Cuba – praias, palmeiras, paz
Após a visita de Pierre Trudeau à ilha de Cuba, em 1976, as relações diplomáticas entre o governo cubano e o do Canadá ficaram muito facilitadas. O nosso governo tem ajudado Cuba, sob muitas formas, durante estas décadas do embargo americano. Um dos resultados das conversações foi facilitar, todos os invernos, a centenas de milhares de canadianos, fazerem férias nas praias paradisíacas dessa ilha no mar das Caraíbas.
Como tantos outros a viver no Canadá, também já fui a Cuba várias vezes. Um voo de pouco mais de três horas e passamos do inverno ao verão! É muito tentador. Passei uma semana em Cuba, neste início de ano. Comecei o Ano Novo com o propósito firme de me cuidar e comer de forma saudável. Uns dias depois, encontro-me num hotel com “tudo incluído”. Tive que usar de muita força de vontade para escolher o peixe grelhado toda a semana!
Ir a Cuba ao longo dos anos deixa-nos a impressão de que nada mudou, ou que as coisas sofrem uma transformação muito lenta. Talvez seja na cidade de Havana onde se notam mais melhoramentos. A primeira vez, nos anos noventa, chocou-me ver uma cidade tão linda mas tão mal cuidada e deteriorada. Desta vez, notei muita reconstrução, mais investimento e cuidado na preservação dos monumentos antigos. Surpreendeu-me, agradavelmente, ver placas no centro histórico em azulejos portugueses “Viúva Lamego”, uma oferta de Portugal. Havana atrai ainda pela arte, bares e cafés frequentados por gente famosa. Não deixei de ir ao La Columnata Egipciana frequentado por Eça de Queirós enquanto Cônsul na cidade, de 1872-1874. O Camões I.P. abriu em 2016, na Universidade de Havana, um leitorado e uma cátedra com o nome do escritor.
Gosto muito de falar com os cubanos e aprender como vive esse povo sorridente, amante de dança e música. Os luso-canadianos têm uma grande vantagem em relação ao resto dos turistas do Canadá que só falam inglês ou francês. Nós podemos entendê-los e fazer perguntas. Vale a pena sair dos recintos hoteleiros e dos “resorts” e ir a pequenas aldeias ou praias frequentadas pelas gentes locais, e tentar estabelecer o contacto com elas. Desagrada-me a ideia de ficar uma semana, de barriga ao sol, bebendo na praia, comendo nos bufetes, e regressar a casa sem ficar a conhecer melhor onde passei férias.
Desta vez, fui também a uma pequena localidade que tinha tido uma fábrica de cana-de-açúcar e estação de caminho de ferro. Tudo isso acabou no ano 2000, e hoje o emprego principal é na indústria do turismo. Dezenas de pequenos autocarros que transportam os trabalhadores para os vários hotéis são a animação principal. Nas estradas, vêem-se a circular “táxis” de duas rodas, puxados a cavalos assim como modelos antigos de carros americanos dos anos 1950 remodelados com peças de marcas diferentes a que os cubanos chamam um “frankenstein”.
Ir a Cuba, no entanto, é para beneficiar essencialmente da praia. A ilha é privilegiada por possuir praias maravilhosas de areia fina e clara, água cálida e cristalina onde nos banhamos sem nos apetecer sair do mar. Cuba é ideal para ficar lendo à sombra das palmeiras, com a brisa refrescante que vem do oceano, e nos extasiarmos, ao fim do dia, com um magnífico pôr-do-sol.
Não vi televisão, não quis ter acesso à internet e não li notícias. Procurei em Cuba uma semana de descanso, ignorei os conflitos do mundo e alcancei a paz.
Manuela Marujo
Imagens cedidas por Manuela Marujo
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