{"id":110553,"date":"2023-12-01T13:09:21","date_gmt":"2023-12-01T18:09:21","guid":{"rendered":"https:\/\/mileniostadium.com\/?p=110553"},"modified":"2023-12-01T13:10:04","modified_gmt":"2023-12-01T18:10:04","slug":"conselho-das-comunidades-portuguesas-laurentino-esteves-eleito-pela-comunidade","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/mileniostadium.com\/local\/comunidade\/conselho-das-comunidades-portuguesas-laurentino-esteves-eleito-pela-comunidade\/","title":{"rendered":"Conselho das Comunidades Portuguesas: Laurentino Esteves eleito \u201cPela Comunidade\u201d"},"content":{"rendered":"

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As elei\u00e7\u00f5es aconteceram no passado domingo, dia 26 de novembro \u2013 os portugueses, residentes na \u00e1rea jurisdicional do Consulado Portugu\u00eas de Toronto (Ont\u00e1rio, Manitoba e Nunavut) passaram a ter um Conselheiro que os representar\u00e1 no Conselho da Comunidades Portuguesas – Laurentino Esteves.<\/strong><\/p>\n

O que o levou a candidatar-se? Como constituiu a sua equipa? E o que tem como principais prioridades neste cargo? Estas e outras perguntas nortearam a conversa com algu\u00e9m que gra\u00e7as \u00e0 sua liga\u00e7\u00e3o \u00e0 atividade das associa\u00e7\u00f5es e clubes, a sua dedica\u00e7\u00e3o \u00e0 promo\u00e7\u00e3o da cultura popular portuguesa (com destaque para o folclore), e ainda o seu envolvimento com o mundo da pol\u00edtica, dispensa apresenta\u00e7\u00f5es, de tal modo Laurentino Esteves \u00e9 bem conhecido na comunidade.<\/p>\n

Mil\u00e9nio Stadium: Porque se candidatou para ser Conselheiro da comunidade portuguesa aqui residente no Ont\u00e1rio, Manitoba e Nunavut? Qual foi a sua grande motiva\u00e7\u00e3o?<\/strong>
\nLaurentino Esteves:<\/strong> Desde 2007 que n\u00e3o h\u00e1 conselheiros eleitos nesta \u00e1rea de Toronto e eu n\u00e3o compreendo que uma comunidade desta dimens\u00e3o e desta representatividade n\u00e3o tenha nenhum representante no Conselho das Comunidades. Portanto, vendo aqui uma lacuna e como eu j\u00e1 tinha experi\u00eancia no conselho anterior, eu fui Conselheiro entre 1997 e 2007, portanto, s\u00e3o 10 anos de experi\u00eancia, entendi que era tempo de voltarmos a ter conselheiros eleitos para esta \u00e1rea e, portanto, reuni uma equipa de seis pessoas, tr\u00eas candidatos efetivos e tr\u00eas suplentes para colmatar essa lacuna, que me parecia refletia a falta de visibilidade da nossa realidade e eu quero que a minha comunidade seja vista, achada e considerada.<\/p>\n

