{"id":103269,"date":"2023-01-20T12:18:28","date_gmt":"2023-01-20T17:18:28","guid":{"rendered":"https:\/\/mileniostadium.com\/?p=103269"},"modified":"2023-01-20T12:18:28","modified_gmt":"2023-01-20T17:18:28","slug":"o-amor-e-o-vetor-de-forca-para-tudo-rod-silva","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/mileniostadium.com\/temas-de-capa\/o-amor-e-o-vetor-de-forca-para-tudo-rod-silva\/","title":{"rendered":"“O amor \u00e9 o vetor de for\u00e7a para tudo” – Rod Silva"},"content":{"rendered":"

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Sem muito esfor\u00e7o, conseguir\u00edamos elaborar uma lista de palavras que podem definir a parentalidade – na realidade, uma lista grande demais para caber neste artigo. Mas entre elas h\u00e1 uma que sobressai e que pode, com toda a certeza, resumi-la, sem a reduzir: amor. Criar uma crian\u00e7a \u00e9 dar e receber amor, no seu estado mais puro e verdadeiro.<\/strong><\/p>\n

E se desde os prim\u00f3rdios da hist\u00f3ria humana as rela\u00e7\u00f5es interpessoais se estabeleceram, acima de tudo, por uma quest\u00e3o de sobreviv\u00eancia, fica f\u00e1cil perceber a import\u00e2ncia dos la\u00e7os afetivos que nos ligam uns aos outros. E essa liga\u00e7\u00e3o, quando falamos em parentalidade, acontece quando \u00e9 vivida: ou seja, precisa de ser experienciada para ser aprendida. Nesse sentido, o papel de m\u00e3e ou pai pode de facto ser desempenhado por algu\u00e9m que t\u00e3o simplesmente tenha a vontade e disponibilidade de criar e educar uma crian\u00e7a: que lhe dedique o seu tempo, cuidado, carinho e aten\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Rod Silva, de 52 anos, vive uma rela\u00e7\u00e3o homoafetiva. O seu companheiro, na altura em que o casal se conheceu, fez-lhe saber ter um filho de um relacionamento anterior. Rod, que sempre teve o desejo de ser pai, sentiu no abra\u00e7o que a crian\u00e7a lhe deu a confirma\u00e7\u00e3o de que, ainda que o caminho nem sempre seja f\u00e1cil (e n\u00e3o raras vezes repleto de – ainda mais e maiores – desafios), o amor \u00e9 e sempre ser\u00e1 \u201co vetor de for\u00e7a para tudo\u201d.<\/p>\n

Mil\u00e9nio Stadium: Sei que, no vosso caso, o vosso filho \u00e9 fruto de um anterior relacionamento de um de v\u00f3s. Como \u00e9 que foi o processo de adapta\u00e7\u00e3o?<\/strong>
\nRod Silva:<\/strong> Quando eu conheci o meu companheiro, ele me informou sobre a exist\u00eancia do filho dele. Eu sempre quis ser pai e, portanto, a informa\u00e7\u00e3o culminou por fomentar o nosso conhecimento e posteriormente, na consolida\u00e7\u00e3o do mesmo. O processo de adapta\u00e7\u00e3o foi meio que por osmose, pois assim que eu conheci o nosso filho pessoalmente, o abra\u00e7o que o mi\u00fado me deu funcionou como uma certid\u00e3o de pai e a partir daquele momento eu passei a am\u00e1-lo como meu filho e nada mais me importa.<\/p>\n

MS: Sentiram, em algum momento, algum tipo de discrimina\u00e7\u00e3o por serem um casal homossexual com um filho?<\/strong>
\nRS:<\/strong> Sentimos um certo receio por parte de uma escola cat\u00f3lica, na qual est\u00e1vamos tentando matricular o nosso filho. Eles n\u00e3o se expressaram de forma expl\u00edcita, mas criaram v\u00e1rios empecilhos burocr\u00e1ticos, os quais nos fizeram desistir daquela escola. Contudo, de um modo geral, n\u00e3o sofremos nenhum tipo de preconceito. Pelo contr\u00e1rio, somos muito bem recebidos onde quer que cheguemos e o nosso filho \u00e9 sempre bem visto por todos.<\/p>\n

