{"id":41768,"date":"2019-08-02T10:53:17","date_gmt":"2019-08-02T14:53:17","guid":{"rendered":"http:\/\/mileniostadium.com\/?p=41768"},"modified":"2019-08-02T10:53:17","modified_gmt":"2019-08-02T14:53:17","slug":"para-la-do-sonho-a-vida-real","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/mileniostadium.com\/temas-de-capa\/para-la-do-sonho-a-vida-real\/","title":{"rendered":"Para l\u00e1 do sonho\u2026 a vida real"},"content":{"rendered":"

Ser desportista profissional \u2013 seja em que modalidade for \u2013 \u00e9 para muitos jovens um sonho. Primeiro movido pela paix\u00e3o pura \u00e0 atividade f\u00edsica, de uma forma geral, e \u00e0quela modalidade em particular. Mais tarde o sonho passa a ser alimentado pelo fasc\u00ednio pelas vidas, de riqueza mais do que evidente, dos seus \u00eddolos.<\/strong><\/p>\n

O sonho passa ent\u00e3o a dormir numa cama feita de ilus\u00e3o \u2013 que leva tantos a pensar que tamb\u00e9m eles atingir\u00e3o a fama que os transportar\u00e1 para uma vida glamorosa e rica.<\/p>\n

Efetivamente a percentagem dos que enriquecem \u00e0 custa da sua habilidade f\u00edsica \u00e9 infinitamente pequena, quando enquadrada no total de jovens que alimentam esse sonho, carregado de ilus\u00e3o. \u00c9 que n\u00e3o basta ter talento \u2013 ser\u00e1 necess\u00e1rio ter cabe\u00e7a para gerir uma vida profissional sempre muito curta e, ainda por cima, \u00e9 preciso ter sorte. Sorte porque o f\u00edsico se mant\u00e9m forte \u2013 sem que as les\u00f5es o destruam em segundos; sorte porque \u201cn\u00e3o h\u00e1 campe\u00f5es sem ela\u201d; e sorte porque h\u00e1 escolhas que se fazem na vida que resultam bem ou mal conforme o \u201calinhamento das estrelas\u201d.<\/p>\n

Trago-vos a este prop\u00f3sito duas hist\u00f3rias de vida \u2013 dois desportistas profissionais que podemos considerar \u201cdiferentes\u201d. Por um lado, porque trabalham num mercado de trabalho que os compra e vende, determinando assim muito do seu percurso. Um mercado dominado por agentes que vivem \u00e0 custa do talento dos que representam, mas que s\u00e3o considerados essenciais (pelo menos por alguns\u2026) para lhes garantirem um futuro na vida profissional que escolheram. Mas o que marca a diferen\u00e7a nestes dois desportistas \u00e9 a evidente sensatez. \u00c9 terem tido a consci\u00eancia de que precisavam de garantir o futuro, quando o talento desportivo se perder no meio de les\u00f5es ou a idade come\u00e7ar a pesar demasiado e a prender movimentos.<\/p>\n

Estes dois desportistas apostaram no seu sonho, mas n\u00e3o deixaram de investir na sua forma\u00e7\u00e3o acad\u00e9mica. O sonho concretizou-se, pelo menos, parcialmente \u2013 s\u00e3o ambos profissionais que t\u00eam ganhado a vida a fazer o que mais gostam, mas a consci\u00eancia da efemeridade da profiss\u00e3o que escolheram manteve-lhes os p\u00e9s bem assentes na terra.<\/p>\n

Deste modo, Tarantini e Brian Ofori garantem que \u201ch\u00e1 mais vida\u201d para l\u00e1 do futebol ou basquetebol e n\u00e3o correm o risco de engrossar a lista dos que de uma boa vida (\u00e0s vezes mesmo muito boa!!) passaram para a situa\u00e7\u00e3o de vida miser\u00e1vel.<\/p>\n

Madalena Bal\u00e7a<\/strong><\/p>\n

\"\"<\/p>\n

Name: Brian Ofori<\/strong>
\nBasketball player<\/strong>
\nMontreal, Canada<\/strong>
\nAge: 27 years old<\/strong>
\nEducation: Bachelor degree in psychology, a diploma in general social sciences and a certificate in public relations. <\/strong>
\nPlayed in:<\/strong>
\nCanada: University of Regina and others<\/strong>
\nUSA: Brookwood Elite<\/strong>
\nBritish Virgin Islands: St. Vincent national team<\/strong>
\nSpain: Iraurgi<\/strong>
\nPortugal: Sampaense<\/strong><\/p>\n

Mil\u00e9nio Stadium: When did you feel like you needed an agent to manage your career?<\/strong>
\nBrian Ofori:<\/strong> Ever since I graduated from university. As a player in north\u2019s America who is looking to play in other regions of the world, it is almost essential that you have an agent or someone who can represent you in other parts of the world. Agents have a list of contacts world wide and therefore make it easier to get connected to various clubs.<\/p>\n

MS: What kind of agreement do you have with him?<\/strong>
\nBO:<\/strong> Our agreement is a standard agreement. He will find me jobs playing basketball in leagues worldwide, and as compensation he gets 10% of my total salary.<\/p>\n

MS: You\u2019re an international basketball player, who\u2019ve been playing in different countries. What moves you: the love for the game or the love for money?<\/strong>
\nBO:<\/strong> It\u2019s almost a combination of both. The love of the game is what got me this far and has given me the strength needed to grind through difficult times. My love for money or more specifically traveling is what makes me want to continue to work hard so I can extend my career and see and experience the world around me.<\/p>\n

MS: When your agent is negotiating your future, do you feel like you\u2019re just like merchandise in the market?<\/strong>
\nBO:<\/strong> It\u2019s more so as an employee for that business. My agent advertises me as an employee that can most benefit the particular business most interested in a player such as myself.<\/p>\n