MS: S\u00f3 apareceu uma lista, n\u00e3o \u00e9? E mesmo assim… tanto quanto sei o Laurentino teve alguma dificuldade em encontrar pessoas que reunissem as condi\u00e7\u00f5es necess\u00e1rias para fazerem parte da sua equipa. O que \u00e9 que se passa com a comunidade portuguesa? Neste contexto em que estamos a falar, naturalmente. <\/strong>
\nLE:<\/strong> H\u00e1 uma enorme apatia pol\u00edtica e, portanto, embora isto n\u00e3o seja pol\u00edtico, mas h\u00e1 a falta de envolvimento da comunidade. Depois h\u00e1 tamb\u00e9m falta de portugueses e luso-canadianos recenseados nos cadernos eleitorais do Consulado. E o Conselho das Comunidades apoia-se nos cadernos eleitorais, ou seja, s\u00f3 pode votar ou ser votado quem estiver devidamente recenseado nos cadernos eleitorais do Consulado nesta \u00e1rea. Al\u00e9m disso, a lista, para ser validada teria que ter tr\u00eas homens e tr\u00eas mulheres. Isto aplica-se aos candidatos efetivos e aos suplentes. E ainda para cabo dos trabalhos, nenhum candidato podia ser seguido de outro candidato do mesmo sexo, ou seja, os tr\u00eas candidatos efetivos teriam que ser homem, mulher, homem ou vice-versa. Mulher, homem, mulher e nos suplentes \u00e9 a mesma coisa. Portanto, isto j\u00e1 torna dif\u00edcil conseguir a lista. Depois s\u00e3o precisas tamb\u00e9m 75 assinaturas… a lei diz que tem que ser 2% dos recenseados nos cadernos eleitorais ou, no m\u00ednimo, que \u00e9 o nosso caso, no m\u00ednimo 75 assinaturas, tamb\u00e9m de pessoas recenseadas nos cadernos eleitorais. Portanto, tudo isto torna o processo dif\u00edcil. E depois h\u00e1 o tempo que tivemos. Ou seja, eu sabia de antem\u00e3o que as elei\u00e7\u00f5es poderiam acontecer este ano. Essa foi uma promessa do senhor Secret\u00e1rio de Estado das Comunidades e o senhor Presidente, quando esteve c\u00e1 em Toronto na comemora\u00e7\u00e3o dos 70 anos, teve o cuidado de alertar publicamente para as elei\u00e7\u00f5es do Conselho das Comunidades. Ora, os portugueses residentes se calhar n\u00e3o prestaram aten\u00e7\u00e3o e alguma comunica\u00e7\u00e3o social menos atenta tamb\u00e9m n\u00e3o, o que dificultou o processo. Portanto, eu sabia que as elei\u00e7\u00f5es que iam acontecer este ano n\u00e3o sabia quando. Quando depar\u00e1mos com a data 26 de novembro, tivemos que em muito pouco tempo reunir as condi\u00e7\u00f5es para apresentar esta candidatura. E talvez seja por isso tamb\u00e9m, n\u00e3o s\u00f3 a apatia pol\u00edtica, mas tamb\u00e9m a dificuldade em p\u00f4r de p\u00e9 uma lista, porque de facto \u00e9 dif\u00edcil.<\/p>\n

MS: Mas essa quest\u00e3o da apatia leva-me a uma outra pergunta \u00f3bvia que \u00e9: o que \u00e9 que est\u00e1 a afastar os portugueses aqui residentes da participa\u00e7\u00e3o c\u00edvica, da participa\u00e7\u00e3o em elei\u00e7\u00f5es, de Portugal, afinal de contas?<\/strong>
\nLE:<\/strong> S\u00e3o v\u00e1rios os fatores. Primeiro, e esta \u00e9 uma constata\u00e7\u00e3o que eu fa\u00e7o a t\u00edtulo pessoal e que j\u00e1 fa\u00e7o h\u00e1 muito tempo, enquanto os portugueses na Europa est\u00e3o ali mais perto, mais envolvidos, mais convocados para prestar aten\u00e7\u00e3o a Portugal, n\u00f3s estamos aqui do outro lado, no norte da Am\u00e9rica e, \u00e0s vezes, vamo-nos acomodando e dizendo \u2013 \u201cBom, isto passa-se l\u00e1 em Portugal, t\u00e3o longe. Eu estou aqui deste lado, n\u00e3o tenho nada a ver com isso e n\u00e3o quero saber\u201d. Esta \u00e9 uma realidade que eu constato falando com as pessoas no dia a dia, nas associa\u00e7\u00f5es… e sempre que posso falo com as pessoas. Em todo o caso, agora at\u00e9 vem a atalhe de foice, a falta de conselheiros na comunidade tamb\u00e9m n\u00e3o ajuda, porque uma das miss\u00f5es do Conselho e eu espero que possamos fazer isso a seu tempo e tamb\u00e9m a alertar os portugueses e luso-canadianos para se envolverem, porque n\u00e3o estando envolvidos, n\u00e3o contamos. O Governo portugu\u00eas quando olha para as comunidades no mundo, baseia-se em dados, n\u00e3o se baseia em boatos ou no diz que disse. Portanto, qualquer governo, seja ele qual for, vai basear-se nos dados que os consulados lhes transmitem. Ora, se os portugueses n\u00e3o est\u00e3o recenseados, automaticamente, quando o Governo faz pol\u00edticas dirigidas \u00e0s comunidades, baseia-se nos que est\u00e3o recenseados, naqueles que contam. N\u00f3s sabemos que aqui existe uma enorme comunidade, mas posso dizer-lhe que recenseados inscritos no consulado s\u00e3o poucos, pouco mais de 39.000. Ora, isto diz muito da tal apatia de que lhe falei h\u00e1 pouco.<\/p>\n

