Cientista premiada quer descobrir novos mecanismos para evitar cancro metastático
September 24, 2024
A vencedora do Prémio Liga Inovação deste ano é a investigadora Alexandra Teixeira do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia, cuja investigação em curso pretende descobrir novos mecanismos para evitar a formação de metástases em doentes oncológicos, isto é, que o cancro se espalhe pelo organismo.
A proposta de desenvolver uma nova tecnologia que ajudará a desenvolver terapias que evitem o desenvolvimento de metástases no organismo dos doentes oncológicos valeu a Alexandra Teixeira do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL, sigla em inglês) o Prémio Liga Inovação 2024 no valor de 7 500 euros, atribuído esta tarde deterça-feira durante o 6.º encontro nacional de jovens investigadores, no Porto. O prémio pretende apoiar pesquisas que ajudam a “debravar caminho” numa oncologia cada vez mais personalizada aos doentes. Havia 80 projetos científicos a concurso para o prémio promovido pelo Núcleo Regional do Norte da Liga Portuguesa Contra o Cancro e financiado pela Bioportugal – Químico Farmacêutica.
Com o estudo em curso, a cientista daquele centro de investigação hispano-luso em Braga, agora premiada, pretende contornar a falta de ferramentas que existe atualmente para o “estudo em larga escala das características moleculares e funcionais” das células tumorais circulantes durante o crescimento, pode ler-se no resumo da investigação a que o JN teve acesso. Ao avançar com novas descobertas sobre os mecanismos de disseminação do cancro, os resultados podem ajudar a desenvolver terapias destinadas a prevenir a formação de metástases.
Mas, afinal, o que são metásteses? As metástases são desenvolvidas quando células cancerígenas dos tumores se alastram através da corrente sanguínea ou dos vasos linfáticos. Assim, podem levar à formação de novos tumores noutras áreas do corpo dos doentes oncológicos. No caso do cancro da mama, as células podem disseminar-se para os ossos e dar, por isso, origem a metástases ósseas. A investigação será desenvolvida precisamente através de amostras de doentes com cancro de mama metastático. As células tumorais circulantes são “muito acessíveis”, pelo serão recolhidas através de “um biópsia líquida simples e minimamente invasiva”.
Criar modelo celular 3D
Outro dos objetivos da investigação é criar esferóides 3D – modelo celular que recria o tumor em laboratório para ser estudado – derivados de célula única para desvendar padrões das metástases. Segundo o resumo da investigação, atualmente os esferoides utilizados são “baseados em protocolos longos, tediosos e caros”, o que acaba por limitar os estudos. Para enfrentar essas limitações, a investigadora pretende “desenvolver uma combinação ambiciosa de tecnologia-chave” através de microdispositivos de análise química, como microfluida e espectroscopia Raman amplificada por superfície, “que permitem automatizar e obter algo rendimento na formação, proliferação e monitorização de esferóides derivados de células tumorais circulantes isoladas”.
Alexandra Teixeira juntou-se, em agosto de 2018, ao grupo científico do INL dedicado ao estudo de dispositivos médicos. Foi entre o centro, a Escola de Medicina da Universidade do Minho e o Centro de Pesquisa Biomédica da Universidade de Vigo, em Espanha, que desenvolveu o seu doutoramento em Ciências da Saúde, dando continuidade aos estudos na mesma área do mestrado. A sua formação base é em Biologia e Geologia, pela Escola de Ciências da Universidade do Minho.
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