MS: Foram – ou continuam a ser – confrontados com perguntas inc\u00f3modas de pessoas mais curiosas?<\/strong>
\nRS:<\/strong> O nosso filho n\u00e3o foi adotado. Ele \u00e9 filho biol\u00f3gico do meu companheiro e que passou a ser meu tamb\u00e9m. \u00c0s vezes, nos incomoda o fato de as pessoas perguntarem quando ele foi adotado e como o processo se deu. Mas de forma educada respondemos a todos com presteza, pois as pessoas n\u00e3o s\u00e3o obrigadas a saber sobre o que n\u00e3o conhecem.<\/p>\n

MS: T\u00eam o desejo de, enquanto casal, ter um outro filho? Se sim, t\u00eam algum receio dos desafios que tal decis\u00e3o poderia acarretar?<\/strong>
\nRS:<\/strong> N\u00f3s dois temos uma vontade muito grande de adotarmos uma menina. Assim, ter\u00edamos um casal. No entanto, ainda estamos pensando e ponderando os pr\u00f3s e os contras, pois o meu companheiro tem 48 anos e eu tenho 52. Isso poderia afetar na cria\u00e7\u00e3o da crian\u00e7a, pois j\u00e1 n\u00e3o temos tanta motiva\u00e7\u00e3o como t\u00ednhamos aos 30 anos. E fazendo os c\u00e1lculos cronol\u00f3gicos, ao adotarmos uma crian\u00e7a com pelo menos 5 anos de idade, quando a mesma tiver 15 anos eu, por exemplo, terei 67 anos. E isso certamente me faria n\u00e3o curtir a juventude da crian\u00e7a como ela merece.<\/p>\n

MS: Como veem, atualmente, as condi\u00e7\u00f5es que s\u00e3o dadas aos pais para educarem os seus filhos? Entre eles os apoios (federais e provinciais) que s\u00e3o dados, o tempo e disponibilidade que temos nos dias de hoje, a exist\u00eancia ou n\u00e3o de uma rede de apoio, etc\u2026<\/strong>
\nRS:<\/strong> Aqui no Canad\u00e1, sempre recebemos todo o tipo de apoio (federal e provincial) e de forma irrestrita, pois a lei no Canad\u00e1 \u00e9 igual para todos, independentemente da orienta\u00e7\u00e3o sexual. O nosso filho est\u00e1 sempre recebendo apoio da escola onde estuda (escola p\u00fablica), assim como tem participado dos demais programas governamentais que apoiam os pais e seus filhos. N\u00f3s nos sentimos completamente inclu\u00eddos.<\/p>\n

MS: S\u00e3o muitos os desafios que a decis\u00e3o de ter filhos acarreta – mas consideram que no caso das fam\u00edlias homoparentais eles s\u00e3o ainda mais e maiores?<\/strong>
\nRS:<\/strong> Consideramos que os desafios s\u00e3o maiores, porque as cobran\u00e7as que giram em torno de um casal homoafetivo s\u00e3o muitas, uma vez que somos sempre vistos como dois homens cuidando de uma crian\u00e7a e isso traz, de forma intr\u00ednseca, a desconfian\u00e7a daqueles imbecis e mal informados, os quais n\u00e3o sabem e n\u00e3o procuram se informar a respeito do amor que existe dentro de uma fam\u00edlia homoafetiva. A informa\u00e7\u00e3o ainda \u00e9 o melhor rem\u00e9dio.<\/p>\n

MS: O n\u00famero de crian\u00e7as adotadas por casais homossexuais tem registado um consider\u00e1vel aumento – muito tamb\u00e9m por consequ\u00eancia das altera\u00e7\u00f5es \u00e0s leis que t\u00eam vindo a ser conquistadas ao longo dos anos. Ainda assim, consideram haver, ainda nos dias de hoje, um longo caminho a percorrer?<\/strong>
\nRS:<\/strong> No Canad\u00e1, ao contr\u00e1rio de outros pa\u00edses, o processo de ado\u00e7\u00e3o se torna mais f\u00e1cil, mas n\u00e3o menos exigente. Por\u00e9m, desde que o casal em quest\u00e3o cumpra o que determinam as leis, o processo corre de forma razoavelmente tranquila. Com rela\u00e7\u00e3o ao aumento no n\u00famero de crian\u00e7as sendo adotadas por casais homoafetivos, se d\u00e1 pelo simples fato de que n\u00f3s criamos os filhos que s\u00e3o abandonados ou rejeitados pelos heterossexuais. Seria como uma esp\u00e9cie de conserto social. A crian\u00e7a s\u00f3 tem a ganhar, e muito, quando ela passar a fazer parte de uma fam\u00edlia afetiva, pois o amor \u00e9 o vetor de for\u00e7a para tudo.<\/p>\n

In\u00eas Barbosa<\/a>\/MS<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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