Lifestyle

O Natal no coração!

Luis Barreira
Correspondente em Portugal

Mais um Natal!
Esta é a expressão que muitos da minha idade utilizam para simbolizar o facto de nos mantermos vivos e conscientes ao ultrapassarmos mais uma etapa da vida.
Mas, cada Natal, não é mais um Natal!
Nós, os mais velhos, que somos capazes de recordar muitas das quadras natalícias que percorremos, desde a infância até aos nossos dias, sabemos que cada Natal é único. Do prazer das grandes reuniões da família e da ansiedade pelas prendas que nos eram oferecidas, enquanto crianças, até ao sentimento de satisfação e felicidade, enquanto adultos, ao ver a família reunida à mesma mesa, contemplando os rostos expectantes de filhos e netos que aguardam as oferendas, cada Natal foi sempre diferente, quer pela ausência daqueles que entretanto foram partindo, quer pela carga de emoções que cada Natal provocou.
Não há momento na vida familiar mais simbólico e enternecedor que a época natalícia! E não é a quantidade ou o valor intrínseco das prendas recebidas ou oferecidas que atribui esse valor excepcional ao Natal. É o acto de dar o que cada um pode oferecer que o distingue!
Quantos de nós, enquanto crianças, não rejubilámos com um simples brinquedo de madeira, um carrinho de lata, uma boneca de trapos, uns sapatos novos ou uma gaita de beiços? Quantas famílias modestas acarinham especialmente no Natal os seus filhos e netos com prendas humildes, deixando-os felizes e agradecidos? Só se explica porque o acto de dar é, essencialmente, um acto de amor!
Razões porque o Natal é, ou deveria ser, um momento muito especial para toda a civilização cristã, associando a espiritualidade dos crentes na celebração do nascimento de Cristo, ao reagrupamento familiar e à dádiva de amor.
No entanto, a minha geração tem consciência de que vive num mundo substancialmente diferente daquele que a viu nascer. A dádiva de amor tornou-se de tal forma num objecto comercial que, utilizando a própria linguagem dos sentimemtos, como ofereça: um perfume “com amor”, uma camisa “with love” ou uma mala “avec amour”, acaba por confundir a veracidade dos afectos insertos no acto da oferta, tornando-nos um veículo das estratégias das vendas comerciais.
Mas, se por um lado se corre um risco de transformação das mentalidades, cada vez mais escravizadas a objectivos comerciais, correndo o risco da completa desvirtualização do verdadeiro espírito do Natal, a publicidade mercantil acaba por ser igualmente um “sino” que nos desperta para a época e para todas as suas manifestações espirituais. Manter a magia do Natal é, também, resistir à perniciosa influência da publicidade, procurando que prevaleça o sentimento da dádiva e não a conformidade à influência publicitária.
Sem querer sair do mundo dos sentimentos, mas com o olhar atento às“coisas”, o Natal de 2017 será, para a maioria dos portugueses e do ponto de vista económico, um pouco melhor do que o anterior, embora o ano tenha sido trágico para muitas das nossas famílias, vitimadas pelos incêndios que se registaram no País. E, a esse propósito e porque o espírito de Natal deve perdurar para além de uns poucos dias de calendário, queria sublinhar a notável onda de solidariedade que se desenvolveu entre todos os portugueses, no País e no estrangeiro, para com todas as vítimas dos incêndios deste verão.
Não foram renas que puxaram os trenós de ofertas desta boa gente portuguesa para com os seus concidadãos em dificuldades. Foram toneladas e toneladas de materiais, mobilias, roupas, géneros alimentícios, comida para o gado, brinquedos, electrodomésticos e tantas outras coisas necessárias, transportadas em “comboios” de camiões TIR.
Os sorrisos e as palavras de retribuição de toda essa gente para com os seus dadores e a felicidade estampada no rosto de todos aqueles que contribuíram para minimizar o desgosto de quem tudo perdeu, deixou-me uma certeza: apesar das vicissitudes que tem passado, dos trilhos para onde tem sido empurrado por alguns fariseus e da fragilidade e incompetência de algumas das suas instituições, este povo tem o Natal no coração!

Feliz Natal para todos vós.

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