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Martim de Sousa Tavares: Maestro jurado

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Nascido numa família privilegiada – é neto de Sophia de Mello Breyner Andresen e filho de Miguel Sousa Tavares e de Laurinda Alves –, o jovem e talentoso maestro Martim de Sousa Tavares anda a renovar os métodos de trabalho, os repertórios e o papel da música erudita junto dos públicos diferentes, incluindo os jovens. Martim Sousa Tavares, um dos júris nos ídolos, não tem medo de correr o risco de dizer o que pensa ou experimentar novas formas de fazer música.

Precisamos de um maestro no nosso crescimento para nos conduzir na vida?
Eu não sei. Eu acho que aquilo que faço, não é aquilo que faço na minha vida. Portanto, eu não sinto que, enquanto pessoa, me reduzo à função profissional de coordenar um grupo de músicos. Isso, aliás, vê-se neste último espetáculo que fizemos onde eu estou também, de certa forma, a reagir a uma encenação. Portanto, há vezes em que os músicos ficam a tocar em piloto automático. Eu acho que aquilo que um maestro acaba por ter é uma visão muito geral das coisas no seu detalhe, mas também no seu todo. E tenta dar a isso uma interpretação, um cunho pessoal, mas não é que eu tenha tiques de líder ou de “pequeno ditador”, não é isso.

Todos nós sabemos definir música?
Bem, é uma presença que eu não consigo tirar da minha vida. Não consigo imaginar o que seria viver sem música na medida em que ficaria uma vida muito pobre. É como tirar, sei lá, como tirar o vinho ou como tirar a pintura ou a fotografia, são elementos tão centrais na nossa cultura ocidental e que praticamos de tantas formas, que tirar significa empobrecer. Continuava vivo se não houvesse música, podíamos todos viver, mas é daquelas coisas que dão sentido à vida. É um quinto elemento.

A orquestra acaba por ser um meio para construir a interpretação?
Sem dúvida. A orquestra é o meu instrumento. Portanto, eu toco a orquestra, tocar aquele conjunto de pessoas, não no sentido dos instrumentos que elas tocam, mas da sua musicalidade e do seu talento. Eu tenho de puxar isso cá para fora.

Qual é o maior desafio que tens para dirigir a orquestra?
O maior desafio que eu encontro normalmente vem do facto de eu ainda ser muito jovem na profissão. Para algumas profissões, ter 31 anos, já é estar em fim de carreira, não é? Se eu fosse futebolista, tinha de estar a pensar num plano B. No caso dos mestres, são profissões que não têm idade de reforma, portanto, as pessoas trabalham mesmo até já não conseguirem mais. E quanto mais tempo trabalham, mais experiência têm, mais valiosos se tornam. E muitas vezes o que me acontece é as orquestras olharem para mim como se eu fosse um bebé recém-nascido, quase alguém que ainda não é para ser levado muito a sério. E isso é, na maior parte das vezes, o grande desafio que eu encontro. Um desafio até humano, em que eu tenho de ultrapassar essa barreira de desconfiança por ser jovem e tem de me ser dado crédito. Portanto, às vezes sinto que tenho de trabalhar o dobro dos outros, mais velhos ou mais experientes.

O que é que se pensa quando se recebe um convite para fazer um júri nos Ídolos?
Ah, pensei que era divertido, mas também achei que era uma coisa curiosa! Nunca me tinha passado pela cabeça, mas aceitei com imenso entusiasmo e acho que aprendi imenso, na verdade.

Julgar os participantes não é uma tarefa fácil?
Acho que julgar não é bem a palavra certa. Estamos a avaliar o potencial deles para se tornarem pessoas com uma carreira de sucesso na música e, portanto, temos de ser verdadeiros, porque senão eles não crescem. Todos os músicos e todos os candidatos que ali passaram, nós tentamos que eles levassem qualquer coisa para crescerem. Mesmo aqueles a quem dissemos não. Do ponto de vista humano, aquelas pessoas não saíram dali de mãos a abanar. Portanto, mesmo aqueles que parece que levaram um safanão, na verdade não, não foi assim.

Uma mensagem para a comunidade portuguesa.
Tenho saudades de vocês porque gostei muito de conhecer os portugueses de Toronto. Foram os únicos que conheci desse lado, mas achei fascinante a forma como se mantinha uma ligação a Portugal dentro de uma relação com uma realidade que é completamente diferente. Portanto, notei muito e com muito agrado um espírito trabalhador que se vê, que é de pessoas para quem a vida não foi fácil.

Paulo Perdiz/MS

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