MS: Agora que j\u00e1 foi eleito, quais s\u00e3o as suas prioridades mais imediatas?<\/strong>
\nLE:<\/strong> Olhe, a primeira preocupa\u00e7\u00e3o \u00e9, naturalmente, cumprir a lei e organizar o Conselho. Como sabe, no Canad\u00e1 foram eleitos quatro conselheiros, tr\u00eas por Toronto, um por Montreal, em Vancouver n\u00e3o apareceu lista nenhuma, infelizmente. E, portanto, \u00e9 com estes quatro conselheiros que n\u00f3s teremos que trabalhar com o Conselho das Comunidades Portuguesas no Canad\u00e1. Depois teremos que nos organizar a n\u00edvel de Norte Am\u00e9rica, porque os sete conselheiros eleitos, creio que s\u00e3o sete eleitos nos Estados Unidos, far\u00e3o com os quatro do Canad\u00e1 um Conselho Regional da Am\u00e9rica do Norte. Com as dificuldades que s\u00e3o not\u00f3rias, neste momento, em Portugal, n\u00e3o sei se o Plen\u00e1rio do Conselho ser\u00e1 chamado antes das elei\u00e7\u00f5es de 10 de mar\u00e7o. \u00c9 poss\u00edvel. O Governo est\u00e1 em plenas fun\u00e7\u00f5es, ainda que em gest\u00e3o, e \u00e9 poss\u00edvel que o Secret\u00e1rio de Estado das Comunidades queira fazer o plen\u00e1rio antes das elei\u00e7\u00f5es, mas tamb\u00e9m o pode fazer depois. Mas a verdade \u00e9 que n\u00f3s s\u00f3 tomaremos posse em Lisboa, na pr\u00f3xima reuni\u00e3o do plen\u00e1rio, que n\u00e3o sabemos quando ser\u00e1. Tomando posse no plen\u00e1rio, ser\u00e1 tamb\u00e9m composto o Conselho Permanente das Comunidades, onde o Norte Am\u00e9rica tem direito a dois lugares. Neste Conselho permanente, eu espero que esses dois lugares sejam divididos entre o Canad\u00e1 e os Estados Unidos. Portanto, dito isto, a minha miss\u00e3o imediata e creio que a dos meus colegas: teremos que reunir brevemente. N\u00f3s os efetivos eleitos e, mesmo n\u00e3o estando a lei essa obrigatoriedade, eu fa\u00e7o quest\u00e3o de me apoiar tamb\u00e9m nos suplentes. Ou seja, a equipa que eu escolhi n\u00e3o foi s\u00f3 para ficarem bonitos na fotografia, na lista. Eu fa\u00e7o quest\u00e3o de nos reunirmos todos, apesar de os suplentes n\u00e3o terem direito a voto eu quero contar com as suas opini\u00f5es e as posi\u00e7\u00f5es de cada um deles. Eu acho que a primeira prioridade que n\u00f3s temos \u00e9 alertar, de facto, o Governo portugu\u00eas, para esta grande comunidade que tem um movimento associativo forte, mas com muitas debilidades. Eu j\u00e1 o dizia antes da pandemia, a pandemia veio s\u00f3 p\u00f4r a nu algumas das desigualdades que j\u00e1 existiam, veio, naturalmente, dificultar a vida a muitas associa\u00e7\u00f5es, mas veio de facto, desmascarar j\u00e1 muitas debilidades que j\u00e1 existiam no movimento associativo. Vamos ter o cuidado de, muito em breve, reunir com as associa\u00e7\u00f5es, ouvi-las, saber quais s\u00e3o os seus problemas mais prementes e agir em conformidade depois. Uma das batalhas que eu tenho, mesmo n\u00e3o estando no Conselho, \u00e9 p\u00fablico, sempre que eu posso e sempre que eu tenho voz, defendo que a nossa l\u00edngua portuguesa e a cultura portuguesa s\u00e3o a cola disto tudo. Portanto, teremos que ter tamb\u00e9m, muito em breve, uma reuni\u00e3o com os nossos professores de Portugu\u00eas e com o Instituto Cam\u00f5es para avaliar a situa\u00e7\u00e3o. O ensino de portugu\u00eas \u00e9, quanto a mim, priorit\u00e1rio. \u00c9 da maior import\u00e2ncia e tem que ser apoiado nas suas diferentes vertentes. E as comunidades t\u00eam essa caracter\u00edstica muito peculiar. \u00c9 que alguns problemas s\u00e3o transversais a todas as comunidades, mas em quest\u00f5es de ensino, associa\u00e7\u00f5es e at\u00e9 cultura, cada comunidade tem a sua especificidade e, portanto, eu quero crer que no Canad\u00e1 os problemas do Canad\u00e1 n\u00e3o ser\u00e3o os mesmos da \u00c1frica do Sul, ou da Venezuela, ou da Fran\u00e7a ou da Argentina. Portanto, teremos que ter uma voz ativa, mas tamb\u00e9m uma voz sensata. Portanto, isto muitas vezes n\u00e3o \u00e9 o que faz mais barulho que \u00e9 ouvido. Portanto, n\u00f3s temos que ter a no\u00e7\u00e3o e a dignidade de representar a comunidade com eleg\u00e2ncia, com argumentos, essa tem sido a minha postura ao longo dos anos naquilo que me tenho envolvido.<\/p>\n

