Chocolates de 1900
Durante exames de rotina que estavam a ser realizados nas obras do poeta australiano Andrew Barton “Banjo” Paterson, restauradores da Biblioteca Nacional da Austrália encontraram uma antiga lata de barras de chocolate Cadbury incrivelmente bem preservadas, datada do ano de 1900 e com registos claros de manuseio pela rainha Vitória.
Em 1824, os irmãos John e Benjamin Cadbury fundaram a fábrica de doces Cadbury, que logo viria a tornar-se popular internacionalmente como uma das maiores empresas do género no mercado. Boa parte da fama da empresa surgiu devido ao fornecimento de lotes de chocolates para as tropas britânicas, que estavam a ocupar a fronteira da África do Sul durante a Segunda Guerra dos Bôeres, quando foram encomendados em nome da Rainha Vitória entre 1899 e 1902.
Aparentemente, as caixas de chocolates tiveram uma importante simbologia para o antigo exército inglês, especialmente em tempos de guerra onde a comida era precária e escassa. Através de uma iniciativa moralizadora, a rainha teria contado com a ajuda de John e Benjamin, que ironicamente eram pacifistas e não apoiavam os conflitos, para elevar os ânimos dos soldados, que confecionaram itens personalizados com o registo “África do Sul, 1900. Desejo-lhe um feliz ano novo, Victoria RI” e uma imagem da monarca.
Além de poeta, “Banjo” Paterson era um dos principais correspondentes dos jornais Sydney Morning Herald e The Age, chegando a trabalhar como jornalista na cobertura da Guerra dos Bôeres, na África do Sul. Dessa forma, o evento surgiu como a principal motivo para assegurar a chegada dos chocolates na sua coleção, apesar de não ser possível esclarecer exatamente como o facto ocorreu.
Supostamente, a lata de doces obtida pelo escritor despertou lembranças pouco agradáveis relacionadas a um confronto bélico que dizimou dezenas de milhares de soldados britânicos, fazendeiros bôeres, os seus familiares e habitantes indígenas africanos apanhados no fogo cruzado, fazendo com que o item ficasse esquecido no meio dos seus documentos pessoais.
Como consequência do terror espalhado pela guerra, “Banjo” acabou por passar menos tempo a cobrir os trágicos eventos, abandonando o seu posto com menos de um ano de estadia, quando voltou à sua terra natal.
FYI/Kika/MS
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