Tim e a arte de contar histórias através da música

A estrada é o palco de muitas histórias e, para quem vive da música e da arte, cada palco é uma nova possibilidade de estar ligado com o público. Foi assim que surgiu a ideia deste novo projeto, que mistura música e narrativa, aproximando ainda mais Tim do seu público. A ideia nasceu durante uma fase de intensa criação e reflexão.
O inverno trouxe uma oportunidade de residência no Cinema São Jorge, onde uma série de apresentações permitiu explorar um novo formato. Paralelamente, o lançamento de um livro que reunia letras de canções trouxe a inspiração para contar histórias que vão além da música. A ideia foi bem recebida e, rapidamente, os pedidos para levar o formato a outras localidades começaram a surgir. O conceito é simples, mas poderoso: contar histórias através da música e das experiências vividas, proporcionando ao público uma visão mais profunda do processo criativo e das inspirações por trás das canções que muitos sabem as letras. Cada apresentação é única, o repertório é escolhido de forma espontânea, garantindo que cada noite seja uma experiência diferente. Foram preparadas mais de quarenta canções com histórias associadas, falando de diferentes fases da sua carreira, incluindo temas dos Xutos e Pontapés, da Resistência, do Rio Grande e da carreira a solo. A cada apresentação, uma nova abordagem é definida. Em alguns espetáculos, o foco pode ser mais nos Xutos e Pontapés, enquanto em outros a Resistência ou a carreira a solo ganham mais espaço. Essa flexibilidade garante frescura e espontaneidade ao formato, tornando cada concerto uma experiência irrepetível e única. A interação com o público é uma das partes mais enriquecedoras e importantes do projeto. Durante os espetáculos, surgem perguntas, comentários e até pedidos de canções. Essa proximidade com a audiência traz um novo significado para cada apresentação, transformando o palco em um espaço de troca genuína e muito intimista. Acostumado a dividir o palco com bandas e outros músicos, a experiência de estar sozinho é, ao mesmo tempo, um desafio e uma oportunidade. A responsabilidade é maior, mas também permite um contato mais direto com o público.
Em alguns momentos, a audiência torna-se parte do espetáculo, participando ativamente com perguntas e comentários. O formato solo traz também uma maior liberdade para improvisar e adaptar o concerto conforme a energia das pessoas. Há noites em que o público está mais efusivo, outras em que a atmosfera é mais calma e introspectiva. Esse dinamismo torna cada apresentação uma experiência única, tanto para o artista quanto para quem está a ver. Além do concerto em si, há sempre um momento de convívio após os espetáculos. A venda de livros e autógrafos cria uma nova oportunidade de contato direto com os fãs, permitindo uma troca de conversas descontraídas sobre música, carreira e vida. O sucesso deste formato está a passar por várias cidades de Portugal. A maior parte das apresentações tem ocorrido no norte, onde a adesão tem sido maior, mas o projeto tem percorrido todo o território nacional, levando música e histórias a diferentes regiões. O futuro para TIM reserva novas oportunidades. Além deste projeto, os Xutos e Pontapés continuam ativos, com um calendário preenchido.
A Resistência também segue com atividades, com novos temas a serem trabalhados. A ideia é continuar a criar e a levar novas experiências ao público, sempre com a mesma paixão pela música e pela arte de contar histórias. Com tantos projetos em andamento, o desafio é encontrar tempo para tudo. A chegada da primavera marcará uma pausa neste formato para que outras iniciativas possam ser desenvolvidas. Entre elas, destaca-se a produção de um novo disco dos Xutos e Pontapés, além do trabalho contínuo com a Resistência. Há também planos para levar a música para fora de Portugal. Apesar de algumas viagens terem sido adiadas, há intenções de visitar cidades como Boston e, eventualmente, voltar a tocar no Canadá. A música tem essa capacidade de atravessar fronteiras e juntar pessoas, independentemente da geografia. Ao longo da carreira, a abordagem criativa tem sido marcada pela espontaneidade. Não há um grande acervo de canções guardadas na gaveta à espera de um momento certo. Cada tema é criado de acordo com a necessidade e o contexto, permitindo que a música reflita o momento presente. Algumas canções podem até ser sugeridas para uma banda, mas, se não se encaixam, encontram um novo espaço noutro projeto.
Para quem acompanha este projeto e toda a carreira do Tim,,a mensagem que ele nos deixa é simples: que haja saúde e que a música continue a ser um elo de ligação entre todos. O importante é continuar a apoiar a música portuguesa, a comparecer nos espetáculos e a celebrar a arte em todas as suas formas. No fim das contas, o verdadeiro prazer está no encontro, na partilha e na emoção que cada canção nos dá. A estrada continua, as histórias continuam a ser contadas e, com certeza, ainda haverá muitos capítulos para serem escritos. A música é um caminho sem fim, e o importante é seguir sempre em frente, de coração aberto para tudo o que vier.
Paulo Perdiz/MS
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