InSight’s: Vince Nigro à conversa com Albino Silva

Ir além dos limites – esta frase poderia resumir o pensamento de Albino Silva quando fala sobre as suas raízes culinárias e a evolução da restauração em Toronto, numa conversa com Vince Nigro onde também dá alguns conselhos a futuros investidores nesta área da restauração.
Há algo de profundamente inspirador na história de Albino Silva, um chef e empresário português na área da restauração que, desde muito novo, sentiu o apelo da cozinha graças ao pai, um pasteleiro de mão-cheia. Imagine-se, em criança, a acordar de madrugada para ajudar a acender fogões e a ferver água, numa época em que tudo girava em torno de comida e família. Foi nesse ambiente que Silva desenvolveu um respeito inabalável pela arte de cozinhar e pelo trabalho necessário para alimentar as pessoas.
Aos onze anos, já dava os primeiros passos na pastelaria familiar. E, por volta dos quinze, emigrou para Toronto, onde as oportunidades do setor da restauração se estendiam bem além do que era habitual em Portugal. Em Toronto deparou-se com um mundo de diferentes cozinhas, estilos e influências, mas a sua herança portuguesa manteve-se sempre como pilar: ingredientes de qualidade, sabores genuínos e um grande sentido de hospitalidade.
Um momento decisivo do seu percurso foi ter encontrado o mentor Franco Privadello, reconhecido na cidade pela capacidade de arregaçar as mangas e trabalhar lado a lado com a equipa, seja na cozinha ou a tratar de vinhos. Para Albino Silva, Franco era o exemplo de um empreendedor que unia determinação, sabedoria na gestão e um conhecimento profundo de vinhos, fruto das suas raízes italianas. Este modelo de liderança—combinando paixão, mão na massa e visão estratégica—acompanhou Silva ao longo dos anos.
Conforme o tempo foi passando, Albino Silva construiu uma filosofia assente na simplicidade. Em vez de seguir as constantes modas culinárias, preferiu valorizar ingredientes frescos e receitas que remetem ao conforto das cozinhas familiares portuguesas. A sua maneira de ver o vinho é igualmente descomplicada: se gosta de branco, beba branco; se prefere tinto, escolha tinto. Para ele, o que importa é o prazer que o cliente retira da refeição, não um protocolo rígido de combinações gastronómicas.
Na conversa com Vince Nigro, Albino Silva fala também sobre a rápida transformação do panorama da restauração em Toronto. Com rendas elevadas e grandes empresas a dominar o mercado, muitos negócios independentes lutam para sobreviver. Ainda assim, ele mantém-se otimista, acreditando que a genuinidade, o contacto direto com os clientes e a paixão pela arte de cozinhar podem cativar quem procura algo autêntico.
Quando instado a dar conselhos a quem deseja abrir um restaurante, Albino Silva reconhece que é um setor exigente, repleto de riscos e horas infindáveis de trabalho. Porém, encoraja todos os que demonstram verdadeiro amor pela cozinha a tentarem, sublinhando que, mesmo depois de um fracasso, há margem para recomeçar. “Se cair, levante-se, e volte a tentar”, salienta, pois é precisamente na persistência que se encontram as maiores recompensas.
Hoje, Albino Silva continua a pensar em formas de aliar inovação e tradição, sem perder de vista o calor humano e o serviço direto que o caracterizam. Para ele, cozinhar não se resume apenas a servir pratos; é criar laços, partilhar memórias e celebrar a vida. A sua trajetória, desde as raízes humildes em Portugal até aos restaurantes de prestígio em Toronto, demonstra como a dedicação, a autenticidade e a vontade de aprender podem elevar um sonho a patamares inesperados.
Esta conversa está disponível na Camões TV+, clique aqui.
Vince Nigro/MS
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