MS: Do you consider your agent also your friend?<\/strong>
\nBO:<\/strong> I consider my agent a partner. He gets paid if I get paid. The more I get paid, the more he gets paid. So our partnership allows for appropriate communication that isn\u2019t too formal but also gets the job done.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

Nome: Tarantini <\/strong>
\nJogador de futebol<\/strong>
\nGesta\u00e7\u00f4, Bai\u00e3o, Portugal<\/strong>
\nIdade: 35 anos<\/strong>
\nForma\u00e7\u00e3o acad\u00e9mica: Licenciatura em Desporto, Mestrado em Ci\u00eancias da Educa\u00e7\u00e3o, Doutorando na \u00e1rea \u201cTransi\u00e7\u00f5es de carreira no desporto\u201d<\/strong>
\nClubes representados:<\/strong>
\nAmarante<\/strong>
\nS.C. Covilh\u00e3<\/strong>
\nGondomar SC<\/strong>
\nPortimonense<\/strong>
\nRio Ave (h\u00e1 12 \u00e9pocas seguidas)<\/strong><\/p>\n

A escolha de vida profissional<\/span><\/h2>\n

\u201cSempre quis ser jogador de futebol. Nunca fui um mago da bola, mas tinha uma enorme vontade de triunfar, de jogar nos grandes palcos do futebol portugu\u00eas. Entre derrotas, empates e vit\u00f3rias continuo a viver o sonho h\u00e1 16 anos sempre com a alegria e as maravilhosas sensa\u00e7\u00f5es que este jogo me d\u00e1.\u201d<\/p>\n

Percurso escolar <\/span><\/h2>\n

\u201cGosto de projetar a vida desafiando-me constantemente a alcan\u00e7ar objetivos que me permitam sentir o caminho do sucesso. Para tal equacionei desde sempre a educa\u00e7\u00e3o como um forte pilar na minha vida. Na Universidade da Beira Interior conclu\u00ed as licenciaturas em Ci\u00eancias do Desporto e Educa\u00e7\u00e3o F\u00edsica e Desporto Escolar, o mestrado na \u00e1rea do futebol, sendo atualmente doutorando na \u00e1rea das transi\u00e7\u00f5es de carreira. Em 2016 criei \u201cA Minha Causa\u201d, um projeto que est\u00e1 a despertar uma gera\u00e7\u00e3o de pessoas por todo o pa\u00eds, seja atrav\u00e9s de palestras, investiga\u00e7\u00e3o, document\u00e1rios ou livro. Acredito que o meu percurso possa servir de inspira\u00e7\u00e3o para outros transformarem os seus sonhos em inten\u00e7\u00f5es.\u201d<\/p>\n

12 \u00e9pocas a jogar no Rio Ave <\/span><\/h2>\n

\u201cO sonho de jogar por um clube maior existe, mas a oportunidade \u00e9 cada vez mais estreita. Em 2014, a grande \u00e9poca do Rio Ave, tive convites da Gr\u00e9cia, It\u00e1lia e Ir\u00e3o, mas de clubes que fossem bons para a minha carreira… \u201cVais resolver o resto da tua vida?\u201d, perguntou-me a minha mulher [que \u00e9 m\u00e9dica]. A conclus\u00e3o f\u00e1cil foi: n\u00e3o. E trocar por trocar n\u00e3o faz sentido, nem mesmo por mais dinheiro.\u201d
\nOs desportistas profissionais e os estudos
\n\u201cInfelizmente os jogadores de futebol ao n\u00edvel da forma\u00e7\u00e3o acad\u00e9mica s\u00e3o limitados. Segundo disse h\u00e1 tempos o presidente do Sindicato dos Jogadores numa entrevista, apenas 4% dos jogadores em Portugal t\u00eam uma licenciatura. Nos ol\u00edmpicos, 65% dos nossos atletas presentes no Brasil tinham licenciatura ou frequ\u00eancia do ensino superior. E n\u00e3o se pode dizer que os futebolistas s\u00e3o profissionais e os outros atletas de alta competi\u00e7\u00e3o n\u00e3o. \u00c9 mentira. Nem se pode utilizar a desculpa de o futebol ser o jogo coletivo. Temos muito tempo livre. Admito que nas modalidades individuais haja mais agilidade de tempo, mas tamb\u00e9m cumprem hor\u00e1rios.\u201d<\/p>\n

Os jogadores, os seus agentes e os milh\u00f5es<\/strong><\/span><\/h2>\n

\u201cEm geral, acreditam que algu\u00e9m vai fazer alguma coisa por eles, quando o mais importante \u00e9 o que fazemos por n\u00f3s pr\u00f3prios. Mas h\u00e1 agentes s\u00e9rios e competentes. Em Portugal, 90% dos profissionais de futebol ganham em m\u00e9dia \u20ac50 mil l\u00edquidos\/ano. Os outros 10% t\u00eam ordenados bem acima. A disparidade \u00e9 muito grande. Nas maiores ligas europeias s\u00e3o valores bastante mais elevados. H\u00e1 uma tend\u00eancia para generalizar os jogadores como estrelas. O futebol \u00e9 uma bolha, um mundo \u00e0 parte, mas se esses valores s\u00e3o praticados \u00e9 porque o futebol gera milh\u00f5es. Costumo dizer que somos palha\u00e7os num circo de milh\u00f5es, por isso devemos ser bem pagos. Se o Cristiano Ronaldo ganha o que ganha \u00e9 porque merece e porque os clubes fazem muito dinheiro com ele.\u201d<\/p>\n

Tarantini in Declara\u00e7\u00f5es feitas a diversos org\u00e3os de comunica\u00e7\u00e3o<\/em><\/h6>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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