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Os Capitão Fausto e a “Subida Infinita”

 

 

A história dos Capitão Fausto é uma história de amizade, crescimento e música. Desde o lançamento do álbum de estreia, Gazela, em 2011, que a banda formada por Tomás Wallenstein, Salvador Seabra, Francisco Ferreira, Domingos Coimbra e Manuel Palha tem conquistado um lugar especial na música em Portugal. A energia jovem e os hinos pop que marcaram o início do grupo transformaram-se, ao longo de quatro álbuns e muitos concertos, numa sonoridade mais madura e adulta em tudo. Agora, em 2024, os Capitão Fausto voltam aos discos com Subida Infinita, o seu quinto trabalho e o último com a formação original em quinteto.

A banda entra numa nova fase com a saída de Francisco Ferreira, teclista e um dos membros fundadores. Vão sempre continuar próximos como irmãos, os Capitão Fausto passam a ser um quarteto em estúdio, embora os espetáculos ao vivo contem com músicos convidados para encher a experiência em palco. Os desafios pessoais e profissionais levaram a estas mudanças. Com Subida Infinita, gravado no novo estúdio da banda em Alvalade, os Capitão Fausto voltam a explorar temas profundos e universais. Este regresso não é apenas um disco, é também uma celebração de dez anos desde o lançamento do álbum de estreia.

O título do álbum não é casual. Além de ser o nome de uma faixa instrumental composta por Manuel Palha há alguns anos, Subida Infinita tornou-se um fio condutor para o projeto. A canção, já tocada ao vivo em outras ocasiões, acabou por simbolizar o processo de criação do disco e inspirar musicalmente todo o disco. Embora não tenha sido o ponto de partida para o álbum, a “Subida Infinita” serviu como uma cola para juntar todos os temas. A continuidade e evolução tornaram-se uma companhia para o que a banda está a viver: um constante movimento e adaptando-se às mudanças.

Os Capitão Fausto mantêm o hábito de começar os álbuns com retiros criativos e pensativos, onde compõem juntos, quase sem ideias bem planeadas. Para Subida Infinita, o retiro foi numa adega em Cadima, em janeiro de 2021, onde também gravaram parte do álbum Pesar o Sol. O disco é também marcado pelo sentimento nómada, já que foi concebido em vários locais antes de encontrar um lar no novo estúdio da banda. A saída de Francisco Ferreira marcou profundamente a banda, tanto pessoal quanto criativamente. Apesar do choque inicial, houve tempo para preparar uma mudança cuidadosa. Não foi uma saída com um ponto final drástico. O Francisco quis terminar o álbum com a banda, o que moldou a forma como o trabalho saiu. A despedida ajudou a banda a encontrar novas formas de colaboração e expressões que nunca tinham sido sentidas nem usadas. A ausência de Francisco nos concertos foi reformulada nos espetáculos ao vivo, que agora contam com mais dois músicos convidados. Uma oportunidade de transformação aos concertos e de experimentar outros formatos.

Os Capitão Fausto sempre rejeitaram a ideia de seguir fórmulas fixas, preferindo tentar novas direções a cada disco. Subida Infinita marca uma evolução em termos de som, com silêncios, jogos instrumentais e elementos acústicos. Cada álbum é um reflexo do momento em que é criado, Subida Infinita diferencia-se pela atenção aos detalhes. Para os Capitão Fausto, o futuro é tão imprevisível quanto emocionante. Com a digressão de Subida Infinita a conquistar os fãs antes mesmo do lançamento oficial do álbum, a banda continua a mostrar a sua capacidade de reinvenção. Este disco não é apenas mais um, é uma promessa de continuidade e evolução. A “subida” dos Capitão Fausto é, afinal, infinita — e a banda parece mais do que preparada para enfrentar as curvas e desafios que vão surgir no caminho.

Paulo Perdiz/MS

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