Nunca siga conselhos de saúde das pessoas mais velhas do mundo, dizem os cientistas
Os investigadores ainda estão a tentar perceber porque é que algumas pessoas vivem para além dos 100 anos, mas concordam que é melhor evitar seguir os conselhos dos próprios centenários.
A morte da pessoa mais velha do mundo, Maria Branyas Morera, aos 117 anos de idade, provocou um aumento do interesse sobre o que a fez viver três décadas mais do que a média de vida na sua terra natal, a Catalunha.
O site do Guinness World Records cita Maria como tendo dito que a chave para a sua longevidade era uma combinação de hábitos e valores, incluindo: “Ordem, tranquilidade, boa ligação com a família e os amigos, contacto com a natureza, estabilidade emocional, sem preocupações, sem arrependimentos, muita positividade e manter-se afastada de pessoas tóxicas”
No entanto, Richard Faragher, professor da Universidade de Brighton, em Inglaterra, está a dar o alarme em relação a conselhos como este, dizendo ao The Guardian: “Nunca, mas nunca aceitem conselhos de saúde e estilo de vida de um centenário”.
O professor explicou que a ciência ainda está a tentar perceber porque é que algumas pessoas vivem tanto tempo, mas há duas teorias predominantes, nenhuma das quais tem a ver com os hábitos que os centenários mantêm pessoalmente.
Uma teoria é simplesmente a da sorte, que a própria Maria admitiu ter desempenhado um papel nos seus anos de vida, mas isso pode levar a um “viés de sobrevivência”, com outros centenários potencialmente convencidos de que foi um alimento ou hábito específico que os ajudou a viver tanto tempo. O cientista explicou: “Só porque se sobreviveu a fumar 60 cigarros por dia não significa que fumar 60 cigarros por dia seja bom para si”.
A segunda teoria é que estas pessoas têm vantagens genéticas únicas que as tornam mais robustas, o que a filha de Maria, Rosa Moret, sugeriu que poderia ser a razão pela qual a sua mãe viveu tanto tempo, partilhando com um programa de televisão catalão em 2023: “Ela nunca foi ao hospital, nunca partiu nenhum osso, está ótima, não tem dores”.
Faragher sublinhou que também poderia ser uma combinação destas teorias, mas, em última análise, o aviso mantém-se, observando que os hábitos centenários elogiados, como beber Dr Pepper diariamente ou fumar, não devem ser tomados como uma recomendação. E continuou: “O facto de [os centenários] fazerem muitas destas coisas pouco saudáveis e continuarem a viver bem diz que ou têm sorte ou são tipicamente muito bem dotados [geneticamente]”.
David Sinclair, diretor executivo do Centro Internacional de Longevidade, sublinhou que as tendências históricas podem revelar com maior precisão quais os hábitos e consumos que favorecem uma vida mais longa. Salientou que, há cerca de 100 anos, a esperança de vida começou a aumentar drasticamente e a probabilidade de morte na infância também diminuiu, coincidindo com a introdução de vacinas e de água potável.
Da mesma forma, as recentes melhorias nas vacinas contra a gripe e o herpes zóster e o desenvolvimento noutras áreas médicas podem ajudar a aumentar a esperança de vida, mas David instou os governos a fazerem também a sua parte se quiserem que a população viva mais tempo.
David também fez uma advertência diferente: as histórias sobre a vida dos centenários devem ser vistas com cautela, pois nem sempre mostram as dificuldades que enfrentaram, como ver os seus entes queridos morrerem e viverem sozinhos durante muitos anos. E advertiu: “A realidade nem sempre é tão positiva como parece”.
Mens Health/MS
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