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ALCIONE: A rainha que nunca vai deixar o samba morrer

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A rainha do samba junta-se ao público que conquistou no mundo ao longo do tempo para celebrar 50 anos de carreira. Com um percurso musical que regista êxitos desde há cinco décadas Marrom, nome como é carinhosamente apelidada, não deixa que as origens ganhem pó ou fiquem esquecidas pela fama e jamais vai deixar o samba morrer.

Alcione, é um privilégio estar a falar com uma diva. Qual é a sensação de 50 anos de carreira?
Olha, em primeiro lugar também é um prazer estar a falar com vocês… 50 anos de carreira. Foi uma viagem boa, que eu fiz na minha vida, cantando por tudo quanto é lugar, todas as coisas que eu sempre quis cantar e sempre em contacto com o público que sempre me deixou maravilhada com tudo. Eu sou uma pessoa feliz porque eu vivo daquilo que eu faço.

Ficou algo por fazer no passado que ainda está a tempo de fazer?
Acho que não. Eu fiz. Eu posso não ter feito todas as coisas, mas fiz todas as coisas que eu sei.

Como é que uma mulher cantava samba nos anos 70?
Era muito difícil. A primeira cantora que quebrou esse tabu foi Clara Nunes, que chegou a vender 300.000 discos e, depois dela, Maria Bethânia vendeu 1 milhão de discos. Eu também ia vendendo 500.000, mas a Clara Nunes foi quem quebrou esse tabu. A mulher não vendia discos no Brasil. Depois melhorou tudo. O samba também teve dificuldades, sempre foi muito perseguido. Se o arroz estava caro ou o feijão, a culpa era do samba. Mas o samba conseguiu quebrar também essas barreiras. E está aí. Ele sempre foi responsável pela maior festa popular daquele país. Tinha de estar num lugar especial.

E o Little Club foi o responsável pela Alcione ter este sucesso todo? É também a Meca, onde nasceu a Bossa Nova.
É verdade, aquele lugar é muito importante na vida de um cantor que passasse por ali. Havia muitos cantores, não é? Ali passou Dolores Duran… muita gente importante. O clube tinha uma base boa.

75 foi um ano muito especial para Alcione, porque lançou o seu primeiro disco.
Meu primeiro LP, meu primeiro disco com a sorte de ter gravado Não Deixe o Samba Morrer, O Surdo, músicas que praticamente levantaram a minha carreira…a minha vida.

Alcione canta aquilo que as pessoas sentem?
Eu tenho certeza de que sim, porque eu só gravo aquilo que eu sei que as pessoas vão gostar. Eu gosto de cantar aquilo que me emociona. Com certeza. As pessoas, as coisas que levam. Um sentimento particular para todas as pessoas.

As pessoas… como é que seguiram a sua diferença temática dentro do estilo? Os fãs aprovaram sempre a sua mudança?
Sempre aprovaram e sempre gostaram. Quando eu canto alguma coisa diferente – se eu vou cantar um bolero, se eu vou cantar em uma balada, se eu canto samba, se eu canto um tango, até isso eles gostam. Gostam de me ouvir cantar.

E como é que é a relação com Portugal?
Ah, eu sempre tive uma relação boa com Portugal. Desde que eu vim aqui pela primeira vez, eu tive a sorte de cantar no Coliseu, com a Mariza. E eu tive a sorte de cantar no mesmo dia que ela. Tive a sorte de conhecê-la. Enfim, é Portugal – um lugar que sempre me recebeu com muito carinho, como se eu fosse daqui. Eu já me acho daqui né?

O samba continua vivo? Cada dia se renova?
O samba continua vivo porque é a música daquele país, é a música que vem na vida do brasileiro, que está na veia do brasileiro, qualquer um, até o de chupeta. Se você vê na quadra da Mangueira, ele sambando pequenininho com a chupeta na boca, é uma coisa que vem, está no sangue.

Ao fim de todos estes anos, continua a traçar planos para manter os sonhos de sempre?
Sempre. Eu sempre gostei de concretizar meus sonhos e o das pessoas que estão comigo.

Alcione nunca vai deixar o samba morrer?
Não posso. Eu vim nessa terra para cantar e para cantar. Depois que gravei uma música dessa imortal como Não deixe o Samba Morrer, eu não posso deixar o samba.
Uma mensagem para a comunidade portuguesa e brasileira que nos lê.
Quero dizer a vocês que eu estou aqui para todos vocês. Quero agradecer muito por todo esse calor e esse carinho que eu sempre recebi da comunidade brasileira e portuguesa, porque é por isso que eu existo. É por isso que eu canto e é por isso que eu vou continuar cantando.
Obrigado, grande diva Alcione, por este pequeno privilégio de estar aqui à conversa consigo.
Muito obrigado a você também.

Paulo Perdiz/MS

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