{"id":89712,"date":"2022-01-06T10:08:22","date_gmt":"2022-01-06T15:08:22","guid":{"rendered":"https:\/\/mileniostadium.com\/?p=89712"},"modified":"2022-01-06T10:08:22","modified_gmt":"2022-01-06T15:08:22","slug":"militar-salvou-306-pessoas-num-aviao-mas-forca-aerea-escondeu-o-feito","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/mileniostadium.com\/blog\/militar-salvou-306-pessoas-num-aviao-mas-forca-aerea-escondeu-o-feito\/","title":{"rendered":"Militar salvou 306 pessoas num avi\u00e3o mas For\u00e7a A\u00e9rea “escondeu” o feito"},"content":{"rendered":"

\"milenio<\/a><\/p>\n

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Jos\u00e9 Ramos fez planar aeronave canadiana sem combust\u00edvel durante meia hora sobre o Atl\u00e2ntico, h\u00e1 20 anos. As autoridades n\u00e3o assumiram o ato por se tratar de um avi\u00e3o comercial. A companhia deixou louvor, mas o controlador podia ter sido preso.<\/strong><\/p>\n

H\u00e1 20 anos, um controlador a\u00e9reo militar da Base A\u00e9rea 4 nas Lajes, na ilha Terceira, salvou 306 pessoas que vinham a bordo de um Airbus A330, da Air Transat do Canad\u00e1, ao “fazer” planar a aeronave que ficou sem combust\u00edvel sobre o Atl\u00e2ntico e, consequentemente, sem motores. Foi o voo planado mais longo da hist\u00f3ria da avia\u00e7\u00e3o comercial, que durou cerca de meia hora, percorrendo 120 quil\u00f3metros (62 milhas).<\/p>\n

Jos\u00e9 Ramos, ent\u00e3o primeiro-sargento da For\u00e7a A\u00e9rea Portuguesa (FAP), agora com 60 anos e reformado, recordou ao JN aquele 21 de agosto de 2001 e foi perent\u00f3rio: “Hoje, fazia rigorosamente o mesmo, incluindo todas as ilegalidades que me podiam ter levado \u00e0 pris\u00e3o”.<\/p>\n

N\u00e3o guardando rancor a ningu\u00e9m, o ex-militar deixa cr\u00edticas \u00e0 forma como foi tratado pelas diversas autoridades do setor aeron\u00e1utico, incluindo a FAP, “que n\u00e3o reconheceram o trabalho feito e tudo fizeram para esconder o caso”.<\/p>\n

O voo Air Transat 236 procedia de Toronto e tinha como destino Lisboa, mas a dada altura ficou sem combust\u00edvel para chegar ao ent\u00e3o Aeroporto da Portela. Ao piloto, Robert Pich\u00e9, a primeira ideia que ocorreu foi amarar no meio do Atl\u00e2ntico, com consequ\u00eancias imprevis\u00edveis para os 306 ocupantes do avi\u00e3o da companhia canadiana.<\/p>\n

Ilegalidades<\/strong><\/p>\n

O A330 estava a ser controlado pela base de Santa Maria, nos A\u00e7ores, que, como n\u00e3o tem radar, passou a informa\u00e7\u00e3o \u00e0s Lajes. E \u00e9 a\u00ed que entra o controlador Jos\u00e9 Ramos. “Ao receber a mensagem, percebi que era uma situa\u00e7\u00e3o complicad\u00edssima, come\u00e7ando por uma s\u00e9rie de coisas ilegais que viria a fazer”, recorda o militar natural da Lourinh\u00e3. “Assumi o controlo de uma aeronave civil num espa\u00e7o a\u00e9reo que n\u00e3o era da minha responsabilidade. Depois perdi o contacto com a aeronave e n\u00e3o informei o piloto”, recorda. Pensei e decidi: vou arriscar, se correr mal, o que me acontece \u00e9 ir preso”, lembra.<\/p>\n

Aquando do primeiro contacto, a aeronave estava a 120 quil\u00f3metros das Lajes e ningu\u00e9m acreditava que um avi\u00e3o daquele porte pudesse chegar a terra. Nessa altura, ainda tinha combust\u00edvel, “mas n\u00e3o dava para chegar a lado nenhum”, salienta Jos\u00e9 Ramos, que depois de fazer contas percebeu que o A330 podia chegar \u00e0s Lajes, mas “um erro de uma milha [cerca de 1800 metros] podia fazer com que o avi\u00e3o ca\u00edsse em cima da Praia da Vit\u00f3ria”. “Era uma trag\u00e9dia”, conclui.<\/p>\n

