![\"editorial](\"https:\/\/mileniostadium.com\/wp-content\/uploads\/2023\/04\/editorialc-milenio-stadium.jpg\")
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O envelhecimento acontece t\u00e3o gradualmente que, por vezes, nem se d\u00e1 por isso. Olhamos para tr\u00e1s, para as fotografias antigas e, \u00e0 medida que os anos passam, notamos o quanto mud\u00e1mos. As ruturas sociais e pessoais s\u00e3o frequentemente um reflexo das nossas vidas e daquilo em que o mundo se tornou, apesar de se ter sucedido de uma forma quase indetet\u00e1vel. O conceito de liberdade hoje, comparado com os \u00faltimos 70 anos, merece ser discutido \u00e0 medida que atravessamos os muitos desafios no decorrer dos nossos anos.<\/strong><\/p>\n Em 2023, celebramos 70 anos de imigra\u00e7\u00e3o oficial para o Canad\u00e1 e o Mil\u00e9nio Stadium est\u00e1 a utilizar este evento para refletir sobre a forma como o mundo tem mudado e como mudou cada um de n\u00f3s, independentemente da nossa idade. Ao olhar-me ao espelho e ao olhar para a minha vida, posso ver e refletir claramente sobre quem sou hoje enquanto tento definir a liberdade experienciada \u00e0 nascen\u00e7a, em compara\u00e7\u00e3o com a liberdade de hoje. Somos uma sociedade em queda livre e para aqueles que viveram v\u00e1rias gera\u00e7\u00f5es e conceitos de liberdade ou pris\u00e3o mental, vale a pena fazer um estudo sobre si pr\u00f3prio, embora hoje a maioria de n\u00f3s possa pensar que nunca estivemos t\u00e3o bem.<\/p>\n Eu era uma crian\u00e7a de algumas das piores condi\u00e7\u00f5es que o mundo tinha para oferecer. Vivia em condi\u00e7\u00f5es de pa\u00edses de terceiro mundo, sem acesso \u00e0s necessidades b\u00e1sicas da vida, desde cedo percebi que o mundo n\u00e3o deve ser igual para todos. A um n\u00edvel micro, at\u00e9 a cidade onde a crian\u00e7a estava a crescer me disse que eu n\u00e3o era igual e que, por isso, teria de sofrer.<\/p>\n Os bar\u00f5es da terra controlavam o meu est\u00f4mago e a minha mente, restringindo a minha capacidade de nutrir, tanto o meu corpo como a minha alma. A devasta\u00e7\u00e3o do fascismo ditava o dia a dia do pobre homem, o sentimento de descartabilidade humana era vis\u00edvel em todos os lugares para onde se olhava.<\/p>\n Os seres humanos eram tratados como carga para transportar sofrimento todos os dias pelos generais opressores daqueles anos. A s\u00edndrome da luta ou da fuga estava em todo o lado, \u00e0 medida que as pessoas procuravam melhores condi\u00e7\u00f5es para viver e criar a gera\u00e7\u00e3o seguinte de combatentes para serem utilizados como m\u00e3o de obra ou para serem enviados para o moinho de carne das guerras coloniais.<\/p>\n O sistema exigia que fossemos oprimidos, mas ao mesmo tempo seguimos as regras de uma igreja na terra e no c\u00e9u, \u00e0 medida que os cobardes do pa\u00eds pregavam a partir dos p\u00falpitos de Lisboa e Santiago.<\/p>\n Os imigrantes que entraram a bordo do Saturnia, h\u00e1 quase 70 anos, eram carga indesejada no pa\u00eds onde nasceram. Os cobardes do pa\u00eds decidiram que a vida no exterior seria melhor para aqueles que n\u00e3o se enquadravam nas normas sociais intelectuais. Enquanto o navio navegava para um destino desconhecido, os que estavam a bordo provavelmente respiravam um suspiro de al\u00edvio e medo ao deixarem as suas fam\u00edlias. Contudo, a esperan\u00e7a por vidas melhores, a pensar que a liberdade dos cobardes estava \u00e0 m\u00e3o e que, na sua ess\u00eancia, a liberdade seria o seu caminho para um novo ato de pensar como se desejaria, sem as algemas limitadoras dos bar\u00f5es da terra ou dos profetas da desgra\u00e7a.<\/p>\n As liberdades pol\u00edticas, econ\u00f3micas e pessoais s\u00e3o os dogmas pelos quais todos devemos viver e essas aspira\u00e7\u00f5es foram levadas a cabo no Saturnia, e por todos aqueles que embarcaram noutros Saturnia para chegar ao lugar em que hoje nos encontramos. Vale a pena o exerc\u00edcio doloroso ou entusiasmante de examinar as nossas liberdades pessoais de hoje, em compara\u00e7\u00e3o com o dia em que nascemos.<\/p>\n Sentir-se-\u00e1 revigorado ou desapontado, mas num mundo controlado por mestres eletr\u00f3nicos e num movimento a ritmo fren\u00e9tico, talvez seja da nossa responsabilidade transmitir e ensinar \u00e0s gera\u00e7\u00f5es mais jovens os v\u00e1rios conceitos de liberdade vividos \u00e0 medida em que se viveu a vida. As guerras e os anseios s\u00e3o instrutores severos quanto ao porqu\u00ea de sermos hoje t\u00e3o piores e t\u00e3o melhores.<\/p>\n A prosperidade material e a riqueza de escolha que ela traz pode parecer uma coisa boa, mas tamb\u00e9m abre muitas possibilidades de escolhas m\u00e1s. Ao agradecer \u00e0queles que abriram o caminho para o Canad\u00e1, pense nos aspetos positivos da sua jornada de barco e no sofrimento que suportaram \u00e0 medida que chegaram.