Zelensky foi estrela no primeiro dia de Cannes
Presidente ucraniano esteve em direto na cerimónia de abertura do festival.
A Ucrânia, de uma forma ou de outra, será um dos grandes temas do festival. Mas ninguém estaria à espera que o grande momento da cerimónia de abertura do festival fosse uma intervenção em direto do presidente ucraniano.
Com a atriz Virginie Efira como mestre de cerimónias, eram esperadas referências à guerra que se vive de novo no continente europeu, afinal a tão poucas fronteiras de França. Mas, a seguir à apresentação dos elementos do júri oficial, com a habitual primeira intervenção pública do seu presidente, este ano o ator francês Vincent Lindon e antes de a norte-americana Julianne Moore ser chamada ao palco para abrir oficialmente a 75ª edição de Cannes, a sessão, emitida em direto pela televisão para toda a França e vista em simultâneo em 400 salas de cinema em todo o país, foi transferida para Kiev,
Zelensky fez um paralelo entre o que se passa no seu país e a invasão nazi da Polónia, que impediu a realização do primeiro festival em 1939, continuando com referências cinéfilas, como por exemplo a “O Grande Ditador”, onde Charles Chaplin parodiava, ainda durante a guerra, Adolf Hitler.
Referindo-se que a situação de guerra que o seu país vive atualmente é muito pior do que o inferno e que as explosões e as mortes não são efeitos especiais mas sim uma trágica realidade, o presidente ucraniano, também ele ator antes de assumir as suas atuais responsabilidades, mostrando por isso um enorme à vontade frente às câmaras, terminou com uma pergunta e um desafio: será que o cinema vai calar-se?”
Voltando ao cinema propriamente dito, recorde-se que o filme de abertura se chamara inicialmente “Z”. Na sua intervenção, Zelensky associara precisamente a última letra do alfabeto, utilizada pelos russos como símbolo da sua intervenção na Ucrânia, à suástica nazi. É verdade que o filme de Michel Hazanavicius, uma paródia aos filmes de zombies, mudara entretanto de nome, chamando-se agora “Coupez!” (Corta!), mas foi com um amargo de boca que a plateia, e os jornalistas que viam o filme na sala ao lado, se aperceberam que “Z” continuava a ser um elemento preponderante na narrativa do filme.
Paupérrima decisão esta de atribuir a honra de filme de abertura a esta produção, numa medida aliás puramente comercial, visto que o filme francês chega à salas de todo o pais precisamente hoje. É que o filme, sobre a realização de um filme de horror para uma nova plataforma de streaming que se chama Z, é uma pobre caricatura de um género que começa aliás a tirnar este festival uma espécie de Fantascannes. Depois da Palma de Ouro do ano passado, atribuída a “Titane”, pobre cópia de Cronenberg, de que aliás veremos o novo filme aqui em Canne,s o festival começa em 2022 sob o signo do género de terror, mesmo que em tons de comédia.
Espera-se que no segundo dia do festival haja uma reconciliação com o espírito deste festival e que as descobertas de verdadeiro cinema comecem a desfilar pelos vários ecrãs de Cannes.
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