{"id":104674,"date":"2023-03-14T08:21:17","date_gmt":"2023-03-14T12:21:17","guid":{"rendered":"https:\/\/mileniostadium.com\/?p=104674"},"modified":"2023-03-14T08:21:17","modified_gmt":"2023-03-14T12:21:17","slug":"um-terco-das-vitimas-de-violencia-conheceram-agressores-nas-redes-e-em-sites-de-encontros","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/mileniostadium.com\/portugal\/um-terco-das-vitimas-de-violencia-conheceram-agressores-nas-redes-e-em-sites-de-encontros\/","title":{"rendered":"Um ter\u00e7o das v\u00edtimas de viol\u00eancia conheceram agressores nas redes e em sites de encontros"},"content":{"rendered":"<p class=\"t-article-content-intro-1\"><strong>Viol\u00eancia dom\u00e9stica no Porto \u00e9 combatida por equipa de especialistas da PSP criada h\u00e1 dez anos.<\/strong><\/p>\n<p>Cerca de 30% das pessoas que recorreram ao Gabinete de Atendimento e Informa\u00e7\u00e3o \u00e0 V\u00edtima (GAIV) da PSP do Porto conheceram os seus agressores nas redes sociais e em sites de encontros amorosos. Por outro lado, 17% das 12.040 v\u00edtimas de viol\u00eancia dom\u00e9stica acompanhadas, nos \u00faltimos dez anos, pelo primeiro organismo policial do pa\u00eds especializado no fen\u00f3meno s\u00e3o homens. Uma percentagem em franco crescimento e que, no ano passado, chegou aos 27%.<\/p>\n<aside class=\"relacionados-no-texto\">\n<section class=\"t-section-list-2 t-content-responsive-1\">\n<header class=\"t-section-title-1\">Os n\u00fameros foram revelados, ao JN, segunda-feira, dia em que o GAIV celebrou uma d\u00e9cada de atividade. &#8220;Hoje, percebemos que muitos crimes de viol\u00eancia dom\u00e9stica ocorrem em rela\u00e7\u00f5es iniciadas nas redes sociais e em sites de encontros amorosos&#8221;, garante o coordenador do GAIV. Segundo o chefe principal Fernando Rodrigues, estes relacionamentos evoluem em poucos meses para uni\u00f5es de facto, mas tamb\u00e9m chegam ao fim t\u00e3o depressa como come\u00e7aram. Muitos, devido a epis\u00f3dios de viol\u00eancia.<\/p>\n<p>&#8220;Depois de terminada a rela\u00e7\u00e3o, os agressores amea\u00e7am as v\u00edtimas com imagens \u00edntimas que estas partilharam durante a fase em que usavam a Internet para se conhecerem melhor. Fazem-no para evitar que a v\u00edtima denuncie o crime&#8221;, explica.<\/p>\n<p>Fernando Rodrigues tem uma justifica\u00e7\u00e3o para esta nova realidade. &#8220;Com a pandemia, as pessoas estavam proibidas de sair de casa e iniciaram rela\u00e7\u00f5es atrav\u00e9s das redes sociais e sites de encontros amorosos. Isto fez com que as pessoas se habituassem a este tipo de relacionamento e que as den\u00fancias de crimes aumentassem, sobretudo, no ano passado&#8221;.<\/p>\n<p><strong>Homossexuais queixam-se<\/strong><\/p>\n<p>O chefe principal anuncia, ainda, um &#8220;aumento de v\u00edtimas de viol\u00eancia dom\u00e9stica do sexo masculino&#8221;. A m\u00e9dia de den\u00fancias feita por homens ao GAIV, na \u00faltima d\u00e9cada, \u00e9 de 17%. Contudo, a percentagem n\u00e3o parou de subir nos \u00faltimos anos. Em 2020, entre as 1101 v\u00edtimas registadas no GAIV, 27% j\u00e1 eram homens. &#8220;Este tipo de v\u00edtimas perdeu a vergonha de denunciar os crimes. Mas, hoje, a PSP tamb\u00e9m \u00e9 uma Pol\u00edcia integral, humana e ao servi\u00e7o de todos os cidad\u00e3os&#8221;, justifica.<\/p>\n<p>A mesma tend\u00eancia registou-se entre casais homossexuais. Se, no ano da cria\u00e7\u00e3o do GAIV, uma \u00fanica v\u00edtima de viol\u00eancia dom\u00e9stica homossexual apresentou queixa, em 2022 foram 20 as que passaram a ser acompanhadas pelos pol\u00edcias da Esquadra do Bom Pastor. &#8220;Estas v\u00edtimas sentem-se, atualmente, muito mais \u00e0 vontade para denunciar os crimes que sofrem&#8221;, afirma Rodrigues.