Carolina Deslandes: Uma História de Sucesso e Luta por Convicções
Carolina Deslandes, uma das vozes mais conhecidas da música portuguesa atual, tem feito um caminho marcado por sucessos, desafios e uma constante reinvenção. Nascida a 27 de agosto de 1991, em Lisboa, Carolina revelou desde cedo um profundo fascínio pelas letras e palavras. Foi na adolescência que começou a compor as primeiras canções, dando início a um caminho que a levaria ao estrelato e à afirmação da sua identidade artística.
O primeiro grande salto na sua carreira ocorreu aos 18 anos, quando ainda era aluna de Línguas e Literatura. Carolina participou no programa de talentos os Ídolos, em 2010, uma experiência que, segundo ela, teve um caráter ilusório, dada a magnitude e o impacto que o programa tinha na época. “Os talentos têm esta coisa ilusória de que tudo é muito grande”, afirmou. Apesar da visibilidade dada pelo programa, Carolina logo percebeu que havia um estigma associado aos artistas que emergiam de concursos de talentos, levando-a a sentir a necessidade de provar o seu valor ainda mais intensamente.
Após o Ídolos, Carolina lançou o primeiro álbum em 2012, mas foi com o lançamento do álbum “Casa”, em 2018, que atingiu um novo patamar de reconhecimento. O álbum entrou diretamente para o primeiro lugar do top nacional de vendas, e o single “A Vida Toda” tornou-se um dos temas mais ouvidos no Spotify em Portugal, sendo inclusive reconhecido como single de ouro. “Casa” marcou uma viragem na carreira de Carolina, consolidando-a como uma das principais artistas da sua geração. Ao longo dos anos, Carolina acumulou uma série de prêmios, incluindo um Grammy Latino na categoria de Melhor Vídeo de Longa Duração e um Globo de Ouro por Melhor Atuação no Coliseu dos Recreios. O sucesso de singles como “A Vida Toda” e “Por Um Triz” — esta última levada ao Festival da Canção em 2021 — reforçou ainda mais sua presença na cena musical portuguesa.
Em 2023, Carolina lançou o álbum duplo “Caos e Calma”, um projeto ambicioso que reflete a sua visão artística única. “Decidi lançar um disco duplo numa altura em que já ninguém ouve discos, porque acredito que a música e a arte têm de ser um bocadinho superiores à tendência”, afirmou. Para ela, a criação de música é uma missão maior, que transcende as modas e o imediato da indústria. Carolina vê nos artistas como Chico Buarque um exemplo de dedicação à criação de uma obra sólida e duradoura, algo que ela também deseja para a sua carreira. Além da sua contribuição musical, Carolina Deslandes é uma figura pública que não hesita em se posicionar sobre questões sociais. Feminista assumida e mãe de três filhos, ela tem usado as suas plataformas digitais para combater injustiças e promover a aceitação e o respeito pelo outro.
Nas redes sociais e nos concertos, Carolina aborda temas que vão além do amor romântico, como questões relacionadas ao corpo, aparência e a resistência contra críticas direcionadas às mulheres. “Eu sinto que, das duas uma, ou isso me assustava e eu calava-me, ou eu tinha que ser resistência. E eu decidi tornar-me resistência”, declarou. O ano de 2024 trouxe mais uma conquista significativa para Carolina: a realização de um sonho de infância em cantar no palco Mundo do Rock in Rio Lisboa. Desde os 12 anos, Carolina alimentava o desejo de cantar nesse palco, e finalmente, aos 32 anos, concretizou essa ambição, fechando mais um capítulo importante na sua carreira.
A artista, que continua a lançar novos temas e a explorar diferentes formas de expressão musical, prepara-se para mais um grande desafio: o projeto “Eu e Ele nos Coliseus”, ao lado do seu ex-companheiro e pai dos seus três filhos. Este projeto promete trazer ao público as canções que marcaram os últimos nove anos das suas vidas, oferecendo uma nova perspectiva sobre a relação entre música, vida pessoal e arte. Carolina Deslandes, com a sua voz inconfundível e presença, continua a escrever história na música portuguesa, não apenas como uma cantora e compositora de sucesso, mas como uma voz ativa e resistente, que luta por causas em que acredita e que, acima de tudo, permanece fiel à sua arte e às suas convicções.
Paulo Perdiz/MS
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