Imunidade à COVID-19?
A pergunta para a qual todos querem a resposta: pessoas que se conseguem curar da COVID-19 ficam imunes à doença?
Depois de alguns pacientes terem tido um diagnóstico positivo, recuperado da infeção e, posteriormente, terem voltado a contrair o vírus, esta questão começou a suscitar um maior interesse na comunidade científica.
Ao que parece, a explicação para a questão de uma possível imunidade pode depender de dois conceitos: a imunidade parcial e a imunidade cruzada ao novo coronavírus.
O SISTEMA IMUNITÁRIO
Numa explicação rápida, o nosso sistema imunitário caracteriza-se por um conjunto de processos biológicos que são desencadeados pelo nosso organismo e que são um mecanismo de defesa à agressão de agentes externos, como os vírus e as bactérias.
Ora, se entrarmos em contacto um vírus, por exemplo, não voltaremos a ficar infetados, já que adquirimos imunidade específica total. No caso de, posteriormente, nos “cruzarmos” com uma estirpe diferente, a probabilidade de adoecermos é também muito menor, já que o nosso organismo é capaz de detetar as semelhanças entre os dois vírus e combatê-lo de imediato, fazendo uso dos anticorpos que já dispõe (da infeção anterior) – e isto tem o nome de imunidade cruzada. Um bom exemplo é o caso do vírus da gripe!
O SARS-CoV-2
O coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (em inglês: Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2), é um vírus causador da COVID-19, responsável pela pandemia que vivemos atualmente.
Mais recentemente, investigadores estudaram a resposta dos linfócitos T CD4+ e CD8+ específicos para o SARS-CoV-2, acabando por registar uma resposta de 100% e 70%, respetivamente. Quer isto dizer que os anticorpos específicos ao SARS-CoV-2 se desenvolveram no decurso desta experiência. Para além disso, verificaram a existência de respostas em indivíduos saudáveis, o que poderá ser um indicador de uma potencial imunidade pré-existente na população.
Em 2007, um estudo que se debruçou sobre a imunidade parcial adquirida ao SARS-CoV concluiu que os anticorpos estariam presentes no organismo por um período de três anos, desde o período dos primeiros sintomas. Acontece que um outro estudo mais recente efetuado em macacos mostrou que os animais desenvolveram anticorpos contra o SARS-CoV-2 durante apenas 28 dias, deixando em aberto a questão de quanto tempo dura, afinal, a imunidade ao coronavírus.
É de extrema importância perceber se de facto existe imunidade parcial adquirida ao novo coronavírus, já que pessoas com anticorpos para a COVID-19 poderiam impedir a proliferação da doença e, assim, deixarem de ser transmissores.
Já em relação à imunidade cruzada, o que aconteceria era que, com o passar do tempo, as pessoas até poderiam voltar a contrair a doença, mas a grande maioria apenas apresentaria sintomas ligeiros, semelhantes a uma gripe comum.
Assim sendo, é fácil de perceber que o esclarecimento destas questões é crucial não só para o desenvolvimento da tão esperada vacina, como para uma melhor adequação das medidas de controlo desta pandemia.
Atualmente, é possível saber se uma pessoa foi portadora do vírus e se desenvolveu resposta imunitária realizando testes serológicos – estes devem ser feitos cinco a 10 dias após confirmação de infeção, para que o organismo tenha tempo para desenvolver anticorpos. No entanto, no caso da COVID-19, ainda não existe informação sobre quais os níveis necessários da IGg (Imunoglobulina G) para atestar a imunidade adquirida.
E AGORA?
Resumindo: a única certeza que temos neste momento é que devemos adotar comportamentos preventivos e seguir as todas as normas para evitarmos o contágio. Se não nos unirmos neste esforço, uma segunda vaga será, muito provavelmente, inevitável.
Inês Barbosa/MS
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