Ambiente

Terra Viva – Rios – As Artérias da Terra

Se considerarmos a água como o sangue da vida na Terra, os rios serão as suas artérias.

Os grandes fluxos de água doce, que fluem pela superfície da Terra, movimentam-se principalmente graças à gravidade. As suas nascentes podem ser de águas de chuvas, de degelos ou de fontes de águas subterrâneas emergentes. Por vezes identificar a nascente de um rio é tarefa difícil, quando muitas pequenas nascentes, fontes, riachos ou ribeiras se vão juntando, serpenteando por entre as rugas da Terra, deixamos de ter certezas sobre o sítio onde podemos dizer que começa determinado rio. Geralmente considera-se a nascente do rio, aquela que mais longe se encontra da foz ou aquela em que o manancial de água é maior à partida. Como uma teia, ou rede viva, todos os pequenos cursos de água vão confluindo, juntando-se para fazerem parte de um corpo maior.

Os rios ao longo dos seus percursos em direção a oceanos, mares, lagos, outros rios ou até desaparecerem engolidos novamente pela terra, não são só fluxos de água essencial à vida; arrastando sedimentos, matéria orgânica, animais, plantas, sementes, nutrientes, servindo de vias de deslocação a peixes, insetos, répteis e outros animais, servindo de habitats a milhões de diversos seres, os rios são dos expoentes máximos de promoção de vida. Além de tudo o exposto, e ainda assim incompleto, os rios são também reguladores de clima, de humidade do ar, dos solos nas suas margens e imediações, e escultores da paisagem.

Para o Homem, os rios estiveram na sua vida desde o alvorecer da sua existência. Desde as pequenas comunidades primitivas de hominídeos, dependentes dos rios para a sua alimentação, proteção, higiene e habitação, até às antigas grandes civilizações como o Antigo Egito ou Mesopotâmia.

Nos mais antigos escritos e histórias surge a referência do rio que nascia no Éden e se dividia em quatro outros rios, de seus nomes Tigre, Eufrates, Ghion e Pison. Dos dois primeiros sabemos ainda hoje a sua localização, exatamente por isso essa zona se chamava Mesopotâmia – terra entre rios.

Percebendo o Homem a importância dos rios, não é por acaso que estes estão em todo o imaginário, tradições religiosas e rituais. Desde os rios do Paraíso, passando pelo batismo cristão ou a purificação procurada no Ganges pelas diversas religiões do subcontinente Indiano, eles estão presentes como fontes de vida, energia e libertação.

Os rios servem o Homem em milhentas coisas: para definir fronteiras, como vias de transporte, usar energia dos seus fluxos para moer cereais e produzir energia elétrica, água para beber e regar e, infelizmente, para se desfazer dos seus lixos e efluentes poluídos.

Percebendo a importância que os rios têm para a nossa existência e da vida na Terra com certeza teremos atitudes e sensibilidades diferentes quando pretendermos tirar partido deles.

A poluição nos rios aliada às alterações climáticas, também elas resultado de ações humanas inconscientes, podem comprometer a vida de milhões de seres.

Quando despejamos algo num rio, quando atiramos lixo num rio, quando alteramos o seu curso, quando usamos egoisticamente a sua água não pensando naqueles que precisam dela mais abaixo, quando criamos barreiras intransponíveis a animais que dependem do rio para migrar, estamos a destruir-nos a nós próprios.

Se num dia quente de verão queremos continuar a mergulhar nas águas frescas de um rio translúcido de montanha e desfrutar da sua energia retemperadora da alma, só o poderemos conseguir respeitando e admirando a natureza.

Paulo Gil Cardoso

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