/?p=93487"},"modified":"2022-03-11T14:44:16","modified_gmt":"2022-03-11T19:44:16","slug":"sejam-bem-vindos","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/mileniostadium.com\/blog\/sejam-bem-vindos\/","title":{"rendered":"Sejam bem-vindos"},"content":{"rendered":"

\"milenio<\/a><\/p>\n

 <\/p>\n

\u201cLutar por um mundo livre de discrimina\u00e7\u00e3o e preconceito\u201d \u00e9 a miss\u00e3o da Refugees Welcome. Esta \u00e9 parte de uma organiza\u00e7\u00e3o internacional, com presen\u00e7a em 14 pa\u00edses, entre eles o Canad\u00e1, que pretende apoiar migrantes e refugiados. Surge em Portugal em 2016 e desde ent\u00e3o tem ajudado estas pessoas a integrarem-se na sociedade, auxiliando no combate a poss\u00edveis obst\u00e1culos que possam aparecer no caminho.<\/strong><\/p>\n

Numa altura em que vivemos um conflito armado – e desigual – entre a R\u00fassia e a Ucr\u00e2nia, quisemos saber, atrav\u00e9s de Teresa Silva, co-fundadora da Refugees Welcome Portugal<\/a>, mais sobre a situa\u00e7\u00e3o destas pessoas que n\u00e3o t\u00eam outra escolha que n\u00e3o seja fugir do seu pa\u00eds.<\/p>\n

Para al\u00e9m de a\u00e7\u00f5es de consciencializa\u00e7\u00e3o e sensibiliza\u00e7\u00e3o para o tema, a Refugees Welcome presta apoio social e de habita\u00e7\u00e3o, promove a forma\u00e7\u00e3o e o ensino da l\u00edngua portuguesa, auxilia no processo de procura de emprego e ainda possui uma plataforma de mentores volunt\u00e1rios, que se disponibilizam, dentro das suas \u00e1reas profissionais, a ajudar migrantes e refugiados.<\/p>\n

Tudo com o objetivo de tornarem o mundo em que<\/a> vivemos num lugar melhor: porque, afinal, todos n\u00f3s queremos (e merecemos) ter um pedacinho de terra a que possamos chamar casa.<\/p>\n

Mil\u00e9nio Stadium: O mundo tem assistido \u00e0 guerra<\/a> que ocorre em territ\u00f3rio ucraniano e sofrido pelo seu povo, dando as m\u00e3os para ajudar tanto quanto poss\u00edvel. Ainda que seja uma atitude louv\u00e1vel, infelizmente nem sempre assim o foi\u2026 Porqu\u00ea? Porque \u00e9 que, desta vez, os pa\u00edses parecem estar a reagir mais e melhor?<\/strong>
\n
<\/a>Teresa Costa:<\/strong> Os pa\u00edses e a popula\u00e7\u00e3o europeia mobilizaram-se desde o primeiro minuto. A invas\u00e3o da Ucr\u00e2nia foi um evento impactante e que<\/a> nos deixou muito alerta e conscientes para as consequ\u00eancias de uma guerra. As imagens enchem as nossas televis\u00f5es e os nossos telem\u00f3veis todos os dias: bombardeamentos, feridos, pais que perdem os seus filhos, mulheres e crian\u00e7as<\/a> que fazem fila por uma oportunidade de fuga em dire\u00e7\u00e3o \u00e0 paz. E os homens que ficam para combater<\/a>. Os momentos da despedida. Tudo no nosso ecr\u00e3, quase em tempo real<\/a>. A possibilidade de se tornar numa terceira guerra<\/a> mundial obriga-nos a pensar \u2018e se fosse eu?\u2019.
\nA cobertura que est\u00e1 a ser dada a este conflito – e bem – \u00e9 algo nunca visto, e por isso mesmo tamb\u00e9m as
pessoas se mobilizam como nunca antes t\u00ednhamos visto<\/a>. Carros, autocarros e carrinhas dirigem-se para a fronteira para levar bens e transportar a popula\u00e7\u00e3o ucraniana em dire\u00e7\u00e3o aos pa\u00edses de acolhimento<\/a>. E os pa\u00edses preparam-se como nunca havia acontecido: os documentos s\u00e3o emitidos rapidamente, h\u00e1 casas dispon\u00edveis para abrigar quem chega, milhares de ofertas de emprego foram publicadas especificamente para refugiados ucranianos<\/a>. Considerando a forma repentina como tudo ocorreu diria que o processo de acolhimento est\u00e1 a ser muito positivo: em grande parte por causa<\/a> da solidariedade da popula\u00e7\u00e3o e das organiza\u00e7\u00f5es n\u00e3o governamentais, da desburocratiza\u00e7\u00e3o de procedimentos, e tamb\u00e9m porque muitas das pessoas que est\u00e3o a chegar a Portugal – o pa\u00eds mais long\u00ednquo da UE – j\u00e1 t\u00eam aqui alguma base familiar.<\/p>\n