Chegar com sucesso<\/strong><\/p>\n

Sem querer sozinho os louros do maior voo planado da avia\u00e7\u00e3o comercial, o militar desmente, por\u00e9m, Robert Pich\u00e9, o piloto da aeronave, que escreveu em livro que “foi ele quem decidiu ir para as Lajes”.<\/p>\n

“N\u00e3o \u00e9 verdade. Quem o informou onde estava e onde seria poss\u00edvel chegar com sucesso, aterrando nas Lajes, fui eu”, garante. “A primeira informa\u00e7\u00e3o que me deu era a de que ia amarar e eu disse-lhe que o fizesse perto da ilha Terceira. Em termos de salvamentos, era mais operacional para os helic\u00f3pteros”, lembra, acrescentando que o seu trabalho terminou quando o piloto teve contacto visual com a pista e passou para a frequ\u00eancia da torre de controlo, fase em que o avi\u00e3o estava “praticamente no ch\u00e3o”, remata.<\/p>\n

Louvor americano<\/strong><\/p>\n

Al\u00e9m de um louvor das chefias militares norte-americanas na Base das Lajes, tamb\u00e9m recebeu o reconhecimento do Aero Clube de Portugal e da Aero Condor. J\u00e1 a Air Transat ofereceu um bon\u00e9 americano e um avi\u00e3o de pl\u00e1stico, para ser montado.<\/p>\n

40 anos militar<\/strong><\/p>\n

Ao longo dos quase 40 anos de vida militar, seis dos quais na reserva, Jos\u00e9 Ramos esteve em todos os grandes teatros de opera\u00e7\u00f5es da FAP em Portugal, com particular incid\u00eancia nas de Beja (BA11), Lajes (BA4), Ota (antiga BA2), Tancos (antiga BA3), Monsanto (Comando A\u00e9reo), tendo terminado a carreira em Ovar (AM1).<\/p>\n

Sargentos distinguem<\/strong><\/p>\n

Em agosto \u00faltimo, quando passaram 20 anos sobre a efem\u00e9ride, por iniciativa do Clube de Sargentos da BA4 (Lajes), foi prestada uma homenagem a Jos\u00e9 Ramos, tendo sido descerrada, no sal\u00e3o nobre da unidade, uma placa assinalando e perpetuando o importante salvamento.<\/p>\n

Medalha na gaveta<\/strong><\/p>\n

Jos\u00e9 Ramos continua a criticar, 20 anos depois, a For\u00e7a A\u00e9rea Portuguesa (FAP). “Tentaram sempre esconder a situa\u00e7\u00e3o, quando a podiam aproveitar e promover a institui\u00e7\u00e3o. O ent\u00e3o comandante da Base A\u00e9rea 11, coronel Gormicho, fez uma proposta de medalha para a receber no 10 de Junho e a FAP deixou-a na gaveta”.<\/p>\n

Reconhecimento de passageiros<\/strong><\/p>\n

Para o militar, que terminou a carreira como sargento-ajudante, “as medalhas mais valiosas” foram o reconhecimento de passageiros . “Na altura, um casal ofereceu-me o colete salva-vidas que usou naquele dia. E uma fam\u00edlia de oito pessoas, pais, filhos e sobrinhos, que passaram f\u00e9rias em Portim\u00e3o, contaram casualmente a hist\u00f3ria vivida ao meu irm\u00e3o. Acabei por conhec\u00ea-los e eles agradeceram por estarem vivos”, lembra.<\/p>\n

“Magoado” e com pol\u00edcia atr\u00e1s<\/strong><\/p>\n

Reformado em fevereiro passado, Jos\u00e9 Ramos vive pacatamente em Portim\u00e3o, mas continua “magoado” com as atitudes oficiais. “Enquanto estive no ativo, nas entrevistas que dava tinha um pol\u00edcia da For\u00e7a A\u00e9rea a controlar o que era perguntado e respondido”, salienta. “As autoridades que n\u00e3o reconheceram o feito teriam sido, de certeza, as primeiras a apontar o dedo caso falhasse”, conclui.<\/p>\n

JN<\/a>\/MS<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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