{"id":29132,"date":"2019-03-05T11:06:30","date_gmt":"2019-03-05T16:06:30","guid":{"rendered":"http:\/\/mileniostadium.com\/?p=29132"},"modified":"2019-03-05T11:06:30","modified_gmt":"2019-03-05T16:06:30","slug":"ha-100-anos-a-batalha-era-de-flores","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/mileniostadium.com\/autonomias\/acores\/ha-100-anos-a-batalha-era-de-flores\/","title":{"rendered":"H\u00e1 100 anos a batalha era de flores"},"content":{"rendered":"

H\u00e1 100 anos a tradicional batalha de Carnaval nas ruas de Ponta Delgada era de flores. Na edi\u00e7\u00e3o do \u201cDi\u00e1rio dos A\u00e7ores\u201d dessa altura, a 1 de Mar\u00e7o de 1919, fomos encontrar a not\u00edcia dos preparativos para a batalha, que rezava assim: \u201cCausou o mais vivo entusiasmo no nosso meio a batalha de flores promovida pela nossa briosa acad\u00e9mica em benef\u00edcio da sua benem\u00e9rita Caixa Escolar. Consta-nos que todos os carros e autom\u00f3veis desta cidade est\u00e3o tomados para o pr\u00f3ximo domingo, 2 de Mar\u00e7o, dia da batalha. S\u00e3o 3 as bandas de m\u00fasica que executar\u00e3o um brilhante repert\u00f3rio durante a batalha, que come\u00e7a ao meio dia. A academia acha-se muito reconhecida para com s. ex\u00aa o sr. Almirante Dunn que gentilmente cedeu aos estudantes os grandes e pequenos \u2018camions\u2019 que ser\u00e3o vistosamente enfeitados e onde diversos grupos de estudantes dar\u00e3o \u00e0 batalha o entusiasmo juvenil das suas idades. Pedem-nos para prevenir que os carros aleg\u00f3ricos ter\u00e3o entrada franca pela Avenida Roberto Ivens, carruagens, os autom\u00f3veis pagar\u00e3o de entrada 1$25, os cavaleiros e bicicletas pagar\u00e3o $65,5 e tanto as carruagens e autom\u00f3veis como os cavaleiros e ciclistas entrar\u00e3o pela rua d\u2019Esperan\u00e7a; os pe\u00f5es pagar\u00e3o $12,5 de entrada. Mais uma vez felicitamos a academia pela sua iniciativa e congratulamo-nos por termos, neste jornal, aventado a ideia deste interessante divertimento carnavalesco que teve o mais entusiastico acolhimento\u201d.<\/p>\n

O dia da batalha<\/strong><\/p>\n

No dia 3 de Mar\u00e7o de 1919, dia seguinte \u00e0 batalha de flores, o \u201cDi\u00e1rio dos A\u00e7ores\u201d relatava o evento da seguinte forma: \u201cPosto houvesse sido organizada esta festa quasi \u00e0 \u00faltima hora, por assim dizer, pela nossa briosa academia, alcan\u00e7ou ela ainda assim um bom exito no duplo sentido a sua realiza\u00e7\u00e3o. Pouco depois da hora anunciada come\u00e7ou o grande entusiasmo entre as \u201cgentis lutadoras\u201d e os demais \u201ccombatente do entrudo\u201d que n\u2019alguns carros alegremente, foram \u00e0 \u201cbatalha\u201d, apenas destoando esta por algumas desformes e improprias seringas d\u2019agua n\u2019aquela festa de flores, \u201cconfetti\u201d e bisnagas. Por momentos o combate entre os entrudantes atinge o delirio.<\/p>\n

O numero de carros enfeitados, entre os quais alguns \u2018camions\u2019 da base naval americana gentilmente cedidos para aquela festa, foi relativamente grande. Sua ex\u00aa o sr. almirante H. O. Dunn tamb\u00e9m ali compareceu, num automovel elegantemente ornamentado com bandeiras americanas e portuguezas, e egualmente o sr. governador civil, nosso amigo sr. dr. Francisco Luiz Tavares, ali esteve, juntamente com s. ex\u00aa esposa e filhinhos, n\u2019um carro, entrudando animadamente.<\/p>\n

Durante esta \u201cbatalha de flores\u201d tocaram, sucessivamente, no kiosque as bandas de musica \u201cUni\u00e3o Fraternal\u201d, do Regimento de Infantaria n\u00ba 26, e da base naval americana. Foi pena ter-se transtornado o tempo por cerca das trez horas, amea\u00e7ando chuva; no entanto a batalha ainda continuou por mais de uma hora com vivo entusiasmo. A receita bruta foi de tresentos e tantos escudos. Agradecendo a amavel oferta dos bilhetes que foram enviados a esta redac\u00e7\u00e3o, novamente felicitamos os simp\u00e1ticos promotores\u201d.<\/p>\n

