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Valter Hugo Mãe

Deus na Escuridão: Entre o Amor Divino e o Humano

Arte Sonora com Valter Hugo Mãe, um dos mais consagrados escritores da literatura contemporânea de língua portuguesa. Editou o seu mais recente romance, Deus na Escuridão. Para Valter Hugo Mãe, o título de uma obra é fundamental, quase um guia para o processo de escrita. No caso de Deus na Escuridão, o título surgiu de forma natural, como uma síntese simbólica do conteúdo que estava a ser criado. A narrativa fala na relação entre o amor de Deus e o amor humano, em especial aquele das mães, tema recorrente na obra do autor. 

Mãe acredita que “Deus aprende o amor com as mães”, uma perspectiva que ele associa à ideia de que, ao criar filhos, os seres humanos inventam o amor, mas também criam um sofrimento: o medo de perder quem se ama.Embora tenha elementos espirituais, Deus na Escuridão não procura seguir um caminho religioso tradicional. Valter Hugo Mãe propõe, falar “do mundo humano”. A fé, para ele, não é apenas uma crença, mas uma ligação profunda entre as pessoas, um ato de confiança e esperança na nossa capacidade de cuidar e crescer juntos. Essa visão é um dos pilares do livro: a relação fraterna. 

Na história, os personagens Pouquinho e Felicíssimo encarnam essa ideia de fraternidade universal, com uma ligação baseada na salvação e apoio. Segundo o autor, a fraternidade é uma das formas mais poderosas de amor e uma promessa de estar presente para o outro, independentemente das circunstâncias. Com Deus na Escuridão, Valter Hugo Mãe encerra um ciclo de quatro romances que exploram diferentes perspectivas. Ao contrário do que muitos escritores enfrentam, Valter Hugo Mãe revela que nunca sofreu com bloqueios criativos. Para ele, o desafio está no oposto: a dificuldade de interromper o fluxo de ideias. “Estou constantemente imerso em histórias, ideias e palavras. A escrita é, para mim, uma necessidade visceral”, confessa. Essa paixão pela literatura tem sido a força motriz da sua carreira, marcada por grandes obras e prêmios significativos, como o Prêmio José Saramago em 2007. Segundo o autor, mais do que uma conquista pessoal, o prêmio foi uma validação do caminho escolhido, um reconhecimento de que a sua contribuição à literatura tem deixado uma marca duradoura. Sobre o estado atual da literatura, Valter Hugo Mãe mantém uma visão otimista. Ele acredita que, mesmo em tempos de rápidas mudanças tecnológicas e culturais, a literatura continua a ser uma expressão essencial do ser humano. “Enquanto houver seres humanos, haverá histórias para contar. A literatura que nos transforma e perturba, que nos faz refletir sobre quem somos e sobre o mundo, continuará a existir”, afirma. Embora reconheça os desafios que a leitura e a escrita enfrentam na era contemporânea, o autor considera que esses mesmos desafios podem estimular a criação de obras inovadoras e impactantes. Com Deus na Escuridão, Valter Hugo Mãe não procura transmitir uma mensagem única ou definitiva. 

O seu objetivo é criar um espaço para que os leitores pensem sobre temas como amor, fé, fraternidade e o ser humano. Ele vê a obra como um convite para olhar o mundo de maneira mais generosa, reconhecendo o divino que existe em cada pessoa. “O amor não é apenas um sentimento, mas também um compromisso. E a fé, como a vejo, é a obrigação de acreditar que somos capazes de nos transformar e de cuidar uns dos outros”, explica o autor. Embora Deus na Escuridão marque o encerramento de um ciclo literário, Valter Hugo Mãe já está a trabalhar em novos projetos. “Parar de escrever é o meu verdadeiro desafio!”brinca, destacando que a escrita é um processo contínuo na sua vida. Embora não revele detalhes, o entusiasmo em relação às próximas obras é evidente, mostrando que há muito mais para vir de um dos maiores nomes da literatura contemporânea. Deus na Escuridão é mais do que um romance; é uma celebração da humanidade e de seus laços profundos, um lembrete da importância do amor, da fé e da fraternidade num mundo cada vez mais fragmentado. Nas palavras de Valter Hugo Mãe, é um convite para reconhecer o sagrado que mora  em cada um de nós.

Paulo Perdiz/MS

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