Saúde & Bem-estar

O luto dói e a arte salva

Estamos numa espécie de luto. Não é fácil passar pelo que estamos vivendo. É tudo muito inédito para nós e, às vezes, eu tenho a impressão de que estamos agindo como baratas tontas sem saber para onde ir.     

As pessoas demonstram em suas redes sociais diferentes formas do quanto e como estão conectadas a esse momento que tem assombrado o mundo. Muitas, apesar de não saberem o que vai acontecer com o amanhã, parecem lidar melhor com esse sentimento de incerteza. Trabalham normalmente, fazem atividades físicas, seguem com algumas rotinas, brincam com o cachorro, e, ao final do dia, carimbam sua timeline com uma bela taça de vinho, como se nada de dramático estivesse acontecendo ou como se a vida estivesse em seu estado normal.  É interessante o fato dessas pessoas conseguirem a façanha de não se “pré-ocupar” com o amanhã. Mas existem muitas outras frustradas por não conseguirem tal feito.

“Por que eu não consigo ser assim? Por que eu não consigo ter essa visão natural sobre o momento? Por que minha ansiedade ou depressão ficam ainda mais intensas  e eu não quero fazer absolutamente nada?”

Usando o bom senso, é aconselhável diminuir a frequência às redes sociais por um tempo. Decididamente, este não é o momento de se comparar com a musa fitness ou com o rapaz “namastê” do Instagram. É hora de se recolher, de se perceber, de olhar para os seus sentimentos e deixar que eles venham, sem ficar se culpando e se julgando o tempo todo.

Todos os sentimentos, inclusive os negativos tais como os de raiva, ciúmes, inveja, frustração e culpa, fazem parte da nossa constituição humana. São energias que integram a nossa essência. Quanto mais tentamos afastá-las mais elas nos perturbam com força. Deixe-as vir e olhe para elas. Respeite-as.

São energias poderosas que você pode utilizar a seu favor.

Acabei de me lembrar de um filme, uma animação chamada “Inside out”, em que cada um dos personagens representava um sentimento. E nenhum deles poderia deixar de existir porque se assim acontecesse, a menina, que era gerenciada por esses personagens, deixava de existir em sua totalidade. E isso faz muito sentido e se aplica a vida real. A vida imita a arte.

Particularmente, a cada dia que passa, tenho lidado melhor com essa fase de isolamento social que estamos vivendo.  Tenho muitas oscilações ainda, principalmente quando vejo notícias ou opiniões com as quais não concordo. Sem contar o sentimento de negação dessa realidade que se concretiza a cada dia. Sobressai uma forte irritação. Muitas vezes eu sinto medo. Meu futuro está incerto, minha saúde, a saúde da minha família e amigos também. A vida por um fio.  É uma espécie de desmoronamento de uma falsa ilusão de controle que tínhamos.

Decidi recentemente que iria sublimar essa energia! Comecei a pintar. É incrível a bagunça de cores que projeto em meus quadros. Retrata exatamente as energias que se alvoroçam dentro de mim. Tem sido muito bom porque, a partir dessa ação de expressar meus sentimentos através da pintura, comecei a cuidar melhor de mim mesma. Aos poucos, tenho retomado o yoga, a leitura, a vontade de me alimentar com mais qualidade, de dançar, de produzir! Uma coisa vai puxando a outra. Acredito que a arte, tão subestimada por alguns, será apoio fundamental para estarmos em equilíbrio. Seja escrevendo, dançando, pintando, cantando, tocando, verbalizando, testando receitas.  Seja o tipo de arte que for, ela poderá ser nossa tábua de salvação nesse mar de incertezas. A nossa arteterapia.

Portanto, deixe o seu celular de lado e extravase essa energia. Coloque para fora tudo o que está sentindo, todo esse medo, raiva e frustração por não conseguir ser a pessoa equilibrada que você vê na vitrine virtual. Vou te contar um segredo: ninguém tem o controle do amanhã. Mais do que nunca, muito mais do que antes, viva o presente, viva o agora! Somos passageiros, sim, mas estamos aqui, apesar da turbulência. Aproveitemos a viagem.

Adriana Marques/MS

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