MS: No caso da Europa, o facto de sermos diretamente atingidos (principalmente economicamente) por esta guerra poder\u00e1 estar na base deste comportamento mais emp\u00e1tico? Por outro lado, como se explicam os epis\u00f3dios de racismo perante indiv\u00edduos de ra\u00e7a negra que foram impedidos de atravessar a fronteira com<\/a> a Pol\u00f3nia, por exemplo?<\/strong>
\nTC:<\/strong> A
guerra<\/a> na Ucr\u00e2nia, embora seja em tudo semelhante a outros conflitos e guerras, passa-se em solo europeu, e isso traz muitas implica\u00e7\u00f5es quando pensamos nos refugiados. Em primeiro lugar<\/a>, a chegada de refugiados foi quase imediata. Quando os refugiados fogem de conflitos no M\u00e9dio Oriente ou em \u00c1frica o caminho \u00e9 longo<\/a> e a chegada \u00e0 Uni\u00e3o Europeia, onde podem pedir asilo, \u00e9 demorada. Este facto obrigou a Europa, a UE, a mobilizar solu\u00e7\u00f5es rapidamente. Todos os pa\u00edses europeus receberam ucranianos<\/a> e imediatamente trataram do seu acolhimento e integra\u00e7\u00e3o. Em tempo recorde<\/a> milhares de refugiados receberam prote\u00e7\u00e3o, um lar, e direitos. Esta \u00e9 a prova de que os pa\u00edses europeus podem e conseguem acolher os refugiados<\/a>: a Pol\u00f3nia, que em 2015 se recusou a receber refugiados s\u00edrios, tem agora dentro das suas fronteiras 1 milh\u00e3o e 200 mil refugiados ucranianos. Se assim \u00e9, porque \u00e9 que se recusou a acolher<\/a> pouco mais de um milhar de s\u00edrios que fugiam exatamente pelas mesmas raz\u00f5es? \u00c9 inevit\u00e1vel falarmos de racismo e xenofobia. E acontecimentos como os dos \u00faltimos dias tornam imposs\u00edvel negarmos os valores distorcidos de alguns pa\u00edses: refugiados<\/a> n\u00e3o-brancos impedidos de entrar na Pol\u00f3nia, grupos nacionalistas polacos que espancam refugiados negros e indianos… as not\u00edcias s\u00e3o v\u00e1rias.
\nEm 2019 a Refugees Welcome Portugal esteve a trabalhar na S\u00e9rvia,
numa cidade que fazia fronteira com<\/a> a Hungria. Apoi\u00e1vamos os refugiados<\/a> que ali viviam, e diariamente tentavam atravessar a fronteira em dire\u00e7\u00e3o \u00e0 Hungria. Eram refugiados<\/a> afeg\u00e3os, maioritariamente. Todas as noites tentavam a travessia – da mesma forma que agora os ucranianos<\/a> tentam: a p\u00e9, de comboio, \u00e0s vezes de carro. As autoridades h\u00fangaras apanhavam estes refugiados e expulsavam-nos, embora fosse o seu direito<\/a> pedir asilo e prote\u00e7\u00e3o. Como \u00e9 agora o direito dos milh\u00f5es de ucranianos que<\/a> fogem. Agora vemos not\u00edcias de cidades – abertamente contra migrantes e refugiados<\/a> – que abrem os seus bra\u00e7os aos refugiados ucranianos.
\nOs exemplos certamente se multiplicam, mas estes s\u00e3o
suficientes para<\/a> transmitir a mensagem.<\/p>\n

