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Qual recorte você quer dar (un)follow

Qual recorte você quer dar (un)follow? Dia desses, conversando com uma amiga, tecemos considerações interessantes sobre um fenômeno que ocorre nas redes sociais: o mundo dos influencers, youtubers e seus seguidores. Falamos de como algumas mulheres se colocam nas redes como desconstruídas, feministas mas que, no seu mundo particular, vivem relacionamentos abusivos, tóxicos ou não mostram sororidade. Feminismo de “gogó”, já ouviu falar? E de alguns homens que levantam a bandeira de que a mulher precisa estar em pé de igualdade com o homem mas não lavam um copo dentro de casa porque têm uma esposa que faz isso. Foi aí que surgiu uma comparação e uma dúvida: estamos vivendo um teatro ou a vida real? Para mim, esse tipo de pessoa se esconde num personagem, num modelo, tanto quanto a blogueira que só fala em corpo perfeito. Cansei de ver influencers no melhor estilo intelectual de ser, postando frase de Frida Kahlo, fundo musical de Chico Buarque, estante com livros de Bukowski, Chomsky ou Nietzsche (todos esses nomes com “K” e “H” no meio...). O que eu quero dizer é que a influencer fitness menosprezada ou considerada fútil porque fala de corpo, alimentação e contagem de calorias diárias, não está abaixo daquela que estampa a vida de intelectual desconstruída pois seu propósito, de uma e de outra, é o mesmo: aparência, estética. Uma, física. Outra, intelectual. Pra mim, só muda a customização, a roupagem. Se trata do mesmo pacote que ambas querem vender nas suas redes. Acabo sentindo falta de autenticidade. Tudo é tão recortado, tão exposto de forma tão cinematográfica que se torna cansativo. Estamos notando uma movimentação aqui e acolá de alguns perfis de pessoas que perceberam que, ser humano, ser autêntico, é muito mais “cool” do que apenas desempenhar um papel. Até mesmo para obter um maior número de seguidores e engajamento. Mais cedo ou mais tarde essas pessoas que vivem de recortes acabam por mostrar quem são de verdade. Afinal de contas, ninguém consegue viver “representando” 24 horas por dia. Eu, que tenho um pé na era “sem redes sociais” e outro nelas, arrisco dizer que somos seres que tentam ser ou parecer um tipo, um padrão idealizado. Os percalços e dissabores comuns na vida diária nos fazem acreditar que estamos vivendo no modo errado. Então imaginamos um jeito certo e buscamos um modelo para seguir que se encaixe nessa idealização. Antes, buscávamos gurus e líderes de forma discreta. O que acontece hoje em dia, nessa era digital, é que essa busca é cada vez mais escancarada por conta do excesso de ofertas. Nos deparamos o tempo todo com exemplos de vida perfeita, corpos e mentes invejáveis. Essa campanha maciça pela perfeição nos confunde e nos deprime justamente por ter uma meta inalcançável. O ser humano é assim, embarca no novo mas, com o tempo, vai percebendo o verdadeiro terreno e caindo literalmente na realidade. Por mais fútil que possa parecer, acaba por não mais ceder aos encantos das ilusões. Pode demorar, mas um dia a venda cai. E as máscaras também. Enquanto isso não acontece, sejamos seletivos na hora de escolher qual recorte acompanhar. Um que esteja mais próximo da realidade ou aquele que nos distancia cada vez mais dela-mundo-mileniostadium
Foto: DR

 

Qual recorte você quer dar (un)follow? Dia desses, conversando com uma amiga, tecemos considerações interessantes sobre um fenômeno que ocorre nas redes sociais: o mundo dos influencers, youtubers e seus seguidores. Falamos de como algumas mulheres se colocam nas redes como desconstruídas, feministas mas que, no seu mundo particular, vivem relacionamentos abusivos, tóxicos ou não mostram sororidade. Feminismo de “gogó”, já ouviu falar?

E de alguns homens que levantam a bandeira de que a mulher precisa estar em pé de igualdade com o homem mas não lavam um copo dentro de casa porque têm uma esposa que faz isso.

Foi aí que surgiu uma comparação e uma dúvida: estamos vivendo um teatro ou a vida real? Para mim, esse tipo de pessoa se esconde num personagem, num modelo, tanto quanto a blogueira que só fala em corpo perfeito. Cansei de ver influencers no melhor estilo intelectual de ser, postando frase de Frida Kahlo, fundo musical de Chico Buarque, estante com livros de Bukowski, Chomsky ou Nietzsche (todos esses nomes com “K” e “H” no meio…).

O que eu quero dizer é que a influencer fitness menosprezada ou considerada fútil porque fala de corpo, alimentação e contagem de calorias diárias, não está abaixo daquela que estampa a vida de intelectual desconstruída pois seu propósito, de uma e de outra, é o mesmo: aparência, estética. Uma, física. Outra, intelectual. Pra mim, só muda a customização, a roupagem. Se trata do mesmo pacote que ambas querem vender nas suas redes. Acabo sentindo falta de autenticidade. Tudo é tão recortado, tão exposto de forma tão cinematográfica que se torna cansativo. Estamos notando uma movimentação aqui e acolá de alguns perfis de pessoas que perceberam que, ser humano, ser autêntico, é muito mais “cool” do que apenas desempenhar um papel. Até mesmo para obter um maior número de seguidores e engajamento. Mais cedo ou mais tarde essas pessoas que vivem de recortes acabam por mostrar quem são de verdade. Afinal de contas, ninguém consegue viver “representando” 24 horas por dia.

Eu, que tenho um pé na era “sem redes sociais” e outro nelas, arrisco dizer que somos seres que tentam ser ou parecer um tipo, um padrão idealizado. Os percalços e dissabores comuns na vida diária nos fazem acreditar que estamos vivendo no modo errado. Então imaginamos um jeito certo e buscamos um modelo para seguir que se encaixe nessa idealização. Antes, buscávamos gurus e líderes de forma discreta. O que acontece hoje em dia, nessa era digital, é que essa busca é cada vez mais escancarada por conta do excesso de ofertas. Nos deparamos o tempo todo com exemplos de vida perfeita, corpos e mentes invejáveis. Essa campanha maciça pela perfeição nos confunde e nos deprime justamente por ter uma meta inalcançável.

O ser humano é assim, embarca no novo mas, com o tempo, vai percebendo o verdadeiro terreno e caindo literalmente na realidade. Por mais fútil que possa parecer, acaba por não mais ceder aos encantos das ilusões. Pode demorar, mas um dia a venda cai. E as máscaras também.

Enquanto isso não acontece, sejamos seletivos na hora de escolher qual recorte acompanhar. Um que esteja mais próximo da realidade ou aquele que nos distancia cada vez mais dela?

Adriana Marques/MS

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