Saúde & Bem-estar

A música (também) faz bem à saúde

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A ideia de que a música contribui para o bem-estar da humanidade, e consequentemente para a saúde, não é propriamente recente. Já Aristóteles e Platão, grandes nomes da filosofia grega, falavam dessa importante associação. Platão dizia que “a música é o grande remédio da alma” e Aristóteles referia que “as pessoas que sofrem de emoções descontroladas, depois de ouvirem melodias que elevam a alma ao êxtase, regressam ao seu estado normal, como se tivessem experimentado um tratamento médico”.

Também no Renascimento se acreditava que ouvir os grandes compositores clássicos trazia benefícios ao bem-estar das pessoas que, naquela altura, tinham hipótese de a ouvir. Já nessa época, um médico francês, Louis Roger, escreveu um livro sobre o efeito da música no corpo humano e alertou para a necessidade de se fazerem mais pesquisas científicas acerca do tema. Contudo, foi só no final da primeira metade do século XX que os efeitos da música na saúde começaram a ser levados mais a sério. No final da II Guerra Mundial os músicos foram chamados a diversos hospitais para ajudarem na recuperação das vítimas da guerra. E, a partir de 1944, os Estados Unidos decidiram aceitar a música como uma forma de terapia e formar profissionais de saúde nesta área, tornando-se pioneiros.

Mas foi apenas nos últimos 50 anos que os cientistas se dedicaram mais intensamente à procura de respostas efetivas sobre a música e os seus efeitos na saúde. 

Qual é então o impacto que a música tem na saúde e no bem-estar? Além do óbvio, que se prende com o prazer e o facto de a música estar diretamente ligada à dança, ouvir música regularmente parece beneficiar as pessoas das mais diversas formas. Armando Sena, neurologista, professor na Universidade Nova de Lisboa e autor da obra Cérebro, Saúde e Sociedade, é um entusiasta deste tema. Segundo ele, “as alterações decorrentes da música são sobretudo a nível hormonal e de marcadores inflamatórios que se relacionam com o stress, que alteram o sistema nervoso simpático e parassimpático. 

Assim, a música reduz o stress e a ansiedade, pode ajudar a prevenir a depressão, tem a capacidade de controlar os batimentos cardíacos e diminui a pressão arterial. Um estudo levado a cabo na Índia, na Banaras Hindu University, em 2015, por Uma Gupt, que procura a relação da música na recuperação de pacientes com doença coronária, comprova que ouvir música reduz a pressão arterial e os batimentos cardíacos dos doentes.

Outra investigação realizada pela equipa de cirurgia cardiotorácica do Hospital Universitário de Orebro, na Suécia, confirma que nos doentes recém-operados os níveis de cortisol no sangue (associados ao stress) diminuíam mais rapidamente se ouvissem música.

Há quem questione se a música não terá apenas um efeito placebo. Armando Sena refere que “não precisamos de ter um desenvolvimento consciente e maturo para o nosso cérebro ter perceções. Há perceções inconscientes no nosso cérebro que influenciam uma quantidade de coisas sem disso termos consciência. Isso está mais do que provado. Mesmo um bebé reage mais a um determinado tipo de música e ritmos do que a outros”.

E se os efeitos benéficos da música já foram comprovados cientificamente, Daniel Levitin, cientista e investigador na Universidade de McGill, no Canadá, defende que há que passar à prática: “Acredito que a música seria uma terapia muito mais natural e barata e sem os efeitos secundários que muitos medicamentos apresentam”, refere Daniel Levitin.

Helena C. Peralta

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