{"id":10620,"date":"2018-03-08T21:59:17","date_gmt":"2018-03-09T02:59:17","guid":{"rendered":"http:\/\/mileniostadium.com\/?p=10620"},"modified":"2018-03-08T21:59:17","modified_gmt":"2018-03-09T02:59:17","slug":"novissimas-e-hibridas-cartas-portuguesas","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/mileniostadium.com\/vida-vidas\/entretenimento\/lifestyle\/novissimas-e-hibridas-cartas-portuguesas\/","title":{"rendered":"Nov\u00edssimas e H\u00edbridas Cartas Portuguesas"},"content":{"rendered":"
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Maria Joao Dodman<\/figcaption><\/figure>\n

Quando se fala da democratiza\u00e7\u00e3o portuguesa, raramente se menciona a primavera de 72. \u00c9 nessa primavera que se publicam As Novas Cartas Portuguesas, livro escrito por tr\u00eas mulheres que passariam a ser internacionalmente reconhecidas como as tr\u00eas Marias. As autoras situam a freira Mariana do s\u00e9culo XVII como figura representativa da condi\u00e7\u00e3o feminina da mulher portuguesa na atualidade. Acusadas de pornografia e de corrup\u00e7\u00e3o moral do pa\u00eds, as Marias ser\u00e3o vitimizadas pela ditadura num processo judicial que s\u00f3 se revolver\u00e1 ap\u00f3s o 25 de abril. Por primeira vez, os olhos do mundo e o tribunal da opini\u00e3o publica v\u00ea este pequeno pa\u00eds n\u00e3o como o tal jardim \u00e0 beira-mar de gente humilde, mas felizarda nos seus p\u00e1tios das cantigas, mas sim como um pais retr\u00f3grado e absurdo gerido por uma constitui\u00e7\u00e3o que declarava igualdade para todos, excepto para a mulher. Apesar do grande esc\u00e2ndalo internacional, o caso das tr\u00eas Marias que, ainda hoje \u00e9 o \u00fanico manifesto feminista portugu\u00eas, foi desprezado a favor de outras causas. O facto \u00e9 que o feminismo portugu\u00eas continua a ser uma conversa elitista, um \u201cproblema\u201d de ricas. Mudam-se as pol\u00edticas mas n\u00e3o se mudam as mentalidades! E como n\u00f3s, meus e minhas compatriotas, n\u00e3o viemos dessa elite, de nada nos valeu esse feminismo. Em 2018, vale a pena refletirmos sobre o passado das nossas mulheres e o nosso futuro. Ao celebrar o Dia Internacional da Mulher pensemos naquelas mulheres da nossa comunidade; aquelas de rostos tristes, de olhos vazios e desesperados que se escondem por detr\u00e1s de xailes negros; aquelas que passaram das m\u00e3os do pai para o marido sem qualquer poder de decis\u00e3o; aquelas que deram \u00e0 luz at\u00e9 \u00e0 cova; aquelas que foram abusadas, vitimizadas por homens alco\u00f3licos, desesperados, eles tamb\u00e9m v\u00edtimas, e elas, a \u00faltima col\u00f3nia, conquistada como qualquer col\u00f3nia, a for\u00e7a da viol\u00eancia. Pensemos naquelas mulheres que encontramos na rua que nunca foram nem nunca ir\u00e3o a almo\u00e7os do Dia Internacional da Mulher. Pensemos naquelas mulheres em que, aqui neste pa\u00eds, lhes foi negada igualdade pelos homens da nossa comunidade! \u00c0 educa\u00e7\u00e3o, \u00e0 escolha de uma carreira profissional, a uma simples sa\u00edda com amigas! Ajamos! Recusemo-nos a aceitar estas realidades! Aceitemos as nov\u00edssimas e h\u00edbridas missivas das nossas jovens mulheres. A elas, estas \u00faltimas palavras: sejamos como Maina Mendes, que p\u00f4s ambas as m\u00e3os sobre o corpo e deu um pontap\u00e9 no cu dos outros leg\u00edtimos superiores!<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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