<\/p>\n O seu sacrif\u00edcio n\u00e3o deve ser tomado como garantido, da mesma forma que n\u00e3o deve tomar como garantido o seu.<\/p>\n A liberdade \u00e9 o respeito pela forma como tratamos a sociedade e a tornamos melhor para os outros e n\u00e3o apenas para n\u00f3s pr\u00f3prios. Basta perguntar a cada portugu\u00eas o que o 25 de Abril significa para eles e a sua no\u00e7\u00e3o de liberdade.<\/p>\n —<\/p>\n Aging happens so gradually that sometimes you don\u2019t even notice it. You look back at old photographs and as the years go by you notice how much you changed. Social and personal breakdowns are often a reflection of our lives and what the world has become even though it happened in an almost undetectable manner. The concept of liberty today compared to the past 70 years is worth a discussion as we traverse the many challenges of our years.<\/strong><\/p>\n In 2023 we celebrate 70 years of official immigration to Canada and Milenio Stadium is using this event to reflect on how the world has changed and how it\u2019s changed each of us regardless of how old we are. As I look at myself in the mirror and look back at my life, I can clearly see and reflect on who I am today as I attempt to define the freedom experienced at birth compared to the freedom of today. We are a society in free-fall and for those who have lived through multiple generations and concepts of freedom or mental imprisonment, self-study is worth conducting even though today most of us may think that we have never had it so good.<\/p>\n I was a child of some of the worst conditions the world had to offer. Living in third world country conditions without the basic necessities of life, I soon realized that the world must not be equal for everyone. On a micro level, even the town where the child was growing up told me that I was not equal and for that I would have to suffer. The land barons controlled my stomach and my mind by restricting my ability to nourish both my body and soul. The ravages of fascism dictated every poor man\u2019s days the feeling of human disposability was apparent everywhere you looked. Humans were treated as cargo to transport suffering each day by the oppressive generals of those years. The fight or flight syndrome was everywhere as people searched for better conditions to live in and raise the next generation of fighters to be used as labour or to be sent to the meat grinder of colonial wars. The system required us to be oppressed but at the same time follow the rules of a church on earth and heaven as the cowards of the country preached from the pulpits of Lisbon and Santiago.<\/p>\n Those immigrants who boarded Saturnia nearly seventy years ago were unwanted cargo in the country they were born in. The cowards of the country decided that life outside would be better for those who didn\u2019t fit into intellectual social norms. As the ship sailed to an unknown destination, those aboard probably breathed a sigh of relief and fear in leaving their families. But hoping for better lives thinking that freedom from the cowards was at hand and that at its core freedom would be their way to a new act of thinking as one would wish, without the restraining handcuffs of land barons or the prophets of doom.<\/p>\n Political, economic and personal freedoms are the dogmas by which we should all live and those aspirations were carried in the Saturnia and all of those who boarded other Saturnias to reach the place we are today. It is worth the painful or exhilarating exercise of examining our personal freedoms of today compared to the day we were born. You will feel invigorated or disappointed but in a world controlled by electronic masters and moving at a frantic pace, it is perhaps our responsibility to convey and teach the younger generations the various concepts of freedom experienced as you lived your life. War and wants are stern instructors as to why we are so much worse and so much better today. Material prosperity and the wealth of choice it brings may feel like a good thing but it also opens up the many possibilities of bad choices. As we thank those who opened up the way to Canada, think about the positive aspects of their boat ride and the suffering they endured as they arrived. Their sacrifice should not be taken for granted as you should not take yours today. Freedom is respect of how we treat society and make it better for others, not just ourselves. Just ask every Portuguese what the 25th of April means to them and the notion of liberty.<\/p>\nLook back to go forward<\/h3>\n