MS: Quais s\u00e3o<\/a> os principais desafios que organiza\u00e7\u00f5es como a Refugees Welcome encontram em situa\u00e7\u00f5es como esta?<\/strong>
\nTC:<\/strong> Os maiores desafios surgem precisamente quando este alvoro\u00e7o medi\u00e1tico desaparece. H\u00e1 quem diga que a
guerra<\/a> na Ucr\u00e2nia pode vir a durar anos – pese embora a esperan\u00e7a de que isso n\u00e3o venha a acontecer, \u00e9 esta a realidade de muitos conflitos mundo fora. Basta olharmos para a S\u00edria, em guerra<\/a> h\u00e1 mais de 10 anos. Quando o tempo passa, as pessoas desligam-se das necessidades dos refugiados<\/a>, esquecem que eles existem. Mas eles continuam a chegar ao longo dos anos: a popula\u00e7\u00e3o n\u00e3o foge simultaneamente, muitos aguardam no pa\u00eds na esperan\u00e7a de que as coisas melhorem, outros n\u00e3o t\u00eam dinheiro para<\/a> partir… enfim, os motivos s\u00e3o muitos. E \u00e9 nestes momentos que surgem mais necessidades, em que se torna dif\u00edcil encontrar uma habita\u00e7\u00e3o para as novas<\/a> fam\u00edlias que chegam, um trabalho, ensinar a l\u00edngua, e acima de tudo integrar as pessoas: porque a integra\u00e7\u00e3o depende da popula\u00e7\u00e3o de acolhimento tamb\u00e9m, e se essa popula\u00e7\u00e3o n\u00e3o est\u00e1 alerta e motivada para fazer parte do processo de integra\u00e7\u00e3o, os refugiados acabam por viver num contexto de exclus\u00e3o.
\nPortanto a mensagem a transmitir \u00e9 pedir \u00e0s pessoas
para que n\u00e3o<\/a> se esque\u00e7am desta causa, agora e no futuro. Para os refugiados ucranianos, e n\u00e3o s\u00f3<\/a>.<\/p>\n

MS: De que forma \u00e9 que cada um de n\u00f3s pode ajudar estes e outros <\/strong>refugiados?<\/a>
\nTC:<\/strong>
H\u00e1 muitas<\/a> formas de ajudar! Em primeiro lugar, estarmos informados e continuarmos alerta para os acontecimentos no mundo: n\u00e3o s\u00f3 este que est\u00e1<\/a> mais perto de n\u00f3s, mas tantas outras guerras, conflitos e pa\u00edses onde os direitos humanos s\u00e3o diariamente ignorados: Palestina, Eritreia, Afeganist\u00e3o, I\u00e9men, Mianmar, Venezuela, S\u00edria.
\nEm
segundo lugar<\/a>, doar! H\u00e1 muitas organiza\u00e7\u00f5es nas fronteiras, e tamb\u00e9m em Portugal<\/a> com campanhas ativas. A Refugees Welcome Portugal est\u00e1 a aceitar donativos para<\/a> colmatar as necessidades de acolhimento em Portugal, e temos tamb\u00e9m um crowdfunding de apoio ao Afeganist\u00e3o. (https:\/\/gofund.me\/bfb9a9ab)
\nOutra forma de ajudar \u00e9 oferecendo abrigo a quem precisa: um quarto que esteja livre em casa ou um apartamento onde possam acolher, temporariamente, pessoas refugiadas – \u00e9 uma grande ajuda uma vez que a habita\u00e7\u00e3o \u00e9 uma das principais lacunas quando os
refugiados<\/a> chegam ao pa\u00eds, j\u00e1 que os centros de acolhimento est\u00e3o habitualmente sobrelotados. Se tiverem um espa\u00e7o podem inscrever-se neste link: https:\/\/refugees-welcome.pt\/plataformahabitacao\/.
\nIn\u00eas Barbosa\/MS<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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