Saúde & Bem-estar

Beber… e correr!

 

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É o melhor amigo de uma grande fatia da população mundial: ora porque os desperta, lhes dá a energia necessária para enfrentar o dia (e muitas vezes a noite) ou simplesmente pelo conforto associado ao seu consumo. Tomar um café é, para muitos, uma rotina indispensável. Mas apesar de serem vários os benefícios que explicam a popularidade desta bebida, o que é certo é que a mesma muitas vezes não só funciona como um estimulante energético mas também… intestinal.

Apesar de ainda não existirem respostas científicas concretas e suficientes para explicar este “fenómeno” das pessoas que bebem café e passados alguns minutos precisam de ir a correr para a casa de banho, Kyle Staller, diretor do Laboratório de Motilidade Gastrointestinal do Massachusetts General Hospital, afirmou recentemente que podemos estar perante “uma questão óbvia, já que não são necessárias muitas investigações para saber que o café induz movimentos intestinais, tendo em conta que faz parte da vida quotidiana de muitas pessoas”.

Ainda assim, este efeito pode estar mais relacionado com alguns dos componentes específicos do café do que com a cafeína de forma exclusiva. Na realidade, segundo uma pesquisa, ingerir café normal (com cafeína) ou descafeinado parece não fazer diferença nos movimentos intestinais. Ora, até ao momento ainda não foram identificados os componentes que poderão ser responsáveis por este efeito e a extensão da interação dos mesmos com o trato digestivo, mas a ciência já sabe que:

O café pode causar contrações no cólon

O cólon – a parte final do tubo digestivo – sofre três tipos de contrações, responsáveis por misturar, amolecer e libertar as fezes. Acontece que existem fatores e estímulos- sejam eles musculares, nervosos ou químicos – que podem interferir na ocorrência, momento e frequência dessas mesmas contrações: o café é um deles. Pelo menos foi a essa conclusão que um estudo, levado a cabo em 1998, chegou, depois de 12 pessoas terem concordado na colocação de uma sonda sensorial no seu colón. No dia seguinte, estes participantes consumiram café quente, descafeinado, água e uma refeição – sem ordem específica -, num período de 10 horas.

O café, o descafeinado e a refeição provocaram mais contrações e pressão no cólon do que a água: o primeiro foi 60% mais eficaz do que a água e 23% mais do que o descafeinado a estimular a atividade do cólon. Isto pode querer dizer que, segundo Staller, o café poderá estar a afetar o revestimento do cólon através de um mecanismo gastrocólico:”o revestimento do estômago desencadeia ou um sistema nervoso ou uma resposta hormonal que faz com que o cólon se comece a contrair“. Essas contrações “movem as fezes lá alojadas em direção ao reto e voilá – temos o impulso de um movimento intestinal”, explica.

Os efeitos das melanoidinas

Até há pouco tempo, estes compostos que se formam, por exemplo, durante a torrefação do café, eram considerados nocivos para a saúde humana. No entanto, hoje em dia existem provas científicas que apontam para diversos benefícios, dependendo no entanto do ponto de torrefação do café – a ideal será a torrefação branda. Entre outros, por possuírem fibra alimentar, as melanoidinas podem ajudar no processo de digestão e evitar a obstipação.

A influência nas hormonas e no suco gástrico

O consumo de café parece também estar associado a uma maior libertação de gastrina, uma hormona que estimula a produção de ácido gástrico – que, por sua vez, ajuda a digerir os alimentos e pode ainda ter influência na atividade do cólon. Por isso já sabem, por via das dúvidas, sempre que tomarem o vosso café… certifiquem-se de que têm uma casa de banho por perto!

Inês Barbosa/MS

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