Viagens

Seis países em 2018

Começar um novo ano, sem refletir sobre o ano que nos deixou, não faz sentido. A memória é traiçoeira, temos a tendência para subestimar muito do bom que nos acontece na vida. Porque neste espaço o objetivo é falar de viagens, partilho com os leitores o que este ano de 2018 representou para mim, assim como o significado das minhas andanças pelo mundo.
Excecionalmente, visitei seis países num ano. Nem eu mesma me tinha apercebido ter viajado tanto, até pensar sobre isso.
Muitas pessoas esperam até à idade da reforma para viajar. Não fujo à regra. Sem estar mais subordinada a um horário que me obrigue a ficar no Canadá, meu país adotivo, posso sair num mês qualquer, para um destino que escolher.

Saí de Toronto, a 30 de dezembro de 2017, e aterrei, num país e continente diferentes – Brasil, América do Sul. O final e início do ano foram passados sob o céu estrelado de Florianópolis, na Ilha de Santa Catarina. O verão no hemisfério sul atrai todos os que, como eu, amam o sol e as temperaturas amenas. Há já quase dez anos que, invariavelmente, escolho passar algum tempo nessa ilha, conhecida por “ilha de magia”.

No mês de março, após regressar do Brasil, viajei até à costa do oceano Pacífico para passar uma semana no México. Dececionaram-me as praias de Puerto Vallarta, com águas menos cristalinas do que as do Atlântico, embora tudo o resto me tenha encantado.

Em junho, em vez de viajar diretamente para Portugal, fiz paragens na ida e volta em Inglaterra, para admirar as atrações dessa cidade. Pode-se ir a Londres muitas vezes sem ver tudo. Ninguém se aborrece nessa cidade.

Depois de passar um verão quente e muito agradável no Canadá, voltei a Portugal em setembro, com o objetivo de, durante a estadia, visitar um país africano. A escolha recaiu em Cabo Verde. Concluí ser uma África mais europeizada que a de os outros países africanos que já conhecia.

No regresso de Lisboa a Toronto, optei por permanecer uma semana em Paris, cidade aonde se pode ir dezenas de vezes sem que o encanto desapareça.

Que procuram as pessoas quando viajam? No Canadá, o clima tem muito a ver com o desejo de sair. Quando vim para cá, a minha idade, o trabalho e as responsabilidades de família não foram propícias e não me deixaram muito tempo e disponibilidade para aprender a apreciar desportos de neve. Com a tantos outros imigrantes, esquiar, patinar no gelo, pescar num lago gelado – nada disso me consegue atrair. Incomoda-me ter que calçar meias e botas, agasalhar-me com casaco, gorro, luvas, cachecol. O frio e a falta de sol causam-me tristeza e roubam-me a energia. Ao contrário, o bom tempo, o sol e a proximidade do mar exercem sobre mim um apelo irresistível (sou marujo!)

Com as viagens, procura-se também aprender a conviver com pessoas de mentalidades e civilizações diversas, a apreciar o que temos de positivo no nosso país, a ser humildes e respeitar os hábitos e cultura dos outros. Acredito firmemente que viajar me torna mais compreensiva, tolerante, generosa e grata à vida.

Andar de avião tem mudado imenso ao longo dos meus cinquenta anos de viajante. Lembro-me de comprar voos baratos quando era estudante e de haver um certo encantamento pois voar era algo inusitado. Serviam café e outras bebidas, davam refeições quentes, e havia uma certa consideração no tratamento dos viajantes nos aeroportos. Hoje em dia, andar de avião tornou-se banal, o que tem consequências menos agradáveis. As filas para qualquer dos serviços são infindáveis. Desconfiam de nossa bagagem, de nossa identidade, e somos menos bem servidos dentro do avião.

É preciso gostar muito de viajar para o fazer em classe económica, sujeitando-se a todas as agruras do embarque e da viagem. Apesar de tudo isso, continuo a achar que vale muito a pena.

Manuela Marujo

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