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Lisboa é festa

Cheguei a Lisboa a 14 junho, já depois das famosas marchas populares e dos tradicionais casamentos de Santo António. Apesar disso, sabia que era possível aproveitar a programação das Festas de Lisboa que se realizam, ao longo do mês de junho, em muitos pontos da capital.

Como é meu hábito logo que chego, dirijo-me ao Posto de Turismo da Praça dos Restauradores para recolher informação sobre os eventos a decorrer na cidade. Ao folhear as 80 páginas da brochura dedicada às “FestasLisboa’19”, publicada pela Câmara Municipal, fiquei entusiasmada com as opções; o difícil é selecionar e encontrar tempo para tanta proposta aliciante.

Foi apenas o ano passado que descobri o maneirinho Museu de Lisboa – Santo António construído onde se supõe ter sido o local de nascimento do padroeiro da cidade de Lisboa. A exposição permanente, distribuída por duas salas, dá-nos uma ideia bastante completa sobre a vida de Fernando Martins de Bulhões, seu nome de batismo, nascido entre 1191 e 1195. Os italianos chamam-lhe Santo António de Pádua – por ter vivido e pregado em muitas igrejas da Itália e falecido em Pádua a 13 de junho de 1231.

Em junho do ano passado, o museu anunciava uma exposição temporária de fotografias do jornalista Gonçalo Cadilhe que retratou os lugares, em vários países, por onde Santo António tinha passado. Fiquei a simpatizar ainda mais com o santo casamenteiro, aquele que nos ajuda a achar coisas perdidas e também protege os viajantes contra naufrágios.

Este ano voltei ao museu, por, até ao final de junho, se encontrar no acolhedor largo da Igreja uma exposição representando a procissão dedicada ao Santo, que já se realiza, desde o século XVIII. Tive pena de ter perdido a procissão, que passa por várias igrejas no bairro histórico de Alfama. Todavia, os bonecos de barro que representam o cortejo atual, com cerca de 300 peças produzidas pelos Irmãos Barata, dão-nos uma boa ideia do colorido associado ao cortejo.

Cheira a manjerico e a sardinha assada nos bairros populares de Alfama, Mouraria, Castelo e outros. Há bandeirinhas, arcos e balões de papel coloridos a enfeitar ruelas, becos e pracinhas. Os arraiais duram todo o mês e atraem nacionais e turistas que sobem e descem as escadinhas íngremes destes bairros típicos em busca de comida, música e tradições.

Os concursos dos “Tronos e Figuras de Santo António” organizados pela Associação de Artesãos de Lisboa contribuem para manter vivo o interesse e a representação inovadora pois envolvem muitas dezenas de obras de jovens artistas concorrentes. Há galerias de arte em diversos lugares da cidade onde estão expostas as obras selecionadas.

As festas de Lisboa de junho de 2019 incluem sempre festivais de música: “Lisboa Mistura”, “Festival Coros de Verão”, e “Festival Com’Paço” são apenas três exemplos. A cidade alegra-se com os concertos em locais escolhidos da cidade como o Terreiro do Paço, Belém, e o Jardim da Estrela, entre outros. No Festival Com’Paço, o encerramento na Alameda D. Afonso Henriques permitiu que cerca de 400 músicos festejassem o grande navegador português Fernão de Magalhães. Em 2019, festeja-se o V Centenário da viagem de circum-navegação que o tornou célebre.

Uma iniciativa inédita é um concerto dado pela Orquestra Metropolitana de Lisboa para celebrar a vida e a obra de António Variações, o músico e cantor incompreendido no seu tempo. Um grande espetáculo no Jardim Torre de Belém com entrada livre vai encerrar as Festas de Lisboa.

Vale a pena estar em Lisboa em junho para aproveitar as ofertas que a cidade dedica ao seu santo mais popular. Lisboa é, de facto, uma cidade em festa.

Manuela Marujo

Imagens cedidas por Manuela Marujo

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