{"id":106089,"date":"2023-05-12T10:58:22","date_gmt":"2023-05-12T14:58:22","guid":{"rendered":"https:\/\/mileniostadium.com\/?p=106089"},"modified":"2023-05-12T10:58:22","modified_gmt":"2023-05-12T14:58:22","slug":"anjo-da-guarda-paulo-neves-de-portugal-para-o-canada","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/mileniostadium.com\/temas-de-capa\/anjo-da-guarda-paulo-neves-de-portugal-para-o-canada\/","title":{"rendered":"Anjo da Guarda \u2013 Paulo Neves: De Portugal para o Canad\u00e1"},"content":{"rendered":"

\"naom_58b805754f013\"<\/a><\/p>\n

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A Cam\u00f5es Square, a partir de s\u00e1bado, 13 de maio, passar\u00e1 a ter mais um motivo de atra\u00e7\u00e3o e orgulho portugu\u00eas. Para al\u00e9m de todos os elementos j\u00e1 existentes, que nos remetem para a hist\u00f3ria da comunidade portuguesa no Canad\u00e1 e refor\u00e7am a import\u00e2ncia dos luso-canadianos na constru\u00e7\u00e3o da sociedade do pa\u00eds que os acolheu, a Pra\u00e7a que liga a College Street com a Crawford, vai expor uma escultura de Paulo Neves, que ficar\u00e1 para todo o sempre a honrar e a recordar os pioneiros, que em 1953 tiveram a coragem de vir desbravar os caminhos da comunidade portuguesa no Canad\u00e1.<\/strong><\/p>\n

Nesta breve conversa, Paulo Neves explica-nos a sua obra e todo o processo desde a conce\u00e7\u00e3o at\u00e9 \u00e0 instala\u00e7\u00e3o de uma obra que, tal como aconteceu com todos os portugueses que aqui viveram ou vivem, teve que atravessar o Atl\u00e2ntico para aqui ficar. Para sempre!<\/p>\n

\"neves-1\"<\/a>Mil\u00e9nio Stadium: O que \u00e9 que o Paulo Neves pretendeu transmitir com a obra que vai ficar eternizada aqui na Cam\u00f5es Square (Crawford e College)?<\/strong>
\nPaulo Neves:<\/strong> Quando me fizeram o pedido ou o desafio para fazer uma pe\u00e7a para comemorar os 70 anos da chegada dos imigrantes de Portugal ao Canad\u00e1, Toronto, mais propriamente, eu fiquei um bocado assim: agora, o que \u00e9 que eu fa\u00e7o? Eu sempre digo que vou fazer exerc\u00edcios mentais quando me fazem desafios assim. Para mim foi um prazer muito grande fazer uma pe\u00e7a para ficar aqui em Toronto, mas na altura n\u00e3o sabia muito bem como \u00e9 que ia resolver esta coisa. Eu tinha que arranjar um tema, n\u00e3o \u00e9? Ent\u00e3o pensei que toda a gente, pelo menos eu desde pequeno tenho esta coisa da rela\u00e7\u00e3o com o meu anjo da guarda. Acho que tenho sempre um anjo que me protege, um anjo que toma conta de mim. E desde pequeno eu dizia aquela ora\u00e7\u00e3o ao fim do dia, antes de me deitar, que era: \u201canjo da guarda, minha companhia, guarda a minha alma de noite e de dia…\u201d. Eu acho que para os portugueses virem para c\u00e1 tinham de ter um anjo da guarda a proteg\u00ea-los. Ent\u00e3o lembrei-me de fazer um anjo da guarda, um grande anjo com cerca de sete metros de altura, com m\u00e1rmore do Alentejo. Vai ter a base mais escura e a parte de cima mais clara. Digamos que fa\u00e7o um degrad\u00ea no anjinho. Come\u00e7a com muito dureza, com muito escuro. E acaba em cima com um rosa e branco.<\/p>\n

MS: No fundo, a base escura trata-se de uma met\u00e1fora relativamente \u00e0 dureza do sair do nosso pa\u00eds… o recome\u00e7ar de vidas que \u00e9 sempre complicado.<\/strong>
\nPN:<\/strong> \u00c9 sempre muito dif\u00edcil. Eu acho que para toda a gente, n\u00e3o \u00e9. No princ\u00edpio achamos que \u00e9 dif\u00edcil, batemos a v\u00e1rias portas e \u00e9 dif\u00edcil algu\u00e9m nos dar trabalho, n\u00e3o \u00e9? Depois as coisas v\u00e3o acontecendo e umas coisas levam a outras e de repente pronto a vida j\u00e1 est\u00e1 mais composta. Mas depois, tamb\u00e9m de repente, j\u00e1 ficas velho… e a tua miss\u00e3o nesta vida est\u00e1 cumprida e partes para outra vida.<\/p>\n