MS: Uma das coisas que muita gente desconhece \u00e9 o que \u00e9 que faz, concretamente, o Conselho das Comunidades? <\/strong>
\nLE:<\/strong> O Conselho \u00e9 um \u00f3rg\u00e3o de consulta do Governo portugu\u00eas, portanto \u00e9 um \u00f3rg\u00e3o de apoio ao Governo portugu\u00eas, neste caso ao Minist\u00e9rio Neg\u00f3cios Estrangeiros e ao senhor Secret\u00e1rio de Estado das Comunidades, que s\u00e3o, enfim, os principais visados. Como tudo na vida, o Conselho ser\u00e1 mais ativo ou menos ativo. Depende tamb\u00e9m dos eleitos. Portanto, cada um de n\u00f3s ter\u00e1 din\u00e2micas diferentes, posturas diferentes, atividades diferentes, a\u00e7\u00f5es diferentes. Porque o Conselho \u00e9 preciso que se note \u00e9 de facto um \u00f3rg\u00e3o do Estado portugu\u00eas, mas cada Conselheiro, depois de eleito, tem autonomia pessoal para fazer a\u00e7\u00f5es, para intervir, para participar e para dar o seu contributo. Portanto, o Conselho ser\u00e1 bom ou mau, consoante os eleitos, sejam bons ou maus. O conselho, n\u00e3o sendo ouvido ou n\u00e3o sendo escutado, tamb\u00e9m tem a miss\u00e3o de se fazer ouvir. L\u00e1 est\u00e1 fazendo propostas concretas, fundamentadas para situa\u00e7\u00f5es de necessidade nas suas comunidades, seja ela qual for. Portanto, \u00e9 com essa miss\u00e3o e com essa postura que me apresento ao Conselho das Comunidades.<\/p>\n

Madalena Bal\u00e7a\/MS<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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