Saúde & Bem-estar

A andropausa

Apesar de muito comumente definida como “a menopausa masculina”, a andropausa é um processo complexo. Estivemos à conversa com a Drª Sara Figueira, especialista em Medicina Geral e Familiar, de forma a percebermos o que é, afinal, a andropausa. 

Milénio Stadium: O que é a andropausa e quais são os sintomas associados? 

Drª Sara Figueira: “Andropausa” pretende descrever a diminuição dos níveis de testosterona em homens acima dos 40 anos. Esta diminuição raramente provoca sintomas antes dos 60 anos e alguns homens mantêm níveis de testosterona normais toda a vida. É consensual que este declínio não deve ser encarado como consequência normal do envelhecimento mas sim como uma patologia que deve ser avaliada e tratada caso a caso. 

São numerosos os sintomas atribuíveis mas o mais comum é a disfunção sexual, desde a diminuição da libido até à disfunção erétil. Outras queixas são depressão/irritabilidade, dificuldade de concentração, osteoporose, fraqueza muscular, alterações da pele e perda de cabelo.

MS: Como é feito o diagnóstico?

SF: É feito pelo doseamento dos níveis de testosterona no sangue arterial no período da manhã. Contudo este diagnóstico não é linear.  

MS: O início da andropausa pode ser afetado por fatores externos? 

SF: Sim, e é isso que dificulta o diagnóstico. Raramente existe apenas diminuição da produção da testosterona pelas células testiculares; a disfunção sexual associada à andropausa é na maioria dos casos multifatorial combinando problemas psicológicos, estado atual da relação com o parceiro e problemas metabólicos e cardiovasculares, destacando-se a obesidade, diabetes, hipertensão arterial e dislipidemia. Existem algumas medicações que podem influenciar os níveis de testosterona – assim, é importante identificar a causa subjacente quando esta existe para melhorar a abordagem terapêutica.

MS: Existe tratamento?

SF: O tratamento deve ser individualizado – na presença de obesidade, diabetes ou outra doença primária, esta deve ser tratada. Mudanças no estilo de vida são sempre o primeiro passo – por exemplo, a perda de peso nos doentes obesos melhora os níveis de testosterona. A qualidade do sono também parece ter um papel importante. Além disso existem terapêuticas de substituição de testosterona sobretudo quando as medidas anteriores falham, contudo existem ainda algumas preocupações quanto à sua segurança cardiovascular, devendo ser usadas com precaução e apenas quando prescritas pelo médico.

MS: O que aconselharia aos homens que pensam estar a entrar nesta fase das suas vidas? 

SF: Aconselharia a discutir com o seu médico de família os sintomas que o preocupam, para que seja feita uma avaliação do estado geral. Uma alimentação equilibrada e exercício físico regular são importantes em todas as fases da vida. A saúde sexual é um direito de qualquer indivíduo devendo ser encarada com naturalidade. Muitos problemas podem ser identificados e resolvidos se forem discutidos e isso só é possível com base na confiança médico-doente que deve ser recíproca. 

Inês Barbosa

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