MS: Esta sua obra \u00e9 uma das muitas que est\u00e3o j\u00e1 espalhadas pelo mundo, n\u00e3o \u00e9 verdade?<\/strong>
\nPN:<\/strong> Sim! Tenho pe\u00e7as em muitos lados, desde o Jap\u00e3o, a quase todos os pa\u00edses da Europa. Tenho coisas grandes, em museus, em espa\u00e7os p\u00fablicos e em cole\u00e7\u00f5es particulares. Praticamente tenho trabalhos em todo o mundo tamb\u00e9m porque j\u00e1 trabalho h\u00e1 muito tempo.<\/p>\n

MS: Para um artista \u00e9 complicado trabalhar a pedido?<\/strong>
\nPN:<\/strong> N\u00e3o, n\u00e3o \u00e9 n\u00e3o. Eu gosto! Gosto de desafios e gosto de projetos. Por exemplo, eu agora vou inaugurar em julho, dia 14 de julho, uma exposi\u00e7\u00e3o em Serralves, no Museu de Arte Moderna no Porto, em que fui desafiado tamb\u00e9m para fazer uma exposi\u00e7\u00e3o ali e que tem a ver com os 100 anos de Serralves. E ent\u00e3o, o que \u00e9 que isso desafia? Neste caso, foi um bocado esta coisa do tempo das \u00e1rvores. As \u00e1rvores t\u00eam um tempo, n\u00f3s temos um tempo. As \u00e1rvores tamb\u00e9m morrem… ent\u00e3o esta exposi\u00e7\u00e3o come\u00e7ou um bocado por pegar em \u00e1rvores que j\u00e1 estavam mortas, j\u00e1 tinham ca\u00eddo e dar-lhes uma outra vida. No fundo, faz\u00ea-las ressuscitar. E foi um bocado isso.<\/p>\n

MS: Os materiais que usa habitualmente, Paulo, s\u00e3o exatamente a madeira e a pedra tamb\u00e9m, muito em particular o m\u00e1rmore.<\/strong>
\nPN:<\/strong> \u00c9 sim a madeira, a pedra, neste caso m\u00e1rmore, eu usava muito granito, mas tem muita s\u00edlica e come\u00e7ou a dar-me cabo dos pulm\u00f5es. Ent\u00e3o, optei por trabalhar o m\u00e1rmore e ent\u00e3o trabalho, normalmente, madeira, m\u00e1rmore, bronze, pl\u00e1sticos… no fundo, todos os tipos de materiais, n\u00e3o \u00e9, porque cada material me permite fazer um determinado tipo de coisas. O que se pode fazer em madeira pode ser imposs\u00edvel fazer-se com a pedra.<\/p>\n

MS: Relativamente \u00e0 quest\u00e3o log\u00edstica, o transporte de pe\u00e7as como esta, por exemplo, que veio de Portugal para Toronto, com sete metros de altura… \u00e9 uma das componentes importantes para si. Pensar na forma como as coisas podem correr bem, n\u00e3o \u00e9? De que maneira \u00e9 que podem chegar as pe\u00e7as?<\/strong>
\nPN:<\/strong> J\u00e1 se sabe que a escultura \u00e9 sempre muito mais complicada do que a pintura.<\/p>\n

MS: O momento da montagem, \u00e9 particularmente angustiante, n\u00e3o \u00e9?<\/strong>
\nPN:<\/strong> \u00c9 sempre stressante, \u00e9 sempre um stress. Ser\u00e1 que vai correr bem? Ser\u00e1 que n\u00e3o vai? Ser\u00e1 que v\u00e3o partir isto tudo. A noite passada praticamente nem dormi a pensar em como \u00e9 que ia ser. A grua ser\u00e1 boa? O condutor da grua, o homem da grua \u00e9 bom, sabe trabalhar bem com ela? Porque no fundo temos de trabalhar mesmo, cent\u00edmetro a cent\u00edmetro, quase a mil\u00edmetro, pelos ferros. E colocar as pe\u00e7as umas em cima das outras. E h\u00e1 pessoas que n\u00e3o est\u00e3o muito habituadas a trabalhar com gruas e que s\u00e3o um bocado brutas e eu n\u00e3o controlo muito bem essa coisa. Este projeto foi impec\u00e1vel. O senhor que manobrou a grua era impec\u00e1vel, fez muito bem o trabalho. Com muito cuidado, com muito cuidado. Correu tudo muito bem.
\nMais \u00e0 frente neste jornal (p\u00e1ginas 12 e 13) pode ler a entrevista de Paulo Perdiz com o escultor Paulo Neves e ficar a saber mais sobre o artista e a sua vasta obra.<\/p>\n

Madalena Bal\u00e7a\/MS<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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