Saúde & Bem-estar

Que efeito pode ter a cerveja no organismo humano?

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A cerveja é uma das bebidas alcoólicas mais antigas e consumidas do mundo. Presente em celebrações, encontros sociais e até em contextos religiosos desde há milhares de anos, esta bebida é hoje parte integrante de muitas culturas. No entanto, apesar da sua popularidade e do seu teor alcoólico relativamente baixo, a cerveja tem efeitos complexos sobre o organismo humano, alguns potencialmente benéficos, outros claramente prejudiciais, dependendo da quantidade e da frequência com que é consumida.

A composição da cerveja

A cerveja é produzida a partir de quatro ingredientes básicos: água, cereais (geralmente cevada ou trigo), lúpulo e levedura. Durante o processo de fermentação, os açúcares presentes nos cereais transformam-se em álcool e dióxido de carbono. Além do etanol, principal componente responsável pelos efeitos psicoativos, a cerveja contém uma variedade de vitaminas do complexo B, minerais (como magnésio, fósforo e potássio) e compostos antioxidantes provenientes do lúpulo e do malte.

Apesar disso, o seu valor nutricional é relativamente modesto, mas não deve ser considerado um substituto de alimentos ricos em nutrientes. O que realmente define o impacto da cerveja na saúde é, acima de tudo, a quantidade ingerida.

Efeitos imediatos no corpo

Quando ingerida, a cerveja é rapidamente absorvida pelo estômago e intestino delgado, entrando na corrente sanguínea. O álcool atua como um depressor do sistema nervoso central, afetando a comunicação entre as células cerebrais. Isso explica a sensação inicial de relaxamento e euforia leve que muitas pessoas descrevem após beber uma cerveja.

No entanto, à medida que a concentração de álcool no sangue aumenta, o raciocínio, a coordenação motora e o tempo de reação começam a diminuir. Um consumo excessivo pode levar à desinibição, perda de equilíbrio, fala arrastada e, em casos mais graves, a intoxicação alcoólica, uma condição potencialmente perigosa que pode causar vómitos, confusão mental, desmaios e até coma.

Efeitos a médio e longo prazo

O consumo moderado e ocasional de cerveja pode ter alguns efeitos positivos. Diversos estudos científicos associam o consumo moderado de álcool (uma bebida por dia para mulheres e até duas para homens) a um menor risco de doenças cardiovasculares. Acredita-se que isso se deva ao aumento do colesterol “bom” (HDL) e à presença de antioxidantes que reduzem a inflamação. A cerveja também contém silício, um mineral importante para a saúde óssea, e polifenóis que podem ajudar a proteger as células contra danos oxidativos. Alguns estudos apontam ainda para possíveis benefícios na sensibilidade à insulina e na função cognitiva em adultos mais velhos, embora estas evidências sejam limitadas e dependam fortemente de padrões de consumo e fatores genéticos.

Por outro lado, o consumo regular ou excessivo de cerveja tem consequências amplamente negativas. O álcool é uma substância tóxica e carcinogénica reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O consumo crónico está associado a um maior risco de doenças do fígado, como esteatose hepática (acumulação de gordura), hepatite alcoólica e cirrose. Além disso, aumenta o risco de vários tipos de cancro, nomeadamente o da boca, esófago, fígado, mama e cólon.

O álcool também interfere com o metabolismo, favorecendo o aumento de peso. A cerveja é relativamente calórica: uma garrafa de 330 ml contém cerca de 140 calorias, a maioria proveniente do álcool e dos hidratos de carbono. O consumo habitual pode contribuir para a chamada “barriga de cerveja”, uma acumulação de gordura abdominal associada a maior risco de diabetes tipo 2 e doenças cardíacas.

Efeitos sobre o sono, humor e desempenho cognitivo

Embora muitas pessoas bebam cerveja para relaxar e adormecer mais facilmente, o álcool prejudica a qualidade do sono. Interfere com as fases mais profundas e restauradoras, resultando em despertares noturnos e sensação de cansaço no dia seguinte.

O consumo frequente também pode afetar o equilíbrio químico do cérebro, contribuindo para sintomas de ansiedade, depressão e irritabilidade. A dependência alcoólica é outro risco real: o uso regular de cerveja pode levar a tolerância (necessidade de beber mais para obter o mesmo efeito) e a sintomas de abstinência quando se tenta parar.

O equilíbrio é a chave

O impacto da cerveja no organismo humano depende, em última análise, da dose e da frequência de consumo. Beber de forma moderada e responsável, preferencialmente acompanhando refeições e intercalando com água, pode minimizar os riscos. Por outro lado, beber em excesso, mesmo ocasionalmente, traz mais malefícios do que benefícios.

Como em tantas outras áreas da saúde, o equilíbrio é essencial. A cerveja pode ser apreciada como parte de um estilo de vida saudável e socialmente ativo, mas nunca deve ser vista como uma aliada do bem-estar. No corpo humano, cada gole conta, e o que começa como um simples brinde pode, se mal gerido, transformar-se num problema silencioso e persistente.

MS

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