<\/p>\n<p>Em 2013, o GAIV foi uma pedrada no charco, na forma de combater a viol\u00eancia dom\u00e9stica. Pela primeira vez, a PSP formava uma equipa de 17 agentes especialistas no atendimento \u00e0 v\u00edtima, dispon\u00edvel 24 horas por dia, 365 dias do ano. O projeto, desde sempre liderado pelo chefe Fernando Rodrigues, apresentava ainda uma liga\u00e7\u00e3o estreita aos procuradores do Porto dedicados, igualmente, em exclusivo \u00e0 viol\u00eancia dom\u00e9stica.<\/p>\n<p>Logo nos primeiros anos, o GAIV mostrou resultados e impressionou at\u00e9 o presidente da Rep\u00fablica. Em 2019, durante uma visita \u00e0 Esquadra do Bom Pastor, Marcelo Rebelo de Sousa pediu que o projeto fosse replicado no pa\u00eds. O chefe de Estado foi sensibilizado, essencialmente, por um n\u00famero: zero mortes, entre as v\u00edtimas acompanhadas pelo GAIV.<\/p>\n<p>Ontem, dia em que celebrou dez anos, este projeto da PSP do Porto continuava a desfraldar, com orgulho, essa bandeira. Nenhuma das 12.040 v\u00edtimas apoiadas pelo GAIV sucumbiu \u00e0s m\u00e3os dos seus agressores. &#8220;Temos conseguido evitar desfechos dram\u00e1ticos dos casos mais graves&#8221;, congratula-se o chefe principal Fernando Rodrigues.<\/p>\n<p>O mesmo respons\u00e1vel alerta, no entanto, para o aumento da viol\u00eancia neste tipo de crime. &#8220;As pessoas est\u00e3o mais agressivas e, por isso, notamos o crescimento da viol\u00eancia f\u00edsica nos casos sinalizados. Embora continue a predominar a viol\u00eancia psicol\u00f3gica e emocional&#8221;, afirma.<\/p>\n<p><strong>Vergonha<\/strong><\/p>\n<p>Numa d\u00e9cada, o GAIV realizou quase 21 mil atendimentos a v\u00edtimas de viol\u00eancia dom\u00e9stica e realizou 7210 avalia\u00e7\u00f5es de risco. Elaborou tamb\u00e9m 8351 planos de seguran\u00e7a para mulheres e homens atacados pelos respetivos companheiros.<\/p>\n<p>Muitas destas v\u00edtimas n\u00e3o residiam no Porto, \u00e1rea de interven\u00e7\u00e3o desta equipa. &#8220;Moram noutras localidades, mas preferem apresentar queixa no GAIV. S\u00e3o v\u00edtimas que n\u00e3o se encaixam no padr\u00e3o normal, que integram estratos sociais mais elevados e desempenham profiss\u00f5es mais diferenciadas. V\u00eam ao GAIV por vergonha e para n\u00e3o serem reconhecidos nos locais de resid\u00eancia&#8221;, explica Fernando Rodrigues.<\/p>\n<p>Mais de 83% dos queixosos nunca tinham denunciado o agressor.<\/p>\n<p><strong>Queixas online<\/strong><\/p>\n<p>H\u00e1 cada vez mais pessoas a usar as redes sociais da PSP do Porto para denunciar crimes de viol\u00eancia dom\u00e9stica. &#8220;Os denunciantes s\u00e3o familiares e vizinhos das v\u00edtimas ou institui\u00e7\u00f5es atentas&#8221;, declara Fernando Rodrigues.<\/p>\n<p><strong>Cifras negras<\/strong><\/p>\n<p>Apesar dos n\u00fameros alcan\u00e7ados pelo GAIV, estes n\u00e3o retratam a realidade. &#8220;As cifras negras ainda s\u00e3o muito elevadas&#8221;, avan\u00e7a o coordenador do gabinete.<\/p>\n<p><strong>Investiga\u00e7\u00e3o<\/strong><\/p>\n<p>Os pol\u00edcias do GAIV t\u00eam uma liga\u00e7\u00e3o direta \u00e0 Divis\u00e3o de Investiga\u00e7\u00e3o Criminal da PSP, cuja a\u00e7\u00e3o se direciona para o agressor<\/p>\n<\/header>\n<\/section>\n<\/aside>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"<p>Viol\u00eancia dom\u00e9stica no Porto \u00e9 combatida por equipa de especialistas da PSP criada h\u00e1 dez anos. 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