Lifestyle

Sexo e bola!

Luis Barreira
Correspondente em Portugal

Não é que não aconteçam casos e “casinhos” todos os dias em Portugal mas, esta semana que passou e para além de situações que já antes comentei, fui dando conta de que pouco ou nada acontecia que alterasse a “quieta melancolia dos pinheiros do caminho”.
Cheguei a pensar que, a proximidade dos festejos de Carnaval, tivesse emudecido o País dos habituais problemas reais ou fictícios que nos afectam, em nome da boa disposição e folia colectiva do Entrudo, que nos invade três dias antes da Quaresma.
E já agora, porque falamos do Tempo da Quaresma, período litúrgico que antecede a Páscoa cristã, houve um “casinho” curioso que, tendo a importância e o relevo que cada um lhe queira atribuir, de acordo com as suas convicções, me deixou surpreendido para não dizer pasmado!
O cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, recomendou que, nos casos em que não possa ser declarada a nulidade do casamento anterior, deve ser proposto ao casal em situação irregular viver sem a prática de relações sexuais!… Ou seja, os recasados devem pugnar pela abstinência sexual para poderem ter acesso à indulgência divina! Estas desconcertantes afirmações do cardeal-patriarca de Lisboa, tido como um homem da Igreja com uma visão humanista e desobstruída de alguns arcaísmos religiosos, para além de lhe denunciar um parco conhecimento da real vivência social, no contexto das múltiplas relações de um casal constituído, é um perigoso sinal de intolerância religiosa, num mundo já assoberbado de integrismos de toda a espécie.
Não vou dissecar os fundamentos e as normas da Igreja católica sobre o sexo, nem as razões epistolares que levaram D. Manuel Clemente a expressar estas opiniões, mas julgo que os mistérios da fé, numa igreja que se quer universal, não podem ser tão redutores que ignorem o que a história da humanidade dos crentes e não crentes nos tem revelado.
Por outro lado, a mensagem do cardeal-patriarca teve um amplo destino colectivo, tornando-a objecto natural de críticas, muitas delas oriundas de sectores ligados à Igreja católica, também eles surpreendidos com a intransigência das suas palavras.
Por isso, sacralizar o sexo, tornando-o objecto de uma rigidez doutrinária entre casais, constituídos de forma regular ou “irregular”, é iludir uma realidade que não tem nada de pecaminosa, antes é algo de natural entre seres humanos em fraterna e responsável convivência. Mas, a pacata semana que findou, não se reduziu ao debate teológico ocasionado pelas declarações do nosso cardeal-patriarca, nem ao paganismo das festividades carnavalescas.
A um ritmo “crescendo”, fomos assistindo às esforçadas e nada forçadas vitórias da selecção nacional de futsal no campeonato da Europa.
No início pensei: “lá vamos nós descarrilar outra vez”! Mas, e à medida dos resultados positivos que íamos obtendo, foi aumentando em mim a convicção de que poderíamos chegar à final, mas também o sufoco de voltar a perder (como habitualmente…) com os “nuestros hermanos”.
Embora não seja um entusiasta desta modalidade desportiva, (cuja estonteante rapidez dos passes me faz balancear permanentemente a cabeça, tal como no hóquei em patins!…), foi com enorme emoção colectiva que assistimos a mais uma vitória europeia destes nossos valorosos atletas, que deram o máximo das suas capacidades para honrar, mais uma vez, o nosso País.
Para os que teimam em dizer mal de tudo, menos de si próprios, bem sei que se tratou de sermos os melhores a dar pontapés na bola, tal como o já fomos nas cantorias da Eurovisão, no reconhecimento internacional da nossa capacidade em recuperar a economia nacional e em tantas posições de relevo ocupadas por portugueses nas maiores instâncias internacionais.
Bem sei que tudo isto pode parecer “fogo-de-vista”, mas não é!
De cada vez que a nossa bandeira sobe ao pódio, entre lágrimas de contentamento e arrepios ao som do hino nacional, aumenta a nossa auto-estima e a nossa capacidade em acreditar que somos capazes de mais, muito mais!
O espirito de sacrifício e a humildade evidenciada por alguns dos nossos atletas, artistas e políticos é algo que caracteriza os nossos melhores em cada modalidade, para bem daqueles que acreditam que somos tão bons como qualquer outros, sendo nós próprios!
Não somos os melhores do mundo, quando essa definição encerra coisas que não temos mas, tal como alguém já disse: “O dinheiro faz homens ricos, o conhecimento faz homens sábios e a humildade faz grandes homens”!

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