Outra batalha em Vila Franca do Campo Noutra edi\u00e7\u00e3o de h\u00e1 100 anos, o \u201cDi\u00e1rio dos A\u00e7ores\u201d d\u00e1 conta de outro evento de Carnaval em Vila Franca do Campo, nos seguintes termos: \u201cEm Vila-Franca n\u00e3o passou sem comentario o carnaval. A sua nota principal foi uma batalha de flores que durou toda uma tarde, bastante renhida no Largo da matriz, entre meninas da vila e arredores e os alunos do instituto vila-franquense, e um baile de m\u00e1scaras muito luzido e animado. De ambas as festas foi anfitri\u00e3o o sr. Ant\u00f3nio J. d\u2019Arruda que bem merece ser felicitado e encorajado para novas demonstra\u00e7\u00f5es de um carnaval civilisado n\u00e9sta ilha, onde n\u00e3o escasseiam elementos de toda a ordem para festas de tal genero se efectuarem com brilho. Desejamos o carnaval despido das suas antigas brutalidades, que muitas vezes eram verdadeiras selvejarias, mas desejamos que viva, que permane\u00e7a, amoldado aos novos tempos\u201d.<\/p>\n

Balhata das Limas sai hoje \u00e0 rua<\/strong><\/p>\n

Um s\u00e9culo depois, a tradi\u00e7\u00e3o da batalha mant\u00e9m-se, mas as flores deram lugar \u00e0 \u00e1gua. A investigadora Creusa Raposo, numa entrevista dada ao Di\u00e1rio dos A\u00e7ores, recorda que a esta tradi\u00e7\u00e3o a\u00e7oriana de Carnaval \u201cvem de um passado n\u00e3o muito distante e de caracter\u00edsticas mais rudes e violentas\u201d.<\/p>\n

\u201cEstas brincadeiras eram frequentemente mencionadas como arcaicas e brutas no s\u00e9culo XIX e foram referenciadas por Gaspar Frutuoso atrav\u00e9s de jogos com laranjas e ovos na ilha de S\u00e3o Miguel. Foram condenadas e alvo de multas ao serem arremessadas contra a prociss\u00e3o de S\u00e3o Sebasti\u00e3o, por exemplo. Ao longo do tempo foram utilizados igualmente farinha, milho, tremo\u00e7os e sobretudo \u00e1gua\u201d, salientou.<\/p>\n

\u201cInicialmente despejada em baldes ou alguidares, no s\u00e9c. XIX a documenta\u00e7\u00e3o faz refer\u00eancia \u00e0 sua utiliza\u00e7\u00e3o em seringas, bisnagas e pequenos recipientes de cera com \u00e1gua\u201d. A Batalha das Flores surgiu, altura, para acabar com o esp\u00edrito de viol\u00eancia das comemora\u00e7\u00f5es, mas n\u00e3o teve sucesso, acrescentou Creusa Raposo: \u201cNuma tentativa de desaparecimento gradual da viol\u00eancia, realizou-se nas tr\u00eas cidades principais da regi\u00e3o a Batalha das Flores, que se caracterizava essencialmente por um desfile de carros alusivos ao Carnaval decorados por flores, mas que n\u00e3o se enraizou\u201d.<\/p>\n

\u201cO Entrudo continuou com um cariz violento, mas diminuiu conforme as diferentes conjunturas, atrav\u00e9s de outras divers\u00f5es como os desfiles de carros aleg\u00f3ricos\u201d, frisou ainda.<\/p>\n

Actualmente, em Ponta Delgada, realiza-se a Batalha das Limas, em que os \u201cguerreiros\u201d saem em cami\u00f5es apetrechados de milhares de sacos de \u00e1gua para arremessarem entre si, fazendo recordar uma verdadeira batalha. Todos os anos, na Ter\u00e7a-feira de Carnaval, esta tradi\u00e7\u00e3o repete-se e este ano n\u00e3o ser\u00e1 excep\u00e7\u00e3o, sendo considerada por muitos um dos pontos altos do Carnaval nesta cidade.<\/p>\n

Hoje, ser\u00e3o nove os cami\u00f5es a sair \u00e0 rua para a \u201cgerra da \u00e1gua\u201d, num total de oito equipas. A partir das 14h00, a Avenida Infante D. Henrique vai transformar-se num campo de batalha.<\/p>\n

As equipas participantes s\u00e3o os Santa Canalha (Santa Clara), a equipa de S\u00e3o Jos\u00e9 (esta, com dois cami\u00f5es), os Bombeiros de Ponta Delgada, Bad Boys (S\u00e3o Roque), F\u00faria Azul (Livramento), Faj\u00e3 de Baixo, Ros\u00e1rio da Lagoa e os Mercen\u00e1rios (Pico das Canas – S\u00e3o Roque).<\/p>\n

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